Nacional 2 com Alma (Parte 2)

Luís Baião // Setembro 24, 2020
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Começar na bela cidade transmontana de Chaves, passando pelo esplendoroso Douro, respirar as montanhas das beiras com o deslumbro das planícies alentejanas e finalizar no mar algarvio é simplesmente genial. Uma experiência única ao longo de 9 dias a percorrer a mítica Nacional 2 com Alma.

Percorrer a Estrada Nacional 2 (EN2) ao longo de 9 dias foi algo mágico e indescritível. Para nós colocar o pé na estrada não é novidade. 

De 02 a 10 de Setembro, a Nacional 2 com Alma foi o propósito. De Chaves a Faro, a “Zeninha”, a furgão transformada em casa com glamour, a nossa Gipsy Caravan Hippie Chic estava feliz para nos acolher em mais uma viagem com alma. Durante esta  viagem pernoitamos sempre dentro da nossa Zeninha Caravan em locais de puro encantamento da alma. Uma aventura para conhecer gentes, recantos ocultos e a alma de Portugal. Uma aventura cheia de amor que conto agora para inspirar outros aventureiros desta pérola portuguesa.

Conhecemos várias zonas do nosso país. Sabíamos que passaríamos por locais que nos iam deslumbrar pelo seu encanto. E assim foi. Tantos e tantos locais deixaram de manter o anonimato e entraram nos nossos corações. 

Percorrer a Estrada Nacional 2 é encontrar uma rota histórica e é fazer parte do património português.

Portugal é mesmo um pequeno paraíso plantado à beira mar. Um país cheio de riqueza e diversidade. Riqueza de histórias, de gentes, de valores, de tradições, de paisagens, de trilhos e de memórias. Foram mais de 700 kms pela terceira maior estrada do mundo, a nossa EN2, que encanta qualquer um que se permita percorrê-la.

Ponto de partida: Chaves

Fomos de véspera para esta terra mágica que é Chaves porque estávamos ansiosos por colocar o pé na estrada e por rever os muitos amigos nesta linda cidade.

Chaves faz fronteira com Espanha e possui um incrível legado histórico e cultural, muito marcado pelos vestígios do domínio romano, como podemos comprovar pelo seu nome original que era Aquae Flaviae, da altura em que Tito Favius passou por lá. A história do nome atual – Chaves – vem de uma lenda em que o amor supera todas as faltas e que envolve as águas termais e duas chaves. É uma linda história de amor, que espero que investiguem e que fiquem tão encantados como eu fiquei.

Chaves recebeu-nos de braços abertos, confirmando que a fama de por lá habitar gente hospitaleira é verdadeira e merecida.

A entrega dos “Passaportes Oficiais” para a EN2 foi efetuada pelas mãos do Sr. José Maria, um elemento da Junta Freguesia de Santa Maria Maior, com todo o carinho. 

Várias foram as pessoas que nos vieram cumprimentar e agradecer por mostrar a cidade e nos lembrarmos de mostrar a EN2 ao nosso olhar.

As nossas “binas”, ou bicicletas se preferirem, estiveram connosco nesta viagem e ainda bem, pois lá colocamos o pé no pedal e conhecemos uma parte da incrível cidade de Chaves sobre duas rodas. Demos uma volta na ciclovia da cidade ao pôr do sol. Foram 12 km de pura magia sempre acompanhados por amigos que tanto nos acarinharam. 

Aqui fica o relato da “Nacional 2 com Alma”:

Dia 1: Chaves – Vidago

Oficialmente, visitamos a cidade de Chaves. A rua direita (que como os nossos amigos dizem é torta), mas em que outrora foi o coração da cidade. A fortaleza e à sua linda Torre de Menagem, que se mantém a marcar toda a sua história. Passamos na Ponte de Trajano, a mais emblemática ponte da cidade, agora pedonal e que nos dá uma visão sobre o rio Tâmega e a cidade muito particular. Esta é mais um dos vestígios romanos da cidade. Ainda hoje cumpre a sua função original, que era a de ligar os diferentes bairros, agora freguesias, de Santa Maria Maior e Madalena. Este é um local cheio de histórias e lendas. 

Por falar em ouvir, um dos cinco sentidos, bem ali perto existe primeiro percurso pedestre homologado acessível (PR11), inclusivo e sensorial de Portugal, intitulado de “Margem dos Sentidos”. Experimentamos tudo e validamos que assim é. O marco que sinaliza quilómetro 0 da “route 66” portuguesa está na lendária cidade de Chaves, na freguesia da Madalena. É daqui que começa a nossa grande viagem por Portugal, de Chaves até ao Algarve.

