Férias? Mas posso pensar nelas?

Fátima Lopes // Julho 20, 2021
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Com a chegada da pandemia, a palavra férias passou a soar estranha. Porque agora quando pensamos em férias a primeira coisa que nos ocorre é: vale a pena pensar nelas?

Desde que a pandemia chegou às nossas vidas em Março de 2020, que há palavras que nós já não definimos, nem sentimos da mesma maneira. Até aí, quando falávamos em férias, falávamos de algo que, por norma, era pensado com alguma antecedência, projectado, programado, marcado e que seguia uma série de passos normais até à sua concretização. Não esperávamos grandes alterações a menos que existisse uma fatalidade qualquer ou um imprevisto de peso.

Vale a pena programar? 

Será que marcar uns quantos dias num sítio não é arriscar, visto que não temos a certeza de conseguir ir? A palavra férias passou a trazer consigo tantas perguntas e tantas incertezas, que é como se de repente lhe tivessem tirado aquele brilho e aquele significado tão positivo que tanto nos agrada.

Hoje quando pensamos em férias, o que queremos saber é só e apenas se nesses dias vamos estar ausentes do trabalho.

O significado das férias passou a ser algo muito mais curto, ou seja, hoje férias é a ausência de trabalho. Não significa, como significou grande parte da nossa vida, irmos para qualquer lado, fazermos actividades diferentes, estarmos com família, amigos, convivermos, participarmos em determinadas festas ou irmos assistir a concertos. Temos de repensar tudo aquilo que até agora associávamos a férias. E aquilo que me apercebo em diferentes conversas, é que as pessoas dizem apenas: “Nesses dias não trabalho”. Já não referem que vão ali ou acolá, dizem apenas que nesses dias não trabalham.

Tivemos de redimensionar as nossas férias. 

Nada é programado a médio, nem a longo prazo. Tem de ser tudo em cima da hora. Ou seja, se temos férias na próxima semana, marcamos tudo esta semana e sabendo de antemão que as coisas podem alterar-se e que temos de ter essa capacidade de aceitar e encaixar a imprevisibilidade.

A realidade pode mudar de um dia para o outro, mas mesmo assim continuam a ser as nossas férias!

Tudo isto representa uma dificuldade acrescida à capacidade de descansarmos e de desligarmos, porque muito daquilo que fazíamos e associávamos a férias, agora não fazemos. Ainda estamos a aprender a conseguir desligar e descansar nestas circunstâncias de incerteza.

Simultaneamente, esta nova modalidade de férias traz-nos um outro desafio que é conseguirmos aproveitar cada dia em que não trabalhamos, pelo simples facto de não trabalharmos, sem esperarmos mais nada, ou seja, tudo o que vier é um extra.

Parar o nosso trabalho um dia e poder simplesmente descansar é, a partir de agora, sinónimo de férias.

Um conselho: não vamos desistir. Se marcarmos algo e tivermos de alterar, alteramos. O nosso turismo precisa de nós. O nosso turismo continua a ser maravilhoso e conseguiu em muitos casos reinventar-se. Cabe-nos a nós também reinventarmos o conceito de férias e se possível de mãos dadas. Tiremos por agora aquilo que dourava a ideia de férias e as tornava mais apelativas. Quero acreditar que em breve isto mudará, mas para já vamos simplesmente pensar em férias como ausência de trabalho.

Nota: Fotografia por Verónica Silva

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