O futuro no nosso intestino

Inês Miranda Fernandes // Dezembro 15, 2016
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Quando ingerimos alimentos, não só estamos a nutrir o nosso corpo, como cerca de 10 triliões de bactérias que vivem no nosso intestino – a nossa microbiota ou microflora intestinal. Estas bactérias existem numa quantidade 10 vezes maior que o número total de células do nosso corpo.

As bactérias intestinais produzem neurotransmissores que comunicam directamente com o cérebro.

Há uma ligação directa do intestino para o cérebro, com o primeiro a enviar ao segundo uma série de sinais que chegam a diferentes regiões do cérebro – a ínsula, o sistema límbico, o córtex pré-frontal, a amígdala, o hipocampo e o córtex anterior cingulado – ligadas às emoções, à moral, ao medo, à memória, à motivação. Não quero com isto dizer que o nosso intestino guie os nossos pensamentos morais, embora haja a possibilidade de os influenciar.

É no intestino que se faz a absorção dos nutrientes ingeridos e é noutra zona do intestino que excretamos os resíduos da digestão e toxinas. É, portanto, fundamental manter uma parede intestinal saudável, permeável à entrada de nutrientes e impermeável à entrada de bactérias agressoras.

A genética, a dieta e o ambiente influenciam todas estas bactérias e, consequentemente, a saúde do nosso intestino.

As bactérias intestinais podem ser os nossos melhores amigos ou os nossos maiores inimigos. Quando ingerimos antibióticos que destroem as bactérias agressoras ao nosso organismo, também destruímos aquelas que nos são benéficas.

Estudos científicos referem que os antibióticos destroem entre 80 a 90% da microbiota total. Será que isso tem um efeito persistente? Existe uma relação entre a utilização excessiva de antibióticos, com o aumento de autismo, ansiedade, diabetes, asma, doença de Crohn, esclerose múltipla e obesidade, estando mesmo as maiores taxas de obesidade relacionadas com o maior uso de antibióticos.

O mais importante é contribuirmos para tornar a nossa microbiota intestinal mais saudável, através de probióticos (pró – vida) e de prebióticos, reduzindo o número de vezes que temos que recorrer aos antibióticos.

. Probióticos:

São as bactérias vivas que entram nas nossas bocas durante todo o dia, e que podem ser boas para nós ou simplesmente inofensivas. Existem em alimentos como o chucrute, o creme fraiche, os pickles, o miso, o queijo e o Kefir;

. Prebióticos:

São alimentos que estimulam as bactérias boas, mas só funcionam quando estas já existem no nosso organismo. Existem nas frutas, legumes, leguminosas e oleaginosas.

A redução de alimentos processados será também uma solução inteligente, pois estes tendem a ser pobres em fibras, o que resulta numa microbiota menos diversa, podendo conduzir a inflamação e pré-diabetes. Os emulsionantes encontrados nalguns alimentos processados, podem mudar a microbiota intestinal e criar uma inflamação de baixo grau, associada a colite e outras doenças inflamatórias intestinais.

Temos muito a aprender sobre a microbiota intestinal. Talvez estas relações possam encorajar a alimentar-se conscientemente, para ter uma microbiota mais saudável que, em última análise, contribuirá para o equilíbrio físico, psíquico e emocional e, consequentemente, melhorar o desempenho desportivo.

Cuide mais do seu intestino, pois ele determina muito do seu futuro.

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