Cláudia Morais, psicóloga e terapeuta familiar, é das pessoas que mais gosto de ouvir e ler sobre relações amorosas. No seu livro “Os 25 hábitos dos casais felizes”, defende que não há relações perfeitas. O que existe são relações felizes e duradouras. Não podia estar mais de acordo. O livro revela 25 hábitos, que podem melhorar a relação conjugal. Todos são importantes. Deixo aqui um breve resumo de cada um.
Hábito número um – Procuram constantemente algo positivo no comportamento do outro.
Uma das características dos casais felizes é a busca constante de algo positivo no comportamento do outro, aquilo a que a autora chama de “caça ao tesouro”. Pelo contrário, os casais infelizes estão sempre à caça de erros, falhas e comportamentos que possam ser criticados. Os casais felizes discutem! Mas, discutem de forma diferente da dos casais em crise. Não se limitam a lançar um número interminável de acusações. Procuram explicar o que sentem, perceber o que o outro sente e respondem com afeto. Os casais felizes riem muito em conjunto e vão fazendo escolhas que não só lhes permitam ter a certeza de que querem continuar juntos como os fazem sonhar, a dois, com o que ainda está para vir. Cláudia Morais diz: “… se eu tivesse de resumir numa frase o segredo para o sucesso de uma relação diria: a vontade de fazer o outro feliz.” Por isso um dos hábitos dos casais felizes é apoiarem-se mutuamente na concretização de sonhos. Lutam juntos para que as ambições de cada um se concretizem. Às vezes há um que parece “apagar-se” para que o outro brilhe. Noutras alturas os papéis invertem-se. Repare que todos os problemas parecem mais simples quando sentimos que para a pessoa que está ao nosso lado não há nada mais importante do que ver-nos felizes.
Hábito número dois – Incentivam-se em momentos de dúvida.
Um é o balão de oxigénio do outro e, perante os medos, há sempre palavras do tipo “tu consegues”. Se já esteve numa posição de insegurança e ao seu lado teve alguém a dizer cem vezes “és capaz”, conhece a sensação. O seu amor é, provavelmente, a pessoa que melhor o conhece e está empenhado em ajudá-lo a desenvolver todo o seu potencial. Pode ser um novo desafio profissional, um problema familiar ou um projecto de melhoramento pessoal. Quando uma pessoa gosta de nós acredita que somos capazes e é provável que nos convença também.
Hábito número três – Elogiam-se.
Já reparou que os casais mais felizes se elogiam mutuamente – de forma sincera, sem gabarolice – na presença de outras? Reconhecer as qualidades das pessoas de quem gostamos e destacá-las em público não é vaidade nem graxa. Se há um elemento do casal que é criticado, o outro sai em sua defesa, perante a família, amigos e/ou colegas de trabalho.
Hábito número quatro – Treinam o optimismo.
Há quanto tempo não faz um rasgado elogio, daqueles que funcionam como balões de oxigénio para dias menos bons? Se der por si a pensar: “Mas, não há nada para elogiar…”, isso é distracção. Se estiver constantemente à procura das falhas de comportamento do seu companheiro – que também existem, claro – isso é meio caminho para que se sinta mais distante do seu amor. É que lá no fundo ele é o mesmo e também precisa de incentivo. A inexistência desses elogios é o equivalente a ignorar esforços da pessoa que você ama. Quando nos calamos e assumimos que o mais-que-tudo não fez mais do que a sua obrigação, estamos progressivamente a abrir espaço para a distância e para a insatisfação.
Hábito número cinco – Queixam-se nas alturas de aparente desconexão.
As pessoas não são todas iguais. É possível que lhe tenha calhado alguém que não esteja habituado a distribuir elogios com facilidade. Talvez dê por si a pensar que “no princípio não era assim…”, mas o melhor é não dramatizar. Não comece a pensar que o seu amor já não é seu fã número um ou que deixou de querer investir na relação. É importante demonstrar o quanto é importante para si esse reconhecimento. Dê-lhe tempo para reflectir sobre a sua queixa e lembre-se de elogiar os elogios dele. Se quiser que o seu amor valorize as suas queixas, o melhor é valorizar os seus esforços, até os mais pequeninos. Fale do que estiver a sentir, vai quase de certeza ser capaz de o tranquilizar e é provável que voltem a sentir-se tão ligados como gostariam e você terá o seu fã de volta.
Hábito número seis – Dizem com frequência “Gosto de ti”.
Quando o marido diz que gosta das curvas da mulher, das pernas tonificadas ou das maminhas jeitosas, o mais provável é que esteja a ser sincero. Isso mostra que se sente atraído pela mulher, fá-la sentir-se mais segura e confiante. Às vezes estes elogios podem até contrariar a imagem que a mulher tem de si mesma. Estas palavras elogiosas – desde que sejam sinceras – contribuem para que duas pessoas se sintam ligadas. Toda a gente gosta de se sentir desejada e a manifestação clara da atracção que um sente pelo outro é uma boa forma de promover essa sensação.
