Nesta Quarta-feira de cinzas (02 de março de 2022) tem início o Tempo da Quaresma, período de quarenta dias que precedem a Semana Santa e a Páscoa, em que os cristãos buscam uma maior conversão espiritual, por meio do jejum, da penitência e da oração, também para recordar os 40 dias passados por Jesus no deserto e os sofrimentos por ele passados na Cruz.”
in Vatican News
Quando li esta informação, lembrei-me de uma reflexão que ouvi esta semana, na Rádio Renascença, a propósito do jejum. Só ouvi os últimos segundos, mas as palavras ficaram a ecoar dentro de mim. Era-nos sugerido que fossemos mais longe que o jejum que já sabemos ser importante fazer neste período. Que acrescentássemos a esse, o jejum da crítica gratuita, o jejum da indiferença em relação ao outro e o jejum da forma como magoamos os outros, sem pensar. Estes jejuns são fundamentais para que a humanidade dê o salto de uma vez por todas.
Basta olhar para o que está a acontecer com o povo ucraniano, para perceber que podemos ter evoluído muito a nível tecnológico e de conhecimento, mas a nível humano estamos no mesmo lugar há séculos.
A vida humana parece continuar a valer pouco e a felicidade dos outros continua a parecer algo desprezível.
Se sairmos do contexto de guerra e nos dermos ao trabalho de simplesmente olhar para o que se passa à nossa volta, identificamos imediatamente múltiplas situações em que a crítica e o julgamento imperaram, em que não fomos capazes de ser empáticos com alguém que sofre ou que precisa de ajuda para sair de uma situação qualquer, em que dizemos coisas sem pensar, atingindo os sentimentos mais nobres do outro e cujas consequências são difíceis de contabilizar.
Que façamos jejum agora e sempre, de tudo aquilo que nos torna más pessoas.
Que façamos jejum agora e sempre, do egoísmo, da indiferença, da futilidade.
Que façamos jejum agora e sempre, da sede de poder.
Que façamos jejum agora e sempre, daquilo que nos tira a beleza de sermos pessoas e que provoca escuridão na alma do outro.
E que façamos jejum agora e sempre, de tudo aquilo que não nos enobrece enquanto pessoas.
Nota: Fotografia por Verónica Silva
