Imagine que está a cozinhar.
É o seu momento de relaxamento e, por isso, tem o hábito de acender uma vela e pôr a sua música preferida a tocar. Muitas vezes, até se apanha a dar uns passos de dança enquanto orquestra os ingredientes, que, aos poucos, enchem a cozinha com um cheiro que abre o apetite e prepara o corpo para receber os nutrientes.
De repente, dispara o alarme. Fogo!
O seu coração acelera, a tensão arterial sobe, a respiração é agora rápida e superficial e as mãos ficam húmidas enquanto o olhar procura a causa de tanta preocupação. Entretanto, o seu mood alterou-se. Já não sente aquele sentimento de expansividade e descontração. Aquele alarme levou o seu sistema para um modo de vigilância, de tensão e suspeita. Nem o cheiro da comida lhe parece já agradável.
Quando finalmente se senta à mesa, a comida não lhe sabe bem e nota que está impaciente com a família, que entretanto se tinha aproximado atraída pelo bom cheiro do jantar. Afinal, o alarme ao disparar, alertara o seu sistema de vigilância interior com impacto na fisiologia, na emoção e no estado de espírito.
O impacto foi da “célula à sociabilidade”.
Imagine agora, que esse alarme toca a toda a hora, como se estivesse hipersensível ou sofresse de um curto-circuito e lançasse, por tudo e por nada, o seu sistema num carrossel hormonal e emocional. O que diria se, por exemplo, disparasse cada vez que encontrasse alguém com quem tem que trabalhar diariamente?
E se se tratasse do alarme do seu sistema de vigilância interior?
Adivinhou, é isso mesmo! Fomos raptados pelo alarme interior, sentimo-nos em constante estado de guerra e com o tempo ficamos exaustos, desinteressados ou excessivamente sensíveis aos que nos rodeiam.
Este é um caso extremo. Mas, todas as emoções e estados de espírito têm manifestações fisiológicas que tanto nos dão saúde como nos arrastam para desequilíbrios que podem levar, entre muitos problemas, à doença cardiovascular, obesidade, doenças degenerativas e a todo um leque de sofrimento mental.
Será esta emoção adequada?
As emoções expressam-se através do corpo, levando-nos para configurações posturais, neuro-imuno-hormonais, motivacionais e mentais. Podemos dedicar algum do nosso tempo a desenvolver dentro de nós um observador gentil, capaz de percecionar, sem julgar, estas configurações. É o primeiro passo para não nos identificarmos com a neurofisiologia, mas, sim, com essa capacidade humana de trazer o emocional para o palco da consciência e aí casar a razão com a emoção.
Casar a razão com a emoção
Ficamos, assim, capacitados para detetar mais precocemente as emoções e gerir conscientemente a intensidade e até a qualidade de cada emoção.
Não descuide as emoções. Não as apague e ignore.
Sinta-as no corpo e lide com elas com inteligência. As emoções são a energia da sua ação e direcionam os seus impulsos, mas mal geridas podem dar cabo da sua saúde.