Hábito número sete – Reconhecem a importância do toque.
Quanto menos gestos de afecto houver, maior será a distância afectiva. Uma pessoa pode gostar muito da outra, passar algum tempo sem ter relações sexuais e o casamento sobreviver a esses períodos. Mas, quando um casal já não se toca, quando não se beijam nem trocam carícias, algo está verdadeiramente mal. Porque o toque não é só a linguagem dos namorados de quinze anos. Os casais felizes sabem que é através do toque, dos beijinhos, das carícias e dos abraços que se mostra o quanto se gosta de alguém. É através do toque – mais do que através de palavras – que dizemos “gosto de ti”. É através do toque que nos ligamos, que criamos laços afectivos. É por isso que nenhuma relação amorosa está segura se não houver miminhos com regularidade.
Hábito número oito – Cuidam de si fisicamente (e incentivam-se mutuamente a fazê-lo).
Numa relação feliz, a atracção física mantém-se ao longo do tempo. As pessoas gostam do que vêm e quando não gostam dizem aquilo que pensam. Sentem-se suficientemente confiantes para expor o seu desagrado e incentivarem-se mutuamente. Ficar calado, conter a insatisfação, é desistir. Desistir da relação, desistir do companheiro.
Hábito número nove – Conversam sobre o que não os atrai.
Você pode dizer que a honestidade é a melhor coisa do mundo, mas a verdade é que ninguém gosta de receber uma crítica negativa. Nenhuma mulher está preparada para ouvir “Estás gorda” ou “Desleixaste-te”. Nenhum homem se sente seguro depois de ouvir “Gostava mais quando não tinhas esses pneus”. Uma coisa é encarar o espelho, a balança ou as peças de roupa que vão encolhendo. Outra coisa é ouvir estas coisas da boca da pessoa que ama. Deparar-se com a avaliação negativa do mais-que-tudo é um murro no estômago. Pense no que está disposto(a) a fazer para resgatar a atracção física do seu companheiro (a). É a si que compete dar a força e motivação para que ele (a) não desespere. O plano deve ser definido pelos dois. Lembre-se que, para os casais felizes, o problema de um passa a ser do casal.
Hábito número dez – Tomam iniciativa de agradar.
Um dos maiores desafios de uma relação de longa duração diz respeito à inovação. Toda a gente gosta de novidade. A monotonia é o maior flagelo para qualquer relação amorosa. Há muito boa gente que desistiu de querer agradar, de querer seduzir e que se convenceu de que o casamento pode ser para sempre sem que seja preciso nenhum esforço. Numa relação segura e feliz, as olheiras fazem parte do pacote. Mas, há uma tentativa genuína de agradar, de surpreender e, claro, de seduzir a pessoa amada. Isso pode querer dizer reservar algum tempo para praticar desporto e manter a forma física. Ir ao cabeleireiro ou vestir uma peça de roupa diferente.
Hábito número onze – Têm uma vida sexual activa.
Estar com a pessoa por quem estamos apaixonados não é um favor, é uma bênção. Fazer amor com ela não é um sacrifício, é a melhor coisa do mundo! Os casais felizes fazem sexo regularmente. O regularmente não implica uma periodicidade específica. Aquilo que é bom para uns pode não ser para outros. O sexo é importante para uma relação amorosa. Não é exactamente o melhor barómetro de felicidade porque há alturas de maior proximidade e outras de maior afastamento. Os casais felizes não têm dúvidas em assumir que o sexo é uma parte fundamental das suas vidas, mas… não é “O” mais importante.
Hábito número doze – Perguntam “Como foi o teu dia?”.
Perguntar “como foi o teu dia, querido (a)?” e tentar responder com entrega, ajuda o casal a gerir o stresse que é provocado pelos factores externos à relação e promove a sensação de ligação.
Hábito número treze – Lembram-se de que são um casal mesmo quando não estão juntos.
Os casais felizes acarinham a relação com regularidade. Há gestos que não custam quase nada, mas são pequenos mimos, pequenas formas de continuar a agradar, mostrando que se está atento. Às vezes aparecem sob forma de presente, mas também podem não ter nada a ver com isso.
Hábito número catorze – Conhecem-se bem.
Os casais felizes conhecem-se (mesmo muito) bem. Não se esquivam à intimidade, não inventam máscaras, não têm duas caras. Revelam-se, correm riscos, entregam-se.
Hábito número quinze – Zangam-se.
Os casais mais preocupantes são aqueles que nunca discutem. Não há duas pessoas iguais e não há nenhum casal que esteja sempre em sintonia. Somos humanos, falhamos, desiludimos aqueles de quem mais gostamos e… é saudável que nos zanguemos por isso.
Hábito número dezasseis – Têm cuidado com os “venenos” da comunicação.