Toda esta é uma zona de montanhas rica em águas termais. Assim como Chaves, Vidago foi uma paragem obrigatória. Aqui reina um charme que nos faz viajar no tempo até à Belle Époque, como é exemplo as Termas de Vidago. Paragem obrigatória. É daqui a nossa água gaseificada favorita, a água Campilho. Fomos visitar o local onde a água brota e é engarrafada. 

Em Vidago não temos apenas água, podemos visitar a Santa Eugénia, conhecida como a Justa. 

Um pouco mais abaixo, está a Casa Museu João Vieira, um tributo a este pintor e que em todas as suas obras tentou passar uma mensagem. Adorei a visita. Mergulhamos de tal forma que nem damos conta do tempo passar.

Estivemos sempre muito bem acompanhados por amigos. As varandas dos edifícios de Chaves são lindas, não deixem de levantar a cabeça e apreciar a beleza das varandas 

O almoço foi num restaurante típico da cidade e jantamos pelas ruas de Chaves, sempre com a Lua Cheia como companhia. Foi uma noite fantástica. 

Obrigada a todos pelo carinho e dedicação com que nos mostraram a vossa terra. Ficamos convencidos de que vale a pena visitar Chaves e Vidago.

Dia 2: Chaves – Chaves / Vidago – Vila Real

Acordámos ainda em Chaves, na nossa Zeninha, no meio da natureza. Logo nos fizemos à estrada e percebemos que a EN2 é muito mais do que uma estrada. É a representação viva dos costumes e tradições portugueses. São quilómetros de património, de cultura, de paisagens arrebatadoras.

Pedras Salgadas é simplesmente genial e paragem obrigatória para visitar e colocar o carimbo no Passaporte Rota da EN2. Outro dos pontos a carimbar no passaporte é Vila Real, uma das cidades mais belas e antigas de Trás-os-Montes. Muitas vezes  denominada princesa do Corgo, devido ao rio que a percorre, nela há também um vasto património, histórico e natural, para ser explorado.

Visitámos o Miradouro de São Leonardo de Galafura que, na realidade, já pertence a um dos destinos seguintes, o Peso da Régua, e tem uma das vistas mais privilegiadas do Douro. Miguel Torga era apaixonado por este local, as nossas amigas que nos guiaram também, pelo que fizemos um desvio de 25 minutos para conhecer estas maravilhas de Portugal. Miguel Torga gostava tanto deste local que até escreveu um poema em sua homenagem, intitulado “São Leonardo da Galafura”, que se pode ler no local, pois está gravado num pequeno mural em azulejo.

O almoço foi na EN2, no típico restaurante Chaxoila. Seguimos para um local com mais de um século de história e tradição, a Quinta do Beijo, que nasceu dos antigos “Armazéns do Calvário”. 

A Quinta do Beijo, situada em Celeirós do Douro, é uma grande família de sorrisos rasgados onde todos contribuem para que aquele lugar continue a manter o estatuto de uma quinta familiar em pleno coração do Douro, Património Mundial da Humanidade. Foi uma visita super esclarecedora e saborosa. Provamos pela primeira vez um Vinho do Porto com 78 anos e ficamos todos com a sensação que foi a primeira vez que provamos um verdadeiro Porto.

No caminho de regresso a Vila Real paramos em São Martinho de Anta, a terra de Miguel Torga, e fomos conhecer o espaço criado e dedicado a este grande escritor transmontano.

O “Espaço Miguel Torga” tem como objetivo principal a divulgação da obra deste grande escritor. O edifício é muito bonito e é de autoria de Eduardo Souto Moura. Aqui realiza-se também uma atividade cultural diversificada que inclui concertos musicais, representações teatrais, exposições de artes plásticas e visuais, apresentações de livros, festivais literários, recitais de poesia, entre outras.

Palácio de Mateus é uma paragem obrigatória. Esta obra da primeira metade do séc. XVIII, de Nicolau Nasoni, é considerado um dos expoentes máximos da arquitetura civil do barroco em Portugal. E vale mesmo a pena visitar! Nós que adoramos estar em contacto com a natureza, ficamos deslumbrados por tão belo edifício estar rodeado de um lindo jardim, com horta e tudo. 

Terminamos o dia com um jantar em casa da Dulce. Uma surpresa que nos sensibilizou bastante. As nossas queridas amigas convidaram também família e amigos e surpreenderam-nos com receitas do livro “Sabores do viajante”, da autoria da Daniela Ricardo. Simplesmente mágico este jantar com vista para a serra do Marão. E lá fomos nós deitarmo-nos  de coração cheio num local junto da natureza. 

