Resolvi escrever sobre tema porque me custa perceber, que em pleno século XXI, ainda exista gente homofóbica. Aceitar homofóbicos, está fora de questão.
Homofobia em 2019? Como é possível?
Vi a reportagem “Convertidos”, da jornalista da TVI Ana Leal, sobre práticas desenvolvidas por uma psicóloga e um padre, para converter pessoas homossexuais em heterossexuais. Qualquer pessoa minimamente informada sabe que isto não faz qualquer sentido. Mesmo que fiquemos apenas pelo campo científico, esta ideia absurda cai por terra. Em alguns fóruns médicos refere-se cada vez mais que na orientação homossexual, há uma componente biológica. E, mesmo que não houvesse, para mim nada alteraria o meu respeito pela orientação sexual de cada um, seja ela qual for.
Aceitar homofóbicos, está fora de questão.
As pessoas não são de primeira ou segunda qualidade, ou valor, de acordo com as suas orientações sexuais. As pessoas são simplesmente pessoas. As pessoas não podem ser vistas como saudáveis mentalmente e emocionalmente, se forem heterossexuais e desequilibradas, se forem homossexuais. Dizer que uma pessoa que sente atração por alguém do mesmo sexo, afastada da “tentação”, acaba por perder essa vontade, é uma coisa inqualificável.
Eu orgulho-me dos meus amigos homossexuais e assumo a relação fortíssima que tenho com alguns deles.
Pessoas maravilhosas que procuram na sua vida pôr em prática aquilo que Jesus nos ensinou e que um bom católico deve ter: tolerância, respeito, aceitação. E, porque é que refiro aqui os católicos, quando na verdade estas premissas são válidas para qualquer religião? Porque nessa reportagem o meu nome é referido, a propósito de uma convidada que tive no programa “A Tarde é Sua”. Uma mãe que descobre que o filho, a viver na Alemanha, é homossexual e faz filmes pornograficos, a par da sua profissão como informático. Esta mãe começa por renegar este filho, ofendendo-o, insultando-o e revolta-se profundamente. O filho corta relações com a mãe. Só que esta mãe decide estudar tudo o que encontra sobre a homossexualidade e o mundo em que o seu filho se movimenta. Ela quer percebe-lo. E, quando adoece, em consequência desta dor da ausência do filho, ele telefona-lhe e convida-a a ir à Alemanha. Ela vai e percebe quem é o filho, que a trata como uma rainha, apresentando os colegas de trabalho e os amigos. O filho continua a ser aquela pessoa especial, querido e respeitado por todos. Quando regressa a Portugal decide escolher o filho e deixar para trás o preconceito e as ideias dos outros. O amor incondicional desta mãe, tocou-me muito.
Voltando a reportagem da Ana Leal, o meu nome é referido por uma psicóloga, que, tendo visto esta entrevista, diz que eu sou uma pessoa mal orientada e confusa. E, porquê? Porque faço peregrinações e aceito homossexuais. Como se as duas coisas fossem incompatíveis.
Ser capaz de amar apesar das diferenças sejam elas quais forem e das escolhas que faça.
Tendo eu nascido numa família católica praticante, com um tio sacerdote, sei muito bem o que é ser um bom católico. Relembro: é aceitar o outro como é, ser capaz de o amar apesar das diferenças sejam elas quais forem e das escolhas que faça. E, creio que estou certa que é, exactamente, o que o Papa Francisco mais tem dito nas suas homilias, desde que assumiu o papel de maior responsabilidade na Igreja Católica. Assim sendo, peregrino para viver a minha fé, melhorar-me como pessoa e ultrapassar os meus desafios. Continuarei a peregrinar enquanto o meu coração de católica o pedir, nesta minha vontade imensa de esbater fronteiras, aproximar pessoas e ajudar os outros a perceber uma frase que digo muitas vezes: vimos todos do mesmo lado e vamos todos para o mesmo lado. Não há diferenças. E, isto sim é honrar a religião católica.
Nota: Fotografia por Verónica Silva.