Há coisas às quais não se pode fechar os olhos e os casais felizes sabem disso. Eles precisam de se queixar, precisam de deitar cá para fora aquilo que os incomoda, precisam de se sentir ouvidos e precisam, sobretudo, de perceber que o mais-que-tudo está disposto a mudar as coisas em nome da relação. Mas, fazem-no com cuidado. Queixam-se em vez de atacar. Criticam o comportamento e não a pessoa.
Hábito número dezassete – Dizem o que precisam.
Os casais felizes aceitam a pessoa de quem gostam e, mesmo, sabendo que não é perfeita, toleram os seus defeitos. Adaptam-se. É possível estarmos atentos aos pedidos das pessoas que amamos, é possível mostrarmo-nos receptivos às suas queixas e é positivo que aprendamos a queixar-nos.
Hábito número dezoito – Riem dos disparates.
A vida a dois não é sempre cor-de-rosa… Há muitos períodos cinzentos, há demasiados assuntos difíceis para gerir. E, os casais felizes também sabem disso. Mas, eles estão constantemente “à caça” daquilo que o outro tem de melhor. Estão permanentemente atentos às coisas boas e divertidas e procuram tirar o melhor partido de cada uma. Esse hábito tão saudável acaba por permitir-lhes amealhar muito mais momentos positivos e é isso que faz com que, para eles, seja tão mais fácil enfrentar os momentos difíceis.
Hábito número dezanove – Valorizam o “eu”, o “tu” e o “nós”.
Os casais felizes não são “lapas peganhentas”. Pelo contrário! Os casais felizes conhecem-se bem, aceitam-se tal como são, reconhecem que há coisas que cada um gosta de fazer sozinho ou com outras pessoas. E, não se sentem inseguros por isso.
Hábito número vinte – Valorizam os rituais.
Os casais felizes têm muitos rituais – hábitos que estão enraizados, que se repetem ao longo dos anos e que fazem com que ambos valorizem ainda mais a relação.
Hábito número vinte e um – Constroem ligações saudáveis com a família alargada.
Os casais felizes conseguem criar laços afectivos com a família alargada do mais-que-tudo. Isso não quer dizer que estejam sempre juntos fisicamente. Mas, significa que há uma proximidade emocional que se traduz em preocupação genuína com aquilo que cada um sente, em demonstrações claras de interesse pelo outro e em gestos que querem dizer “Gosto de ti”.
Hábito número vinte e dois – Falam no que é “nosso”.
Aquilo que distingue os casais felizes – e que permite que, com o tempo, os ouçamos falar muitas vezes em “nós” – é o facto de o seu olhar não estar centrado naquilo que nos diferencia mas, sim, naquilo que nos pode unir.
Hábito número vinte três – Preocupam-se (mutuamente) com a saúde.
Preocupar-se com a saúde do seu amor não é apenas estar “lá” quando ele adoece. É, sobretudo, prestar atenção às suas queixas, assumir uma postura proactiva em relação à prevenção, incentivá-lo(a) a fazer exames com regularidade e acompanhá-lo nas consultas de rotina. É desejar que aquela pessoa se mantenha saudável e fazer o que estiver ao seu alcance para ajudar.
Hábito número vinte e quatro – São cúmplices na educação dos filhos.
Dois terços dos casais enfrentam períodos de insatisfação e desconexão nos primeiros anos depois do nascimento do primeiro filho. Os casais felizes também se sentem engolidos pelas mudanças que o nascimento de um filho pode trazer. Só que eles acabam por prestar atenção um ao outro, encontram solução para adaptar-se às exigências nesta nova fase.
Hábito número vinte e cinco – Não tomam a relação como garantida.
Os casais felizes não dormem à sombra da bananeira. Eles sabem que para a sua relação ser a melhor coisa do mundo, depende muito daquilo que forem capazes de fazer por ela. Continuam a seduzir-se mutuamente e a querer agradar. Não são apenas dois companheiros que dividem contas, tarefas domésticas e as boleias dos miúdos. É preciso disciplina para que a relação não se torne na última das suas prioridades e dão o seu melhor para que haja boas surpresas.
Regra 1/5:
Para que uma relação seja feliz o rácio entre interações positivas e negativas tem de ser maior do que 5:1. Quando começa a haver menos do que cinco momentos positivos por cada negativo, o mais provável é que a relação esteja a dar sinais de que está em crise. E, à medida que o rácio diminui, a probabilidade de divórcio aumenta.
As grandes histórias de amor não terminam com “E viveram felizes para sempre…” e os casais que se sentem genuinamente felizes não estão sempre em sintonia. Eles sabem que há dias difíceis. Aceitam-nos. E, não baixam os braços. Lutam por dias melhores. Fazem diariamente exercícios de gratidão. Valorizam-se e fazem questão de o manifestar. Dizem “Amo-te” e “Gosto de ti” com fartura. Tocam-se. Para os casais felizes, há sempre tempo para namorar. Para alimentar o amor. Porque o “final feliz” é aquilo que escolhemos fazer hoje e todos os dias.