Hiperatividade e défice de atenção - As mandalas podem ajudar?

Maria Ferreira // Maio 2, 2023
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hiperatividade
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Lembro-me de iniciar o meu percurso como professora e de ter um ou outro aluno diagnosticado com perturbação de hiperatividade e défice de atenção (PHDA). Hoje estes diagnósticos aumentaram e há um sem número de crianças e jovens que apresentam dificuldades de atenção e de concentração, em especial no que diz respeito à atenção prolongada e à capacidade de concluir tarefas. É um facto inquestionável. 

Cada vez mais crianças e jovens são diagnosticados com défice de atenção e hiperatividade.

Excesso de estímulos, dirão uns, falta de interesse, dirão outros… Não obstante, todos concordamos que é um problema dos dias de hoje, que afeta as nossas crianças e, por isso, urge continuar a tomar atitudes concretas no sentido de ajudar a colmatar estas dificuldades.

O défice de atenção e a hiperatividade levam a situações de inquietude, de constantes mudanças de humor, levam à incapacidade de lidar com o stress, ao esquecimento, entre tantos outros. Isto deixa a pessoa com PHDA desconfortável e, muitas vezes, deslocada dos seus ambientes escolares e/ou familiares. Por isso, uma criança ou jovem com PHDA requer da parte dos educadores, dos professores e da família uma atenção diferenciada, no sentido de ver compreendidas as suas inquietações e as suas dificuldades. E por isso é necessária a prática de exercícios que os levem a estar mais no momento presente, no aqui e no agora, e a sentirem-se mais capazes de lidar com as suas emoções e inquietações. É neste contexto que venho falar de mandalas, pois acredito que a meditação ativa com mandalas seja um destes exercícios.

A prática da pintura de mandalas em crianças e jovens com hiperatividade e défice de atenção.

Construção e pintura de Mandalas: eis uma atividade simples, gratuita, eficaz e ao mesmo tempo tão profunda, que acredito poder ser um complemento ao acompanhamento médico nos casos de hiperatividade e défice de atenção. 

Para as crianças é muito simples pegar num caderno e num lápis e rabiscar. Se repararmos, isto é algo que fazem quando se distraem e estão “centradas” nelas mesmas. A maior parte destes “rabiscos”, feitos de forma “inconsciente”, acabam por fazer lembrar desenhos geométricos, ou seja, mandalas. 

Existem já alguns estudos (em especial no Brasil), que nos mostram que crianças expostas durante meses a desenhar mandalas melhoraram a sua concentração e capacidade de atenção. 

Já Jung (para mim, o pai das mandalas no ocidente) usava a linguagem expressiva ou artística como parte do tratamento psicoterapêutico nos seus pacientes. Para ele, a criatividade é uma função psíquica natural com função estruturante e a arte pode e deve ser usada como componente de “cura”.

Eu acredito que, através da arteterapia, e em especial através das mandalas, haja vários ganhos no que diz respeito a esta problemática. As mandalas têm um papel importante como auxiliar no tratamento do TDAH, tanto em crianças, como em jovens ou adultos. O aumento da sua autoestima é muito significativo e o processo de autoconhecimento também, quer ao nível das suas qualidades, quer das suas dificuldades.

O desenho e/ou pintura de mandalas permite: 

  • potencializar a capacidade cognitiva, aumentar a concentração e a atenção; 
  • melhorar o controlo do corpo, nomeadamente, ao nível da motricidade fina, que se traduzirá numa melhoria na capacidade de escrita, de desenho e/ou de manipular objetos;
  • desenvolver a paciência, uma vez que se trata de um trabalho minucioso;
  • estimular o poder criativo e a imaginação;
  • ajudar na formação da inteligência e do raciocínio;
  • baixar os níveis de stress e de ansiedade.

Porque não experimentar com a sua criança ou jovem?

Se o seu filho é mais medroso, mais acelerado, mais agressivo ou tem alguns problemas ao nível da motricidade, as mandalas podem promover um estado de relaxamento que o vai ajudar a transformar as experiências mais traumáticas, os seus medos e as tensões, ajudando-o a desenvolver a sua autoestima.

Se o seu filho, por outro lado, for mais calmo, mais apático ou mais “desligado”, as mandalas vão trazer uma energia extra para o espevitar e alegrar, quer através das cores, quer através da própria geometria do desenho.

Prepare então o seu momento para desenvolver atividades com mandalas com as suas crianças ou jovens:

  • Escolha um momento do dia em que este esteja mais predisposto para a concentração;
  • Procure um local mais silencioso e harmonioso para a atividade com as mandalas;
  • Procure já ter preparados os materiais que vão utilizar;
  • Faça algumas pausas que possam ser necessárias;
  • Evite ter por perto elementos que sejam foco de distração;
  • Reforce e valorize tudo o que a criança/jovem faz com a mandala. Tudo está certo, tal e qual como eles sentem e fazem.

Dicas de como fazer diferentes tipos de Mandalas:

  • Podem fazer mandalas em papel, com tintas, lápis de cor ou marcadores;
  • Podem fazer mandalas em tela com aguarelas, acrílicas ou outras;
  • Podem fazer mandalas em pedras com a técnica do pontilhismo;
  • Podem fazer mandalas na natureza com folhas, galhos, grãos de alimentos…;
  • Podem fazer mandalas com material reciclado, como tampinhas de garrafas;
  • Podem fazer mandalas humanas, usando o corpo, em especial braços e mãos para criar verdadeiras mandalas.

Dê asas à imaginação. 

Em qualquer atividade, use sempre a imaginação e dê às suas crianças e jovens aquilo que lhes trará mais prazer e mais conexão para que se libertem da pressão, do stress e até da ansiedade da consciência de ter PHDA. E porque não aproveitar essa energia boa e criar também as suas próprias mandalas com eles? 

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