Filhos: Amor Infinito

Fátima Lopes // Fevereiro 25, 2018
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Escrever sobre os filhos, é sempre para mim, o maior desafio. Olho para as palavras, para as ideias que estão no papel e acho sempre que não traduzem o suficiente, aquilo que sinto. Na verdade, a importância que um filho tem na nossa vida é tal, que tudo o resto se torna acessório.

Eu vivi cada uma das gravidezes de forma intensa.  Nos primeiros três meses, alimentar-me não era fácil, porque ficava satisfeita com duas colheres de sopa ou meia maçã, mas depois embalava e comia com uma satisfação incrível. Ver a barriga crescer e o corpo transformar-se para ajudar o nosso filho a crescer, é maravilhoso. Como todas as grávidas, gostava no início de empinar a barriga para parecer maior. Depois o tempo encarregava-se de a fazer crescer a um ponto que ela anunciava a minha chegada a qualquer sítio.  

Tive a sorte de ser uma grávida enérgica, que não se sentia cansada. Aliás fui sempre muito produtiva e criativa durante a gravidez. Aos meus filhos tenho de agradecer, porque a alegria de os sentir dentro de mim, multiplicava seguramente a minha capacidade de pensar e executar.

E, os partos? Foram fantásticos. No caso da Beatriz, embora fosse a primeira filha, tudo aconteceu muito rápido e de forma fácil. No caso do Filipe, era um bebé pesado, mas também nasceu muito facilmente. O momento de os receber em cima do nosso peito, depois de nascerem, marca o início de uma história de amor para sempre. Não é que não amemos os nossos filhos quando estão na nossa barriga, mas o momento em que se tornam reais, é indescritível. É o momento em que senti que estava pronta a dar a minha vida por eles.

Amo viver e sou uma mulher de bem com a vida, capaz de olhar para os seus tropeções como necessários e para o sofrimento como uma oportunidade de crescer e de encontrar o meu caminho. Mas, quando um filho nasce, somos capazes de prescindir de tudo, até da vida, para que estejam bem.

Cuidar deles é um prazer, uma alegria. Começamos e acabamos os dias, muitas vezes, a pensar neles. Todas as fases são bonitas e têm o seu encantamento. Mesmo a da adolescência, que é tão desafiante para eles e para nós, tem a sua magia.

Um filho é uma parte de nós. É por isso que os pais que têm a infelicidade de perder um filho, ficam dilacerados para sempre. Já entrevistei muitos pais nestas circunstâncias e nunca sei o que lhes dizer…

Eu costumo situar os acontecimentos da minha vida, tendo como referência o nascimento da Beatriz e do Filipe. A vontade de fazer mais e melhor por eles, é uma fonte inesgotável de energia. Aprendi isso com os meus pais, que por mim e pela minha irmã, superaram-se e reinventaram-se várias vezes. É por isso que desde sempre me insurgi contra os pais, que depois de se separarem, utilizam os filhos como arma de arremesso. É uma prova de desamor, de egoísmo, de quem está unicamente centrado no seu ego e na sua luta pessoal. Um pai ou uma mãe que ama o seu filho, não o põe contra o outro progenitor. Pelo contrário. Ajuda-o a crescer de forma equilibrada, com a realidade de ter as duas pessoas que mais ama, separadas. Felizmente os meus filhos nunca viveram esta realidade, o que só veio confirmar a minha convicção, de que é possível, se ambos os progenitores quiserem, pôr em primeiro lugar o amor aos filhos.

Por mais que nos custe, os nossos filhos não nos pertencem. Chegará o dia em que ganharão asas para fazerem o seu próprio caminho, como me ensinou a minha querida amiga Helena Sacadura Cabral. Mas, deixá-los voar, também é um sinal de amor.

 

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