Sem querer de forma alguma sugestionar-te, não resisto a partilhar que esta meditação é uma das minhas preferidas no que toca a práticas ativas, consigo realmente através dela entrar num estado de profunda leveza, descontração e conexão absoluta com o meu ser e o momento presente.
Como conheci a meditação Mandala de Oslo:
Quando faço esta prática, relembro sempre uma imagem que a torna ainda mais especial para mim. Fiz esta meditação pela primeira vez com o meu guru em Rishikesh, ele guiou esta prática para mim e para o grupo de yoga no final de um dia estafante – acordávamos muito cedo, fazíamos mais de duas horas de yoga por dia, e, por isso, quando chegava aquele final de tarde, já todos nós nos encontrávamos cheios de fome e com muita vontade de parar. Mas, esta meditação transformou completamente essa energia de cansaço, até a fome foi esquecida.
A sala estava escura, com o ambiente perfeito para sentirmos que naquele momento éramos só nós, o nosso corpo e a nossa alma. A voz do professor Sanjiv ajudou-nos a entrar no registo, pois explicou todos os passos com a sua calma, embalando-nos a alma para os vários estágios que a prática inclui. Quando a música mudava, já sabíamos o que tínhamos de fazer, mas mesmo que não nos recordássemos, estava lá a voz do nosso mestre a guiar-nos.
Quando terminei o exercício, recordo-me de ter necessidade de permanecer em silêncio, como se não quisesse nem por um segundo desperdiçar a energia e a paz que se tinham instalado dentro de mim.
Como fazer a Meditação Mandala de Oslo?
Indicações: A meditação Mandala tem a duração total de uma hora (confia em mim, se te entregares, vai parecer muito menos, já guiei esta meditação para grupos e o feedback é sempre o mesmo).
A música em cada fase é uma excelente ajuda para o que precisas de fazer, pois ela guia o teu corpo para obteres a energia certa e os movimentos certos a cada momento.
. Primeiro estágio – 15 minutos: Jogging
O primeiro estágio serve para uma catarse, vai cansar-te, mas é fundamental começares dessa forma para depois conseguires usufruir das fases seguintes.
Neste primeiro momento, os olhos devem estar abertos.
Começa devagar e gradualmente. Sem saíres do sítio, começa a fazer jogging. Depois dos primeiros 5 minutos, começa a acelerar, eleva bem os joelhos – o máximo que conseguires. Nos momentos em que sentires que o teu corpo está a ficar cansado, lembra-te de que nós temos o second wind (segundo vento), e nessa fase faz por acelerar ainda mais, os teus limites estão muito mais à frente do que julgas. Esta é a fase para libertares todas as tensões, stress, cansaço, irritabilidade ou outro tipo de emoções. A música continuará a ajudar-te, enchendo-te de energia para estes 15 minutos que te levarão à catarse. Mas, lembra-te, para atingires esta catarse, precisas de puxar por ti, se houver momentos que sentes que tens de reduzir a velocidade do jogging, reduz, mas nunca pares! Será importante manteres o exercício durante os 15 minutos para levares o teu corpo à descompressão total.
. Segundo estágio – 15 minutos: Mandala/Círculo
Nesta segunda fase, e assim que a música muda, senta-te de olhos fechados.
Neste caso especificamente, seria bom se conseguisses ter as pernas cruzadas (se não te for confortável, adapta às tuas necessidades), para apoiares as mãos nos joelhos de forma a ficares numa postura que te ajude a ter as costas direitas e a rodar o tronco de forma a formar um círculo. Atenção: A ideia não é rodar a cervical. Deves estar com as costas direitas, mãos apoiadas nos joelhos, e vais formando um mandala, um círculo, com o teu tronco, mantendo os teus glúteos bem enraizados ao chão. Conforme a música vai avançando, vai alargando os teus círculos, de forma a trazeres o teu peito para mais perto das pernas, de forma a teres a certeza de que estás a dar oportunidade à tua energia vital subir pelos teus chacras.
Deves ir intercalando o sentido dos teus círculos, não faças sempre para o mesmo lado, vai intercalando no sentido dos ponteiros do relógio e no sentido contrário dos ponteiros do relógio. Este estágio vai fazer com que o centro do umbigo concentre muita energia, uma energia que acabará por começar a subir pela tua coluna vertebral no decorrer do exercício.
Sente o teu corpo leve neste movimento, ele vai girando cada vez mais leve, como se uma onda te ajudasse a ir e a vir. Vai respirando de forma suave e contínua.
Algumas pessoas (foram raras, mas por vezes acontece) dizem que ficam tontas após alguns minutos a fazer este exercício. Se te acontecer, faz uma pausa, é importante que tenhas sempre atenção ao teu corpo e o respeites, cada pessoa é uma pessoa.
. Terceiro estágio – 15 minutos: Os olhos
Nesta terceira fase, e quando a música mudar, vais deitar-te de barriga para cima, com a cabeça apoiada no chão – é importante que mantenhas a cabeça imóvel durante este exercício, pois no decorrer do mesmo o teu foco estará nos olhos.
Foca um ponto no teto, e agora deixa que os teus olhos comecem a girar, como se tu estivesses a seguir um relógio grande, mas lembra-te – é importante ires alternando, não rodes os olhos sempre no mesmo sentido.
Deixa a boca ligeiramente aberta e a mandíbula completamente descontraída, acompanhada de uma respiração suave e contínua. Nesta fase, a energia vai concentrar-se na tua terceira visão – o teu sexto chacra.
Algumas pessoas dizem que adormecem, ou desligam completamente nesta fase, se isso acontecer, deixa ir, há alturas em que efetivamente o corpo precisa de desligar. Se te mantiveres consciente, faz por fazer este exercício até ao fim – mesmo que precises de parar por uns segundos.
. Quarto estágio – 15 minutos: O silêncio
Vais perceber que quando o terceiro estágio acabar, a música acabará também, pois este quarto estágio é de silêncio absoluto, é o momento em que não fazeres qualquer esforço, o momento em que não controlas nada e apenas te deixas ir… Deixa o teu corpo ir, vai saber muito bem deixares-te levar depois de teres sentido uma catarse no primeiro estágio, depois de concentrares a tua energia no segundo e depois de a elevares até à tua cabeça, no terceiro. O quarto estágio será a propagação total, o momento em que as boas vibrações se espalham por cada célula e poro do teu corpo.