Há uns bons anos, Cristina Leal, uma das autoras do “Livro de Elogios”, fez-me uma visita ao “A Tarde é Sua”, na TVI, para falar deste projecto. Pensado juntamente com Cláudia Fernandes, este é um livro que nasceu da urgência de tratarmos o elogio com o valor que ele verdadeiramente tem.
Estas duas mulheres criaram o “Livro de Elogios”, a partir da tomada de consciência de que, com o passar do tempo, começou-se a confundir aquilo que fazemos, com a pessoa que somos. Passou-se a dar demasiado espaço à crítica não construtiva e a esquecer completamente o elogio, como se fosse dispensável, por ser apressadamente confundido com vaidade.
Elogiar ou não elogiar? Eis a questão…
No fundo parte-se do princípio que, quando elogiamos alguém, estamos a dar a essa pessoa o poder para que depois faça algo menos positivo. Para não correr esse risco, opta-se por não elogiar. E no que toca a nós próprios, também se criou a ideia de que se nos elogiamos, é porque somos convencidos. Esquecem-se que esse auto-elogio, deverá ser a expressão de que reconhecemos o nosso valor e as nossas competências. É que quem não os reconhece, sofre de baixa auto-estima e amor-próprio. Em geral, existe um receio real de reconhecer aquilo que se faz bem e o que se tem de bom, porque os outros interpretam como uma manifestação de ego.
Existe um certo receio em reconhecer aquilo que se faz bem.
Por todos estes motivos, Cristina Leal e Cláudia Fernandes decidiram fazer o “Livro de Elogios”, que pode ser colocado nas empresas, para que as pessoas possam escrever um elogio sempre que assim o entendam. Sempre que formos a um estabelecimento qualquer ou a uma empresa, encontramos um livro de reclamações, mas também deveria existir sempre o livro do elogio.
Normalizar o uso do “Livro de Elogios”.
Pedir o livro de reclamações é considerado normal. Investir algum do nosso tempo para escrever no “Livro de Elogios”, é algo ainda estranho porque não se acha necessário ou útil.
Todas as empresas, todos os estabelecimentos deveriam ter bem visível um livro de elogios.
Todas as empresas, todos os estabelecimentos deveriam ter bem visível um livro de elogios para que as pessoas se habituem a reconhecer o que é bom, o que está bem feito, o que se diferencia pela positiva e a deixar isso escrito. Não só porque tem importância para quem escreve, mas também para quem pertence a essa empresa ou a esse estabelecimento, por ser uma forma de reconhecimento, empoderamento e encorajamento, para que as pessoas procurem fazer ainda melhor e superar-se nos desafios que o seu trabalho vai trazendo.
É preciso pôr em prática o hábito de elogiar e receber elogios.
Eu vou ainda um pouco mais longe, dizendo que gostava que em todas as casas houvesse um livro de elogios. E, mesmo que não existam possibilidades financeiras para adquirir o livro, um bloco ou um caderno também cumprem a função. Basta colocar uma etiqueta e batizá-lo, “O nosso livro de elogios”.
Para quê? Para que dentro das famílias também se crie o hábito de elogiar. Para que os gestos, as atitudes, as palavras diferenciadoras, possam ficar registadas. Um dia, quando forem lidas, elas terão ainda mais valor. No momento em que acontecem podem ser absolutamente diferenciadoras na dinâmica de uma família.
Uma família que está habituada apenas à crítica, não sabe sequer como começar a elogiar, nem por onde! Porém, uma vez que se iniciem nesta prática, rapidamente vão entender que este é um caminho que gera amor e tranquilidade e que é algo que vale a pena ser feito. Um livro do elogio dentro de uma casa, é uma porta aberta a uma comunicação mais capaz e positiva.
O “Livro de Elogios” devia fazer parte de qualquer casa.
E mesmo que viva sozinha/o não deixe de ter o seu livro de elogio em casa. De preferência, bem visível à entrada da casa para que aqueles que a/o visitem, se algum dia sentirem necessidade de deixar algo escrito sobre si, o possam fazer.
Que o elogio esteja em cima das mesas das nossas vidas, para que nos ajude a valorizar quem somos e quem são aqueles que fazem parte da nossa vida e com quem nos cruzamos.
Nota: Fotografia por Verónica Silva