Enquanto escrevo estas linhas o centro do país está a arder às mãos de um fogo maldito que nos roubou mais de 60 pessoas. Portugal está de luto. Eu estou de luto. Muitas centenas de portugueses estão de coração destroçado. Roubaram-lhes a mãe, o irmão, o filho, a prima, o marido, a vizinha, o namorado ou o amigo. Hoje choro por todos e com todos. A natureza que nos alimenta a alma é, por vezes, madrasta. E prega-nos partidas muito feias.
Hoje estão no terreno mais de um milhar e meio de heróis a combater as chamas. A proteger a nossa vida, os nossos bens, os nossos animais. São pessoas fora de série que dão o seu suor e lágrimas por todos nós. E até a vida. O bombeiro Gonçalo Conceição deu-a por uma família encurralada num carro. Não conseguiu salvar nenhuma vida. Nem a dele.
Este é um texto triste que exprime a tristeza de quem o escreve. Portugal vai sentir a falta da Bianca e da sua mãe. Do Miguel e da Ana Mafalda e dos seus filhos António e Joaquim. Do pequeno Rodrigo e do Sidel. Do Afonso, da Fátima, do Jaime, do Sérgio e do Martim. De todos os que nos foram levados pelo maldito fogo de Pedrógão Grande.
Este é o tempo de chorar os que foram e de apoiar os que cá estão a sofrer. Amanhã é tempo de exigir que a força da natureza seja, definitivamente, levada a sério.