Dia 3: Vila Real – Viseu

Acordámos na nossa Zeninha no parque de Vila Real Corgo, os passadiços que o envolvem e a água que corre leva a mais um sorriso logo ao acordar. Após a nossa caminhada pela natureza fomos até ao centro da cidade provar os famosos Pitos, Cristas e Ganchas. Seguimos caminho entre montanhas recortadas com as vinhas que nos levaram numa viagem histórica do belo que existe na natureza com harmonia do homem. 

Descemos até à Régua e aqui colocámos mais um carimbo no nosso passaporte da Nacional 2. Como conhecemos bem estas bandas não deixamos de fazer uma pequena saída e fazer uma das mais belas estradas do mundo, Régua – Pinhão. Foi sobre as margens que almoçamos uma refeição divina preparada pela Daniela e sorrimos no glamour que por aqui existe. 

Retomámos a Nacional 2 depois deste pequeno desvio. A vida fica mais bela quando não se leva toda a direito. Existem desvios que acrescentam ingredientes fantásticos ao nosso ser. Não se esquecer que por vezes fazer desvios é surpreendermo-nos na vida.

Fomos direitos a Lamego. Linda a cidade, mas aquela subida à senhora dos remédios umas das maravilhas de Portugal, ficou somente no olhar, como já a conhecíamos  ficámos somente a contemplar toda a beleza. Quem nunca o fez aconselhamos vivamente aventurar-se até ao topo como numa peregrinação. Deliciámos-nos com as alterações de paisagens, aldeias, gentes e muito mais. 

Já em Viseu fomos surpreendidos pelos meus pais que se aventuraram desde a sua aldeia em Mação e vieram até Viseu mimar o filho e a nora com umas massagens.  Jantámos com amigos, nossos anfitriões de Viseu, que respiram esta cidade pelos seus poros e nos guiaram noite e dia. 

Dia 4: Viseu – Penacova

Pernoitámos realmente num local mágico e fomos brindados com um nascer do sol lindo e único. 

A Cava de Viriato, em Viseu, é considerado um monumento nacional desde 1910. É na realidade uma fortaleza construída em terra batida, rodeada por um fosso, da qual se tem muitas dúvidas a quem atribuir a autoria. Uma coisa é certa, não foi o famoso Viriato apesar das crenças populares nos levarem a ter essa ideia. 

Ainda em Viseu, visitamos a Sé, o jardim das mães e a Casa da Ribeira. Existem muitos locais mágicos, interessantes e culturais para visitar em Viseu. 

Como os meus pais nos surpreenderam no dia anterior, neste dia a surpresa foi para eles. Tiramos parte do dia para passear com eles. Fomos até São Pedro do Sul, visitar a zona termal e no caminho parámos na Quinta da Comenda, que é de um querido amigo, o Ângelo, para nos abastecermos de produtos frescos biológicos. Mas, a verdadeira surpresa foi levar a minha mãe a visitar o lugar onde nasceu, uma pequena aldeia na Serra do Caramulo, no concelho Alcofra, chamada Cabo de Vila. A aldeia está muito bem conservada e até tem um ponto turístico de interesse, a Torre de Alcofra. Também eu viajei no tempo ao recordar as visitas aos meus avós maternos, ao recordar os rios, as hortas e os animais que ajudava a tratar. 

Atravessámos a montanha do Caramulo e os meus pais seguiram para casa deles, enquanto nós retomámos a nossa icónica EN2 com alma. Passámos em Tondela, Santa Comba Dão e terminámos em Penacova, onde nos aguardava uma cidade presépio, que nos convidou a pernoitar. Dormimos na nossa Zeninha num local fabuloso no cimo da montanha.

Dia 5: Penacova – Abrantes

Dormimos sobre o presépio de Penacova. Acordar entre montanhas com o rio a fluir sobre o vale é simplesmente mágico e indescritível. É assim Penacova, terra encantada de rios e ribeiras, miradouros encantadores e penedos de tirar a respiração, de moinhos e azenhas, de vento e água.

Sentimos o nascer da Vila e as suas gentes entre os vales. Retomámos de novo a estrada e para carimbar, mais uma vez, os nossos passaportes desta vez em Vila Nova Poiares. 

Góis foi o destino que escolhemos para nos refrescarmos nas águas cristalinas de uma das praias fluviais que mais adoro.

Góis é “rasgado” pelo Vale do Rio Ceira, sendo delimitado e separado da Beira Serra Interior pelas Serras da Lousã e Açor.

Continuámos viagem até Pedrógão Grande. Esta vila tem nos seus arredores Castanheira de Pera, Figueiró dos Vinhos que se tornam símbolos da proteção do território e maravilhas a visitar.

