A razão mais comum que as pessoas utilizam para justificarem não cuidarem de si, é a falta de tempo. Terá tempo depois, quando estiver cansado e sem capacidade de dar resposta aos treinos? Ou com níveis elevados de irritabilidade e sem energia? Sem bons ritmos de sono e sem capacidade de estar atento numa reunião? Quando, por alguns segundos, não foi o medalhado?
Todos estes aspectos podem ser atenuados com uma simples mudança comportamental: o consumo regular e diário de líquidos, essencialmente água.
São sobejamente conhecidas as complicações médicas que resultam da desidratação. Mas, estudos científicos recentes, demonstram uma relação directa entre desidratação leve e défice cognitivo e energético, na capacidade da memória e de aprendizagem, no estado de alerta, no raciocínio e na concentração. Para além disso, um estudo publicado no British Journal of Nutrition, comprova uma relação directa, também, entre desidratação e variação dos estados de humor, assim como nos maiores níveis de ansiedade e irritabilidade. No que se refere ao desporto, a desidratação leve traduz-se em menor capacidade de reacção e impulsão, menor velocidade e maior fadiga.
Na prática, a desidratação leve traduz-se em menor rendimento físico e mental.
Entende-se por desidratação leve uma perda de peso média de 1% do peso corporal total. Ou seja, para um indivíduo com 60Kg, desidratação leve será a perda de 0,6 L (600ml) de água. O que, por exemplo, num dia quente, acontece facilmente.
Infelizmente, a sede é o indicador mais comum para o impulso de beber. Só que muitas vezes chega tarde demais para evitar muitos dos efeitos prejudiciais da desidratação. A sensação de sede em média aparece quando há 1 a 2 % de desidratação, tendo já um impacto na mente e no corpo.Uma forma prática de avaliar o estado de hidratação, poderá ser através da monitorização da cor da urina. Esta deverá ser bastante clara e transparente.
É importante definir uma estratégia personalizada de hidratação.
Muitos atletas iniciam a prática de exercício já num estado leve de desidratação. Durante o exercício bebem menos quantidade do que as perdas através do suor. Outros pelo contrário, bebem demasiado líquidos e atingem um estado de hiponatremia, ou seja, concentração anormalmente baixa de sódio no sangue. Os atletas devem, portanto, avaliar as suas perdas hídricas e definir uma estratégia personalizada de hidratação, que considere vários factores, nomeadamente o exercício físico, a temperatura ambiente e as necessidades individuais. Para além disso, devem considerar as necessidades de eletrólitos, tipo de fluidos e substratos. Deverá ser dado maior ênfase no pré, durante e após exercício.
Em suma: “Os efeitos adversos da desidratação afectam qualquer pessoa, estar hidratado é tão importante para quem passa o dia inteiro sentado numa secretária, como para o maratonista que pode atingir perdas de 8% do peso corporal total em água”, Lawrence E. Armstrong
As directrizes para a população em geral, rondam os 8 copos de água diários, cerca de 2 litros. No entanto, tal como para os atletas, é aconselhável definir um plano individual de hidratação.