Guia prático para reduzir o teu impacto ambiental

Equipa Planetiers // Junho 5, 2019
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Para comemorar este Dia Mundial do Ambiente e apenas alguns dias depois do Overshoot Day Português (no passado dia 26 de Maio, 21 dias mais cedo do que no ano de 2018), pensámos em desenhar um guia prático para te ajudar a minimizar os impactos que o nosso estilo de vida tem no ambiente.

Apesar de associarmos a expressão “impacto ambiental” a grandes projetos de atividade industrial – como podemos ver pelas várias notícias referentes ao aeroporto do Montijo ou ao furo petrolífero de Aljezur, por exemplo – a realidade é que a nossa própria vida é um grande projeto que acaba por ter uma grande pegada ecológica, impactos e consequências graves para o planeta.

Neste artigo vais encontrar dicas, sugestões de atividades e hábitos eficazes para diminuir a tua pegada ecológica e prevenir os impactos negativos que as tuas rotinas têm no ambiente. Estás pronta para mudar?

6 dicas para prevenir os impactos negativos que as tuas rotinas têm no ambiente: 

  1. Para de comprar o que não precisas. 

Parece simples, não é? De facto, esta é a maior causa do impacto ambiental e alterações climáticas: o consumo exagerado e a utilização desnecessária de recursos.

Muitos especialistas defendem que a grande solução para minimizar, de forma séria, o aquecimento global é acabar com o capitalismo… na realidade, e como todos sabemos bem, não é fácil resistir-lhe. Vivemos numa sociedade focada em fazer e gastar dinheiro, com marcas que nos impingem cada vez mais produtos, em maiores quantidades e a preços mais elevados.

São as marcas de fast fashion com 50 coleções por ano, com peças de roupa que duram semanas; São as marcas de telemóveis que planeiam os lançamentos focados no maior volume de vendas e os produzem com um prazo de validade; São as grandes superfícies comerciais com promoções e promoções que nos fazem abraçar novos produtos que, em grande parte dos casos, não precisamos.

Como é que se dá a volta a isto?

Na realidade, esta mudança é muito simples de implementar. Cada vez que te vejas com a carteira na mão e pronta a pagar por um serviço ou produto pensa em duas coisas:

  1. Será que preciso mesmo disto?
  2. Qual o impacto que este produto tem no planeta e ambiente?

E, é precisamente esta segunda pergunta que nos leva ao próximo ponto.

  1. Se precisas, pensa duas vezes. 

Ok, refletiste sobre o assunto e chegaste à conclusão de que precisas mesmo de fazer esta compra. Mas, será que esta é a melhor opção?

Imagina que estás numa grande superfície comercial e decides comprar maças. Que maças vais comprar? Numa linha de supermercado encontras maças embaladas em plástico, em saco de rede plástica, a granel, de origem nacional, certificadas, biológicas, de várias cores, espécies e texturas… É aqui que entra este ponto:

Qual o impacto que este produto tem no ambiente? 

De forma geral, a regra é optar, sempre que possível, por produtos locais, da época, frescos e biológicosestes têm menor pegada ecológica no seu transporte, produção e armazenamento (no que toca a alimentação, mais do que o impacto ambiental, a tua saúde vai agradecer, e muito, estas tuas escolhas conscientes).

Muito para além da fruta, é bom ler bem os rótulos, estar informado e conhecer as empresas por detrás de cada produto – são muitas as grandes marcas que estão a começar a produzir soluções ecológicas enquanto mantêm um registo de más condições de trabalho, exploração de recursos e pessoas, entre tantos outros problemas. Há que escolher marcas fair trade, vegan ou zero waste, que para além de produtos estendem a cultura da empresa e os seus valores a toda a cadeia – desde a produção à distribuição.

Esta regra do repensar não se aplica apenas a produtos, mas também a atitudes: preciso de ir ao mercado, vou de carro, a pé ou de transportes públicos? Preciso de trazer fruta para casa, peço um saco de plástico ou levo o meu saco reutilizável? Apetece-me um copo de água no trabalho, gasto outro copo de plástico descartável ou começo a levar a minha garrafa reutilizável?

A ideia é tornar possível mantermos uma rotina confortável e conveniente sabendo que estes pequenos novos hábitos podem mudar em muito a forma como impactamos o ambiente e planeta.

  1. Precisas, repensaste, mas consegues reduzir?

Este ponto toca ligeiramente no primeiro, mas é também uma medida ecológica muito importante para reduzir o impacto ambiental. Não se trata de optar consumir entre um ou outro bem, mas, sim, utilizar a quantidade exata de recursos que precisamos. Por exemplo: em Portugal, a alimentação é responsável por 32% da pegada ecológica nacional e, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), os portugueses, em média, consomem mais carne do que seria suposto/recomendado. Será que consigo reduzir a quantidade de carne que como por semana?