Aqui cada vez mais sentimo-nos mais perto da nossa aldeia, onde decidimos viver no concelho de Mação. Passámos nos concelhos vizinhos da Sertã, Vila do Rei, Sardoal e Abrantes.

Claro que na Sertã a ponte romana foi o sentir da nossa história e continuámos a descer para ir ao centro de Portugal, o centro geodésico onde já estive tantas vezes e do qual nunca me canso. 

No Sardoal fomos brindados com um final de tarde mágico, um pôr-do-sol simplesmente genial junto da Igreja Matriz.

Quem passar por Vila do Rei aconselhamos que faça a rota alternativa que leva ao Penedo Furado, uma das maravilhas pelos seus passadiços e rochedos que nos faz caminhar pelas cascatas ao longo do rio. Uma pérola de Vila do Rei imperdível. Esta alternativa continua directo ao Sardoal pelas montanhas e volta a apanhar a Nacional 2 mais à frente. Deixo esta sugestão porque fazer pela IP não tem interesse nenhum. É uma dica de quem já conhece bem a zona.

Dormimos em Abrantes sobre o rio, a avistar o Castelo. O presépio mais uma vez montado para nós. Cozinhámos o jantar à beira rio e caminhámos sobre o Tejo nos seus passadiços pela noite. Simplesmente mágico. 

Dia 6: Abrantes – Montemor-o-Novo – Alcácer do Sal

Despertámos cedo prontos para continuar viagem rumo a Sul. Em Abrantes, a última localidade a norte do rio Tejo, podem subir ao castelo para admirar a paisagem vasta que abrange grande parte do rio e se estende pela Beira Baixa, Alentejo e Ribatejo. Confesso que não explorámos muito Abrantes, nesta viagem pois é um local que vamos com frequência. Mas vale a pena percorrer as ruas da zona histórica, sentar num miradouro ou passear nas margens do rio.

A viagem continuou, agora a sul do Tejo. Ponte Sôr e um pouco mais depois encontramos a barragem de Montargil. Repleta de uma beleza inigualável devido à suas águas bem azuis, esta magnífica albufeira foi lugar ideal para fazer uma pausa, relaxar e almoçar na nossa Zeninha com vistas privilegiadas.

O Alentejo que é uma região de planícies a perder de vista e tradições marcadas, algumas das quais foram elevadas à categoria de Património da Humanidade como o Cante alentejano ou a manufactura de chocalhos. Passámos em Mora e aqui é imperdível o Museu Interativo do Megalitismo, que tem como missão valorizar e divulgar o património megalítico do Concelho de Mora e manter a memória histórico-cultural do seu povo. Aqui a arqueologia é quase sinónimo de megalitismo, onde antas, sepulturas proto megalíticas, menires e conjuntos de menires são parte integrante da identidade paisagística desta zona.

Montemor-o-Novo. Nesta vila é possível desfrutar da típica tranquilidade que se vive na região alentejana e ainda conhecer algumas relíquias históricas, como o Castelo de Montemor. Reza a lenda de que terá sido nesta fortaleza que se delineou a Travessia Marítima para a Índia de Vasco da Gama. Hoje, já não temos o castelo na íntegra, mas o que resta dele faz-nos viajar no tempo. Montemor-o-Novo é também palco de vestígios da ocupação paleolítica e neolítica. Não fomos revisitar a Gruta Escoural nem ao Cromeleque dos Almendres, pois tínhamos outros planos. Mas, se puderem façam-no. O nosso plano foi, uma vez que íamos passar o concelho de Alcácer, fizemos um desvio, de 20 minutos, para conhecer uma herdade 100% biológica, sustentável e com ecoturismo de um grande amigo. 

Cucumbi passou a fazer parte do nosso roteiro. Aproveitámos para relaxar, assistir a um lindo pôr-do-sol e refrescar na linda charca no meio da natureza.

Jantámos nas planícies sob as estrelas e dormimos entre chaparros e ovelhas. 

Dia 7: Abrantes – Alcácer do Sal – Montemor-o-Novo – São Brás de Alportel

Acordar com o som das planícies alentejanas e caminhar para dar comidinha às burrinhas Beringela e Courgette fez o meu ser sorrir dentro e fora. Tivemos milhões de estrelas como companhia durante a noite, no silêncio desta planície, em que a natureza e toda a sua vida animal fala por nós.

Felizes e contentes, retomámos a Nacional 2 com alma. Circular nesta estrada por terras alentejanas mostra-nos a simplicidade da vida.

