O caminho para o esgotamento é tortuoso, com voltas e reviravoltas, incerto e certo, umas vezes curto outras longo, e, pode ser percorrido por crianças, adolescentes, mulheres, homens, filhos e pais, assalariados, patrões, ricos e pobres.
Um ror de gente e um triste caminho!
Vale a pena perguntar como é que lá se chega e o que lá se encontra.
O caminho é sempre igual: muito trabalho, pouco sono, muitas coisas para fazer, muitos objetivos, muitas atividades. Para ti não há limites.
Que disparate! Como é que uma criança chega a isso!
Hoje em dia, no Portugal tranquilo e solarengo, muitas crianças e adolescentes saem de casa ainda não é dia e chegam já de noite, depois de terem estado na escola, nos centros de estudo, nas actividades extra-escolares.
Aprendem espanhol, inglês, ténis, natação ou equitação, e outras coisas mais. Chegam a casa tarde, porque os pais trabalham também até tarde, jantam às 21h, vêm televisão ou brincam com a play station, o pc e o ipad, trocam mensagens com os amigos no telemóvel ou nas redes sociais e lá para as 11 ou meia noite lá vão finalmente para a cama, de cabeça cheia, para dormirem melhor ou pior e acordarem antes do tempo, lá para as 7, ensonados, irritados, malcriados.
Nos fins de semana há ainda os trabalhos de casa, inúmeros e excessivos.
Continhas feitas trabalham pelo menos 40 horas por semana (muitos chegam às 60 horas ou mais), ou seja, tanto ou mais que o horário oficial de um adulto!!!
Consequências: a prazo estes meninos e meninas ficam cansados, nervosos, com dores de cabeça e queixas de saúde, mas vão aguentando e tendo até boas notas.
Mas quando chegam à Universidade, a surpresa: não são capazes de estudar, não são capazes de se orientar, não são capazes de autonomia. ESTÃO ESGOTADOS de aulas, das atividades, das tecnologias.
Esgotados sim, porque as crianças e jovens, para se prepararem para a vida, precisam de brincar, de ter limites no estudo e ponderação nas atividades extraescolares.
Caiem no paradigma do sucesso, de estarem preparados para a vida.
Mas o que é o esgotamento, a que os de língua inglesa chamam “burn-out”
Primeiro uma ilusão: “Está tudo bem! Não há problema!”. Depois os problemas são indesmentíveis: a irritação, as olheiras, os esquecimentos e lapsos, o adormecer inapropriado. A depressão, carregada de tristeza e vontade de não fazer nada, a fadiga extrema física e mental (Estou desfeito!). Os comportamentos de riscos: o álcool, as drogas, as companhias duvidosas… As discussões na família. O não saber para onde se quer ir. As noites em claro. Os remédios para dormir. Uma enorme tristeza. Uma grande canseira.
O esgotamento!