Esta mentalidade aplica-se a outras áreas, especialmente nas nossas casas. Todos precisamos de luz, água e energia. Mas, será que conseguimos manter uma rotina confortável utilizando menos recursos? O que fazes à água que corre do chuveiro enquanto esperas que ela aqueça? Tens um balde ou alguma forma de a aproveitar? Enquanto lavas os dentes, a água corre para o lavatório? Deixas a luz ligada em espaços onde não estás ou a televisão ligada sem ninguém a estar a ver?

Todos estes excessos de energia e recursos desnecessários acabam por gerar um impacto enorme na tua carteira e no ambiente, tornando os recursos cada vez mais escassos e impossibilitando que outras pessoas tenham a possibilidade de usufruir de uma qualidade de vida tão digna como a nossa.

  1. Antes de comprar, será que consigo criar algo semelhante? 

Esta dica pode parecer para ecológicos mais capacitados, contudo, não tem de o ser. O Do It Yourself está a tornar-se tendência e cada vez mais pessoas se juntam à ideia.

Se por um lado são muitos os tutoriais no Youtube de como fazer objetos de decoração ou bricolage com materiais usados, na realidade são muitas outras as formas de reutilizar e reaproveitar os teus resíduos.

Porquê comprar copos se tens frascos pequenos em casa? Porquê comprar sacos de plástico se podes fazê-los em casa a partir de t-shirts usadas? Porquê comprar composto para o teu jardim se tens resíduos orgânicos em casa que o podem gerar de forma fácil? Porquê gastar dinheiro em coentros embalados em plástico quando consigo cultivá-los em casa de forma fácil e controlada?

Aqui depende sempre da tua disponibilidade, capacidade e vontade de aprender. Contudo, se ainda não te sentes preparada/o para começar este upcycling, no momento da compra, opta por produtos reciclados ou reaproveitados – apesar de manterem as suas caraterísticas estéticas ou técnicas, estes têm uma pegada ecológica bem menor do que as suas alternativas produzidas a partir do zero.

  1. Depois de utilizar, dá para reparar?

Já são muitas as pessoas que deixaram de usar a expressão “lixo” e passaram a chamar apenas “resíduos” a todas aquelas coisas que deixamos de utilizar. Porquê? Porque tudo (ou quase tudo) pode ser valorizado, reaproveitado e ter uma nova vida. Se o ponto acima fala-nos de dar uma nova vida aos resíduos reutilizando-os ou reaproveitando-os para outras finalidades, neste falamos em reparação. Principalmente no que toca a tecnologia, este ponto é essencial. Por vezes temos eletrodomésticos que deixam de funcionar e por desconhecimento acabamos por assumir que se trata de “lixo” quando na verdade o problema por ser muito simples e fácil de resolver.

Se não tens competências de reparação ou não conheces ninguém que o faça não desanimes – procura uma loja de reparações local ou visita o repair café mais próximo de tua casa.

Caso a reparação seja cara ou inconveniente, podes sempre doá-los a serviços que os repararam e distribuem por associações onde farão realmente a diferença – tudo o que tenhas por casa e na qual já não vejas utilidade, pensa se se trata realmente de lixo ou se ainda poderá ser útil a outras pessoas.

Apesar de não se tratar de uma reparação, e já ser uma ideia muito partilhada, não te esqueças de que todos os resíduos têm uma finalidade – nem que seja depositá-los, em último caso, na reciclagem.

  1. Mantém-te informado e partilha esta ideia. 

Se já cresceu em ti o mindset e método ecológico de diminuir o teu impacto ambiental, nada é mais importante do que partilhar com todos os teus conhecidos esta mensagem e inspirá-los a fazer as suas mudanças ecológicas. Contudo, para que consigas aplicar este método é importante estares sempre informada/o e atualizada/o – apesar de já existirem muitos estudos sobre a matéria, estão sempre a surgir novos, cada vez mais aprofundados e relevantes.

Diz-se que o consumidor comum só tem noção de 25% do seu impacto ecológico – os restantes 75% do impacto e consequências estão escondidos no ciclo de vida do produto, na extração de matérias-primas, no transporte e distribuição ou no tratamento dos resíduos resultantes.

No caso dos telemóveis, por exemplo, conseguimos ter uma noção clara de quanto é gasto a carregar a bateria de um telemóvel, mas pouco sabemos sobre as consequências da mineração dos metais essenciais para a sua produção ou da quantidade de água utilizada nesse processo. Para ter esta noção é preciso ter uma postura proactiva e curiosa em relação aos estudos e artigos ambientais, estar a par das novidades de cada marca e projeto, consultar blogs reconhecidos e pedir informações sempre que necessário. Só assim conseguimos fazer melhor do que fizemos, tornar o planeta num local digno para todos e consequentemente conseguir reduzir os impactos ambientais que o nosso estilo de vida tem no planeta terra.

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