Torrão é uma localidade típica alentejana, onde entrámos na junta de freguesia para colocar o famoso carimbo. Aqui tudo estava num ritmo muito lento e autêntico, característicos destas gentes fabulosas pela sua simplicidade. Aqui respira-se o ritmo alentejano. Almoçámos e partimos para Ferreira do Alentejo, a vila que é conhecida como a capital do azeite. 

Ervidel foi o destino seguinte que nos levou às suas adegas, lagares e museus. A paisagem sobre a albufeira do Roxo é a perder de vista e a presença desta enorme e bela massa de água quase nos faz esquecer que nos encontravámos em pleno Baixo Alentejo, tradicionalmente de clima quente e seco e de estiagem longa.

Seguimos viagem e Castro Verde foi paragem seguinte. A vasta paisagem desarborizada do “Campo Branco” é certamente uma das mais impressionantes de Portugal. 

O Alentejo ficou para trás e entrámos em plena serra Algarvia que é simplesmente mágica. Uma vez na vida todos deveriam ir até Serra do Caldeirão e perceber o que falo.

A vila que nos esperava era São Brás de Alportel. Cheira a Algarve tradicional e foi nesta bela vila que pernoitámos.

Dia 8: São Brás de Alportel – Serra do Caldeirão (Loulé)

Acordar em São Brás de Alportel, com vista para a serra, é pura magia. Aqui sentimos como Portugal é uma imensidão incrível!

O Algarve é pura magia entre mar e serra e São Brás de Alportel é, precisamente, uma pequena pérola entre o mar e a serra. Aqui caminhámos pela vila e visitámos a Casa Museu da Estrada Nacional 2. Este museu abriu recentemente, mas é imperdível! Vale mesmo a pena visitá-lo para percebermos como toda a Nacional 2 foi feita e toda a dedicação na construção da mesma. O próprio museu é numa casa que servia de apoio aos canteiros, onde guardavam as ferramentas e onde ficava o escritório do chefe. 

Felizes contentes saímos da vila e regressámos para a montanha. Almoçámos em plena Serra do Caldeirão e fizemos uma massagem simplesmente genial no monte da Portela, uma estadia em plena serra. Ao final do dia ainda fomos surpreendidos com a subida até a uma Stupa Budista Tibetana, situada na Serra do Caldeirão, que tem umas vistas fantásticas e onde se pode apreciar o silêncio. É um local incrível. 

A noite caiu e descemos pela serra. Dormimos na nossa Zeninha com a natureza a proteger-nos.

Dia 9: Serra do Caldeirão (Loulé) – Faro – Ilha da Culatra

Acordámos com o nascer do sol no alto da Serra do Caldeirão. Por lá tomámos o nosso pequeno-almoço e descemos a serra. Fomos em direcção a Faro pela Nacional 2, atravessando a serra em direcção ao mar. 

Depois de 738 km percorridos ao longo de 9 dias pela Nacional 2 chegámos ao fim desta nossa viagem com alma. Mas, como para nós não existe fim, mas, sim, princípio a cada momento fomos explorar a cidade de Faro e arredores. Resolvemos deixar a Zeninha a avistar o mar em Faro e pegámos nas nossas binas para circularmos pela zona histórica da capital algarvia.

E, como gostamos sempre de mais e mais, seguimos 9 km até Olhão. O Mercado de Olhão é simplesmente fantástico e imperdível.

Acompanhados pelo mestre Manel Da Culatra, seguimos entre mar e terra rumo à ilha da Culatra. Todos vocês podem fazer esta visita cheia de alma. Sentir a apanha da ameixa, da ostra e as gentes que entram dos canais circulando nesta ria mágica é uma experiência para a alma.

Regressámos a Faro nas nossas binas e felizes de tantas coisas para contar, mas tanta coisa para viver. O final do dia sentia-se em com aquela luz que adoro. A Zeninha esperava por nós e ainda fomos até à Praia Verde brindar e celebrar com uma amiga que nos recebeu com tanto carinho. Esta ponta do Algarve tem muitos locais interessantes e belos. Saímos com um sorriso já era noite serrada e pernoitámos em Cacela Velha para ver mais um nascer do sol no dia seguinte. 

Cacela Velha é uma aldeia localizada numa elevação arenítica em frente à Ria Formosa e ao mar, de onde se descortina uma das mais belas panorâmicas do sotavento algarvio. A nossa aventura pela Nacional 2 acabou oficialmente aqui. 

Fizemos, sem dúvida, uma viagem com alma, que nos desvendou em muitos locais a alma da nossa cultura, a alma das gentes, a alma do nosso Portugal mais profundo e mais puro. A Nacional 2 é uma autêntica viagem interior e exterior. Para nós, esta aventura foi um autêntico privilégio.

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