O glaucoma corresponde a um grupo de doenças que podem danificar o nervo óptico e originar perda irreversível da visão e cegueira. Todavia, e com um tratamento precoce, é possível proteger os olhos contra a perda de visão grave.
O nervo ótico consiste num feixe de mais de 1 milhão de fibras nervosas, que liga a retina ao cérebro. A retina é o tecido sensível à luz presente no fundo do olho. Para uma boa visão, é necessário que o nervo ótico seja saudável e permita transmitir os impulso nervoso até ao cérebro.
De que modo o glaucoma de ângulo aberto provoca lesões no nervo ótico?
Na zona anterior do olho, existe um espaço que se denomina câmara anterior. Existe um líquido transparente, humor aquoso, que flui continuamente para dentro desta câmara, vindo do corpo ciliar onde se forma, nutrindo os tecidos circundantes. O líquido é produzido na parte posterior da íris, corpo ciliar, via pupila e saindo da câmara anterior, no ângulo formado entre a iris e a córnea. Quando o líquido chega ao ângulo, passa através de uma rede esponjosa, que atua como um ralo, e deixa o olho. Por vezes, quando o líquido chega ao ângulo, atravessa esta rede de forma muito lentamente. À medida que o líquido se acumula, a pressão no interior do olho sobe até um nível que pode provocar lesões no nervo ótico. Contudo, outro mecanismo é possível mas de forma inversa, formação excessiva e drenagem normal.
Quando o nervo ótico sofre lesões decorrentes do aumento da pressão, pode desenvolver glaucoma de ângulo aberto e perda de visão. É por esta razão que se torna importante o controlo da pressão existente dentro do olho.
“O aumento da pressão ocular significa que tenho glaucoma?”
Não necessariamente. O aumento da pressão ocular implica que está em risco de desenvolver glaucoma, mas não significa que tem a doença.
Uma pessoa só tem glaucoma se o nervo ótico estiver danificado. Quando há um aumento da pressão ocular, mas não está presente lesão no nervo ótico, não se considera que exista glaucoma, mas, sim, risco para o seu desenvolvimento. Siga os conselhos do seu oftalmologista.
“Posso desenvolver glaucoma se tiver um aumento da pressão ocular?”
Não necessariamente. Nem todas as pessoas com aumento da pressão ocular irão desenvolver glaucoma. Algumas pessoas podem tolerar melhor uma pressão ocular mais elevada do que outras. Paralelamente, determinado nível de pressão ocular pode ser elevado para uma pessoa, embora seja normal para outra.
O facto de vir ou não a desenvolver glaucoma depende do nível de pressão que o seu nervo ótico consegue tolerar sem sofrer lesões. Este nível é diferente para cada pessoa. É por esta razão que um exame oftalmológico aprofundado é considerado extremamente importante, uma vez que poderá ajudar o seu oftalmologista a determinar o nível de pressão ocular que, no seu caso, é considerado normal.
“Posso desenvolver glaucoma sem aumento da pressão ocular?”
Sim. O glaucoma pode desenvolver-se sem aumento da pressão ocular. Esta forma de glaucoma denomina-se glaucoma de baixa pressão ou glaucoma de pressão normal. Não é tão frequente como o glaucoma de ângulo aberto. E, depende do limiar de resistencia á pressão ocular, neste caso muito baixo.
Quem se encontra em risco de desenvolver glaucoma de ângulo aberto?
Qualquer pessoa pode desenvolver glaucoma. Algumas apresentam um risco mais elevado, sendo que nestas se incluem indivíduos de raça negra com mais de 40 anos de idade e pessoas com história familiar de glaucoma.
Um exame oftalmológico aprofundado pode revelar mais fatores de risco, nomeadamente pressão ocular elevada, espessura da córnea reduzida e alterações estruturais do nervo óptico. Em algumas pessoas que apresentam combinações destes fatores de alto risco, medicamentos sob a forma de gotas oculares reduzem significativamente o risco de desenvolvimento de glaucoma.
Quais são os sintomas?
Inicialmente, o glaucoma de ângulo aberto não apresenta qualquer sintoma. Não provoca qualquer dor. A visão não se altera.
À medida que o glaucoma se mantém sem tratamento, as pessoas com glaucoma irão perder, de uma forma lenta, a sua visão periférica na totalidade. É como se estivesse a olhar através de um túnel. Com o passar do tempo, a visão em frente pode diminuir, até que deixa de existir qualquer visão. Nesta fase a perda de visão é irreversível. O glaucoma pode desenvolver-se num ou em ambos os olhos.
Como é feito um diagnóstico?
