Muda de vida

Ana Caetano // Novembro 16, 2019
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“Muda de vida se tu não vives satisfeito

Muda de vida, estás sempre a tempo de mudar

Muda de vida, não deves viver contrafeito

Muda de vida, se há vida em ti a latejar”

Há músicas que são hinos, “abre-olhos” ou viagens no tempo. Esta do António Variações consegue ser tudo. 

O pedido de mudança é o principal motivo para se procurar um profissional de psicologia.

Uma relação tóxica, um vício, um emprego não satisfatório, a perda de alguém, um estado emocional que nos deixa desconfortáveis. Além disso somos cada vez mais incentivados a sair da zona de conforto, a arriscarmos e a pensarmos fora da caixa. Ou seja, mesmo que estejamos confortáveis/bem/acomodados, a mudança também é espicaçada. E ainda temos a máxima budista que considera a mudança como o estado mais permanente no universo. Recusar a mudança pode ser visto como estupidez, masoquismo e/ou preguiça. Assim, urge mudar e fazer diferente!

Sem dúvida que às vezes é imperioso mudar, principalmente quando comprometemos a nossa saúde física e psicológica. Contudo, devemos evitar uma mudança só pela mudança, sem uma observação cuidadosa. Como em tanta coisa que nos rodeia, a virtude está a meio. O Dr. Dan Siegel propõe um modelo  interessante para nos guiarmos no “rio da vida”. 

Cada margem deste rio tem algo muito importante para o nosso desenvolvimento: numa das margens encontramos o Caos e na outra Rigidez. 

A mudança é um dos símbolos máximos de caos.

Avançamos para a novidade e não sabemos o que nos espera. Potenciamos novas rotinas, formas de estar, comunidades, aprendizagens… muito bom, enriquecedor e revigorante, mas não podemos permanecer indefinidamente neste caos. 

Precisamos de estabilidade para organizar o novo.

Priorizar os valores aprendidos, descansar e contemplar o caminho feito e, daí, extrair sabedoria. Então aproximamo-nos da outra margem, onde a estabilidade e as certezas nos esperam. Mas, também aqui há um momento em que temos de abandonar o conforto… a estabilidade pode terminar em estagnação. E, eis-nos no porto de embarque para nova mudança. Assim, a mudança tem de ser observada, planeada, refletida. 

A mudança tem de ser observada, planeada, refletida.

Não deve ser entendida como um ato impulsivo, que acontece num momento, ligando um interruptor. A mudança pode começar interiormente e depois de reunidas as condições é que acontece no exterior (a mudança de carreira, por exemplo). Outras vezes a mudança acontece fora e temos de nos forçar a aceitá-la (a perda de alguém importante, por exemplo). Estamos a falar de um processo, com fases e desenvolvimentos. Encarar a mudança apenas de forma radical, afasta os mais avessos à mudança, porque isso lhes é contranatura e o melhor é mesmo cerrar os dentes e aguentar seja o que for. Também pode desiludir os mais atrevidos que após mudarem de emprego, penteado ou guarda-roupa, não sentem assim nada de tão diferente. Fica a questão…

Como podemos identificar se o momento é ou não de mudança?

Recomendo como bússola a relação que estabelecemos com esse grande desconhecido que convive 24 horas por dia connosco: nós mesmos. E assim, o autoconhecimento torna-se a chave de tudo.

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