Lições de uma seca prolongada - 10 Ideias para poupar água

Eunice Maia // Fevereiro 27, 2022
Partilhar
água
água

Desde sempre que me lembro de o meu pai ter na cozinha, na banca, um alguidar para aproveitar água (higienização de alimentos, ou águas de cozedura, ou lavagem de loiça);  na casa de banho, na zona do chuveiro, um balde para recolher água do banho; e, fora de casa, depósitos de recolha de águas pluviais em vários pontos. Práticas que vinham de trás, de décadas de uma memória de escassez e de poupança. E que eu tantas vezes, em miúda, achava exageradas e descabidas.

Em que momento perdemos, enquanto sociedade, a consciência de que a água é um um recurso valioso? 

Ou antes, será que com as importantes conquistas do desenvolvimento, por darmos este “ouro azul” como garantido, seguro e de qualidade, jorrando da torneira, deixámos de ter noção do que gastamos, do que desperdiçamos?

A verdade é que enfrentamos, tal como o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) alertara, uma situação de seca que se agrava, sem sinais de mudança. São inegáveis as alterações climáticas e a vulnerabilidade do nosso país, sujeito a fenómenos cada vez mais frequentes, extensos e violentos

A água, como afirmava Johan Rockstrom na sessão ‘The future of humanity on earth’, Nobel Week Dialogue, 2018 ‘Water Matters, “é a vítima número um da mudança climática. Ou porque existe em excesso, ou porque é escassa, e sempre na altura errada”.[1] Importa, por isso, rever o nosso comportamento (coletivo e individual) e começar hoje mesmo a adotar pequenos gestos de poupança hídrica e de redução do seu consumo no dia a dia.

10 ideias para poupar água:

  1. Usar baldes na casa de banho para aproveitar a água que sai do chuveiro enquanto não aquece (pode depois ser reutilizada na cozinha, na limpeza, nas plantas, nas descargas…);
  2. Usar um chuveiro eficiente com redutor de caudal permite passar, em média, de consumo de água de 13 litros por minuto (chuveiros tradicionais) para 6 litros por minuto;
  3. Reduzir o volume de cada descarga de autoclismo: colocar, por exemplo, uma garrafa com água ou outro objeto no depósito, já que 41% do uso doméstico da água acontece no funcionamento das casas de banho e 28% precisamente no autoclismo;
  4. Tomar duches rápidos;
  5. Fechar a torneira enquanto se ensaboa, escova os dentes ou lava a loiça;
  6. Reparar fugas e torneiras a pingar;
  7. Encher com carga máxima a máquina de lavar roupa e de lavar loiça e escolher os programas económicos, que demoram mais tempo, mas poupam água e energia;
  8. Dispensar a pré-lavagem; os programas de lavagem normal são eficazes e suficientemente potentes para deixarem as peças limpas;
  9. Reduzir o consumo de carne é contribuir para mitigar a nossa dependência de água para a produção de alimentos. Os alimentos de origem animal são, entre os vários sistemas de produção de alimentos, os que apresentam uma menor probabilidade de sustentabilidade, sobretudo devido ao seu consumo de energia e de água ao longo de toda a cadeia de produção;
  10. Repensar o nosso consumo em geral. Pensar, na ida às compras, na “água virtual”, referente à água que é utilizada como matéria-prima essencial para a produção de quase tudo o que consumimos e usamos, como alimentos, roupa, automóveis, eletrodomésticos. Por exemplo, um simples café envolve o gasto de 140 litros de água; para confecionar apenas uma t-shirt, são necessários 2700 litros de água; um par de calças de ganga implica o gasto de 11 mil litros de água.

Em torno da água – Sugestões para toda a família:

– “Água – Uma exposição sem filtro”

água

Exposição no Pavilhão do Conhecimento, para visitar até setembro 2022, sobre o direito básico a água potável. Ciência e tecnologia cruzam-se, num registo lúdico, cativante e consciente, convidando-nos a experimentar e a descobrir as múltiplas facetas da disponibilidade e uso deste bem essencial. 

– “O rapaz que prendeu o vento”

O filme ‘O rapaz que prendeu o vento’, de 2019, é baseado na história verídica de William Kamkwamba. A ação desenrola-se em Masitala, no Malawi, numa comunidade rural dependente da agricultura para a sua subsistência. Aos 14 anos, William tem de abandonar os estudos porque um mau ano agrícola trouxe a fome à sua vila, já fragilizada pela pobreza. Durante o tempo de afastamento da educação formal, encontra refúgio na biblioteca, onde descobre o livro ‘Using Energy’, um compêndio sobre turbinas que o inspira a construir de um moinho de vento de 12 metros, para apanhar o vento e produzir energia, de forma a puxar água subterrânea e regar as culturas, garantindo assim alimento.


[1] Citado em O uso da água em Portugal –  Olhar, compreender e actuar com os protagonistas chave, Fundação Calouste Gulbenkian, C- The Consumer Intelligence Lab, projecto de conhecimento Return On Ideas, Março 2020

Ler mais

Social Media

Copyright © 2023 Simply Flow. Todos os direitos reservados.

Este site utiliza cookies para melhorar a sua experiência. Aceitar Saber mais