Dentro de todas as mulheres habita um lado profundo, misterioso, inteiro e ainda intacto. Um lado que sussurra sempre que se está atenta, uma força arquetípica com raízes extensas e de uma sabedoria ancestral. Um lado que foi reprimido, oprimido e desvalorizado durante décadas, por valores patriarcais. Esse lado é o lado da Mulher Selvagem que continua à espera que todas as mulheres o procurem, reencontrem, resgatem e libertem.
Soterradas pelas tarefas profissionais e familiares, num piloto automático sem “botão de STOP”, a mulher moderna perdeu a ligação à sua natureza selvagem. Agora, para a poder reencontrar e libertar, deverá fazer um longo caminho, muitas vezes solitário, sombrio e árido. É o caminho de regresso a casa, ao húmus, à alma, a quem se É verdadeiramente. E só pode ser feito através de um autoconhecimento profundo de si mesma, pautado por muita auto-compaixão e humanidade.
Reencontrar e libertar a Mulher Selvagem é ligar-se ao lado mais instintivo, que fareja e intui, e ousa seguir o coração, mesmo que todos não concordem.
É conectar-se ao corpo e aos ciclos, onde habita a alma, e escutar os ritmos da Terra.
É reencontrar as forças que a habitam e buscar os recursos mais íntimos.
É dominar o silêncio, escutar as suas emoções e reconhecer os seus limites e sombras.
É acolher as suas dores não se deixando intimidar pelas suas feridas. É pedir ajuda e resgatar a sua força na vulnerabilidade.
Libertar a Mulher Selvagem é despertar o lado criativo e fazer florescer a vida. É acariciar o seu próprio corpo e sentir a textura da sua pele. É vivenciar o prazer da sua sexualidade sem culpa e habitar o corpo com confiança e integridade.
É buscar relacionamentos significativos, profundos e saudáveis e saber quando ir embora e quando ficar.
É não ficar enclausurada num emprego ou num estado de espírito pequeno demais para a sua dimensão.
É ser ceifadora e criadora da sua própria vida, independentemente do que a sociedade lhe diz. É carregar as cicatrizes da vida e seguir orgulhosa da mulher que é.
É cultivar a sua observadora interna e trazer o sagrado à vida mundana. É entrar num mercado, como entra num mosteiro. É dar e receber e saber que merece.
É deixar o controlo e confiar que a Vida lhe traz o que necessita. É render-se à Vida, morrer e renascer quantas vezes forem precisas, para viver com a leveza e a humildade do seu coração.
É honrar a sua origem e estar ao serviço da humanidade. É reverenciar a Vida e religar-se diariamente. É amar-se e sentir profundamente no seu corpo, na sua alma e no seu coração.
É libertar-se e apenas Ser e isso está em vias de extinção.
Por isso, mulher “faz-te ao caminho”!
Olha para dentro e liberta a tua Mulher Selvagem, pois ela é essencial para a tua saúde mental e espiritual. Sem ela corres o risco de cair num vazio e num cansaço, onde tudo perde o sentido… Até o de viver.