O glaucoma é detetado através de um exame oftalmológico exaustivo que inclui:
- Avaliação da acuidade visual – Este exame, efetuado com um quadro, mede a visão a várias distâncias;
- Avaliação do campo visual – Este exame avalia a visão periférica. Ajuda o seu oftalmologista a saber se perdeu visão lateral, um sinal de glaucoma;
- Exame oftalmológico com dilatação ocular – São colocadas gotas nos seus olhos para alargar ou dilatar a pupila. O seu oftalmologista utiliza uma lente de ampliação especial para examinar a retina e o nervo ótico, em busca de sinais de lesão e outros problemas oculares. Após o exame, a sua visão próxima pode permanecer turva durante várias horas;
- Tonometria – Existem vários aparelhos que medem a pressão no interior do olho. Para a realização deste exame, pode ser necessário colocar gotas de anestésico no seu olho;
- Paquimetria – É colocada uma gota de anestésico no seu olho. O seu oftalmologista utiliza um instrumento dotado de ondas ultra-sónicas para medir a espessura da sua córnea.
“O que posso fazer caso já tenha perdido alguma visão devido ao glaucoma?”
Se já perdeu alguma visão devido ao glaucoma, questione o seu oftalmologista sobre serviços para indivíduos com baixa visão e dispositivos que o possam ajudar a tirar o máximo partido da visão que lhe resta.
Existe cura para o glaucoma?
Não existe cura para o glaucoma. Não é possível restabelecer a visão que se perde pela doença.
Quais são os tratamentos para o glaucoma?
O tratamento imediato para o glaucoma de ângulo aberto em fase inicial pode atrasar a progressão da doença. É por esta razão que o diagnóstico precoce é extremamente importante.
Entre as terapêuticas disponíveis para o glaucoma, incluem-se medicamentos, trabeculoplastia laser, cirurgia convencional ou uma combinação destas. Embora estes tratamentos possam poupar a visão que resta, não conseguem melhorar a visão que já foi perdida pelo glaucoma.
“O que posso fazer para proteger a minha visão?”
Se está a ser tratado para o glaucoma, cumpra com a medicação todos os dias. Consulte o seu oftalmologista regularmente.
Também pode ajudar a proteger a sua visão dos seus familiares e amigos que possam ter um risco elevado para desenvolver glaucoma – indivíduos de raça negra com mais de 40 anos de idade, todas as pessoas com mais de 60 anos de idade e pessoas com história familiar de glaucoma. Encoraje-os para que efetuem, no mínimo, um exame oftalmológico aprofundado com dilatação ocular de dois em dois anos. Lembre-se: a redução da pressão ocular nas fases precoces do glaucoma reduz a velocidade de progressão da doença e ajuda a poupar a visão.
“O que devo perguntar ao meu oftalmologista?”
Pode proteger-se contra a perda de visão colaborando com o seu oftalmologista. Faça perguntas e obtenha as informações de que precisa para cuidar de si e da sua família.
Aqui ficam algumas das questões a colocar:
Sobre a perturbação ou doença ocular:
Qual é o meu diagnóstico?
- O que provocou a minha doença?
- A minha doença tem tratamento?
- De que modo esta doença irá afetar a visão, presentemente e no futuro?
- Deverei estar alerta relativamente a qualquer sintoma em particular e comunicar-lhe se este ocorrer?
- Deverei fazer alguma alteração do meu estilo de vida?
Sobre o tratamento:
- Qual é o tratamento para a minha doença?
- Quando é que o tratamento será iniciado e quanto tempo irá durar?
- Quais são os benefícios deste tratamento e até que ponto é bem sucedido?
- Quais são os riscos e efeitos adversos associados a este tratamento?
- Existem alimentos, medicamentos ou atividades que deva evitar enquanto estiver a fazer este tratamento?
- Se o meu tratamento incluir a toma de medicamentos, o que deverei fazer se me esquecer da dose?
- Encontram-se disponíveis outros tratamentos?
Sobre os exames:
- A que tipo de exames serei submetido?
- O que poderei esperar descobrir com estes exames?
- Quando é que saberei os resultados?
- Deverei fazer alguma coisa em especial para me preparar para os exames?
- Estes exames acarretam algum efeito secundário ou risco?
- Será necessário fazer mais exames posteriormente?
Outras sugestões:
- Se não compreender as respostas do seu oftalmologista, coloque-lhe perguntas até ficar esclarecido;
- Tire notas ou peça a um amigo ou familiar que o faça;
- Peça ao seu oftalmologista que lhe faculte as instruções por escrito.
Atualmente, os doentes desempenham um papel ativo nos seus cuidados de saúde. Seja um doente ativo nos seus cuidados oftalmológicos. Mas, também não se esqueça que um resultado eficaz para travar esta doença depende somente e em exclusivo de um diagnostico precoce mas sobretudo do cumprimento sem falhas do tratamento que lhe for prescrito.