A menopausa é um processo natural que cada mulher acabará por passar na sua vida. Ao contrário do que a sabedoria comum talvez lhe possa dizer sobre a menopausa, esta é, na realidade, o exato momento no tempo em que uma mulher deixa de ter períodos durante 12 meses seguidos. A fase que antecede a menopausa e em que se começam a sentir sintomas é chamada de perimenopausa, e a que sucede de pós-menopausa. Enquanto que para algumas mulheres esta fase das suas vidas é marcante e difícil, outras simplesmente navegam através dela.
Quais os sintomas associados à menopausa?
Existem mais de 30 sintomas comuns da menopausa, incluindo afrontamentos, suores noturnos, secura vaginal e cansaço extremo. Todos eles são, geralmente, atribuíveis ao declínio natural do estrogénio, que é o ponto mais característico desta fase da vida de uma mulher. Felizmente estes sintomas podem ser controlados através de uma combinação de mudanças no estilo de vida e dieta, assim também como através de tratamentos naturais e médicos.
Porque a menopausa é uma questão de saúde pública?
Existem, pelo menos, três razões pelas quais a menopausa é uma questão de saúde pública. São elas:
1. Existem, pelo menos, 34 sintomas oficialmente associados à menopausa que podem ser facilmente mal diagnosticados ou ignorados devido à falta de pessoal médico especializado.
O que durante muitas décadas tem sido apelidado como crise de meia idade, leva a que, com frequência e inadvertidamente, sejam prescritos às mulheres antidepressivos. Isto acontece porque existe falta de pessoal médico devidamente educado, informado e atualizado sobre a menopausa. Conforme corroborado por Fernanda Grealdes, ginecóloga e, então, presidente da Secção de Menopausa da Sociedade Portuguesa de Ginecologia (SPG) ao DN, em 2016, “temos de fazer escola no sentido de os médicos saberem tratar melhor as mulheres na menopausa” já que “um terço da vida da mulher é passado em menopausa” o que equivale, em média, a 17 anos nos quais está ativa no trabalho e na família.
A maioria dos sintomas, muitas vezes, pode ser tratada com Terapia de Substituição Hormonal (TSH) ou mesmo com terapias naturais, permitindo que as mulheres ganhem o controlo sobre os sintomas que possam vir a sofrer. O mais importante é que recuperem o controlo das suas vidas e da qualidade com a qual a podem viver.
O que é a Terapia de Substituição Hormonal (TSH)?
A TSH é uma terapia que, como o nome indica recai sobre a reposição no corpo da mulher das hormonas cujos níveis começarão a baixar devido à cessação da sua produção pelos ovários (maioritariamente estrogénio). Pode-se dizer que esta terapia é controversa, no entanto, apesar dos riscos que poderão estar associados à TSH, existem também muitos benefícios que devem ser considerados com especial atenção, tais como a prevenção do desenvolvimento de doença cardiovascular, que continua a liderar a causa de morte em mulheres em idade pós-menopausa. Como tal, as mulheres devem pesar os seus riscos e benefícios individualmente, e sempre em consulta com um médico especialista, sendo que idealmente o especialista deveria recomendar a administração da menor dose possível de hormonas que possibilite ver um efeito terapêutico. No entanto, alternativamente à TSH existem opções para reduzir o desconforto dos sintomas da menopausa.
2. Os sintomas podem começar 10 ou 15 anos antes da menopausa.
Apesar da idade média em que ocorre a menopausa ser, aproximadamente, aos 51 anos, os sintomas associados podem começar a surgir entre os 35 e os 45 anos. Ou seja, a menopausa merece um especial destaque uma vez que os sintomas podem começar 10 ou 15 anos antes e prolongar-se até 5 a 7 anos depois da menopausa. Por isso é tão importante que gerações mais jovens de mulheres estejam informadas sobre todo o quadro clínico aportado pela menopausa e conhecerem o impacto biológico que isso pode trazer para as suas vidas logo a partir dos 35 anos. Este período é chamado de perimenopausa.
3. A menopausa ainda é um assunto tabu.
A menopausa tem sido um assunto negligenciado quer pelos meios de comunicação social, como no ensino escolar. O tabu em torno deste tópico precisa ser desafiado. Homens e mulheres precisam ser educados sobre o impacto na vida real que isso trará para os seus relacionamentos, para a sua vida familiar, para a sua produtividade no local de trabalho e para a sua vida sexual. Muitos relacionamentos terminam por volta da ‘crise dos 50’ em grande parte por uma grande incompreensão das mudanças físicas e psicológicas que vêm com a menopausa, mas também pelo desconhecimento das opções terapêuticas que estão disponíveis para todas as mulheres.
Sintomas como secura e atrofia vaginal e incontinência urinária são comuns em dois terços das mulheres com mais de 40 anos. E falar sobre estes temas deixa, ainda, muitas mulheres desconfortáveis. Estes são exemplos que demonstram que tem que se dar uma voz digna não só a todos estes tópicos, mas, sim, a todas a mulheres. É importante que todas as mulheres percebam que podem ter o controlo das respectivas vidas de volta, saibam que não têm que sofrer sozinhas nesta fase e que só através da normalização da conversa em torno da menopausa se conseguirá educar toda uma sociedade.