O intestino humano é habitado, naturalmente, por milhões de bactérias, mas nem sempre é assim. Na verdade, quando um bebé nasce o seu intestino é estéril, ou seja, não tem nenhum tipo de microorganismo. No entanto, vai adquirindo-os de forma progressiva, através do contacto com o meio ambiente e, como é lógico, todo esse processo vai reflectir-se na forma como o intestino trabalha.
A alimentação e o intestino do bebé
Para além disso, a sua alimentação também varia bastante ao longos dos primeiros meses de vida, o que leva a uma constante adaptação do intestino a novas realidades e, consequentemente, a padrões de funcionamento também diferentes.
Por este motivo, é perfeitamente normal e expectável que as fezes dos bebés variem durante esse período, pelo que é importante conhecer alguns princípios gerais sobre essas mudanças.
As primeiras fezes do bebé chamam-se mecónio e são muito pegajosas e verde-escuras. São compostas por restos celulares e de líquido amniótico e geralmente começam a ser eliminadas nas primeiras 24 horas de vida. Em média mantêm-se assim durante 3-4 dias.
Ao fim desse período, as fezes passam a ter uma cor e consistência diferentes, variando essencialmente consoante o tipo de leite que é dado ao bebé:
Leite materno
Quando um bebé está a ser amamentado em exclusivo, habitualmente as suas fezes são líquidas ou semi-líquidas e apresentam uma espécie de grânulos no seu interior. A sua cor mais comum é amarela, embora possam também ser verdes ou alaranjadas, sem que isso tenha algum significado.
Essa variação de cor é normal e depende, muitas vezes, da própria alimentação da mãe. De um modo geral, no primeiro mês, os bebés têm uma dejecção sempre que mamam (em média 6-7 vezes por dia) e vão reduzindo esse padrão a partir dessa altura.
Leite adaptado
Nestes casos as fezes são mais variáveis. No entanto, costumam ser um pouco mais espessas do que as dos bebés que fazem leite materno em exclusivo, embora não seja frequente serem propriamente duras.
Muitas vezes são mais verdes, podendo também ser amarelas ou alaranjadas. Com este tipo de leite, é habitual os bebés terem menos dejecções durante o dia.
Introdução de novos alimentos
Outro momento que marca uma mudança grande nas fezes dos bebés é a introdução de novos alimentos. A partir dessa altura, é habitual que fiquem mais espessas ou duras e que reduzam a sua frequência. Também o cheiro fica mais desagradável, mais próximo das fezes dos adultos.
A partir deste momento, a variação das fezes vai dever-se, essencialmente, às mudanças alimentares. Assim, um princípio geral é que todos os alimentos ricos em fibras tornam as fezes menos duras e ajudam na sua eliminação, pelo que é um nutriente muito importante de incluir na alimentação de todos os bebés.
3 mitos sobre as fezes do bebé
Posto isto, gostaria apenas de desmistificar alguns mitos, que muitas vezes causam ansiedades desnecessárias aos pais e que importa esclarecer.
Os bebés precisam de ter dejecções todos os dias.
Falso.
Tal como referi acima, a partir do primeiro mês os bebés costumam reduzir a frequência das dejecções. Isto é perfeitamente normal e, se estiverem confortáveis e forem eliminando gases, podem ficar até 4-5 dias sem fazer nada, sem que isso traduza algum significado.
Fezes verdes são normais.
Verdadeiro.
As únicas cores “anormais” para as fezes são o vermelho e o branco, pelo que o verde é perfeitamente aceitável. Não significa que o bebé tem mais cólicas ou dores, nem tão pouco que tenha algum problema.
Fezes duras são normais.
Falso.
A obstipação é um problema de saúde que deve ser orientado, mas que muitas vezes não é devidamente valorizado. Geralmente provoca desconforto, pelo que todos os bebés e crianças que apresentem esta situação devem ser observados.