Hoje é Dia Internacional da Felicidade. Perguntei-me se seria sensato escrever agora sobre este tema e conclui que sim.
Mais do que nunca, faz sentido escrever sobre a felicidade.
Este período tão delicado em que vivemos, concentrados em preservar a nossa saúde e a daqueles que amamos, privados da liberdade de sair, de fazer e de amar da forma que estávamos habituados, também é uma oportunidade.
Já muitos o disseram, mas não é demais reforçar. É uma oportunidade de cultivar de forma diferente a relação com aqueles que amamos e vivem connosco, e com todos os outros que amamos.
Não perdemos tempo em deslocações, não temos de ir aqui ou ali. Não há desculpas. Temos apenas de saber ficar e parar. E isto representa um grande desafio para a grande maioria de nós.
É um tempo que nos permite sentir. O amor, o carinho, o afecto.
O coração volta a ter direito a expressar-se. A gratidão ganha outro valor. A palavra obrigada deixa de ser esquecida. As relações de proximidade, como a vizinhança, voltaram a existir. Os mais jovens estão a ter o cuidado de perguntar aos mais velhos, se precisam de alguma coisa. Que felicidade.
Quando no passado Domingo fiz chegar aos meus pais uma carta do meu filho, em nosso nome, expressando o que lhe ia na alma a propósito da privação de ver os avós, percebi que o Covid-19 tinha o mérito de nos ajudar a perceber o que é realmente importante na vida: a família e aqueles que amamos. Porque felicidade é estar perto de quem amamos.
O que é a felicidade?
Felicidade é estar com os filhos sem pensar no tempo.
Felicidade é receber o telefonema de um amigo, que genuinamente se preocupa connosco e só quer saber se estamos bem. É nestes momentos que também percebemos quem são os nossos verdadeiros amigos. Não nos faltam. Não se esquecem.
Felicidade é perceber que afinal conseguimos fazer mais com menos e que não precisamos de uma série de coisas que achávamos fundamentais.
Felicidade é perceber que afinal o menos é mesmo, mesmo, mais!
Felicidade é conseguir rirmo-nos de nós próprios e não nos levarmos muito a sério.
Felicidade é conseguir tirar partido de todos os pequenos momentos e de coisas simples, como estarmos todos na cozinha, cada um com a sua tarefa.
Felicidade é pensar na conjuntura em que vivemos, sem data previsível para terminar, e ter a certeza de que vamos superar este desafio e ficarmos pessoas melhores.
Felicidade é sentir a força da fé e acreditar que tudo tem um propósito. É saber que o que estamos a passar não é em vão.
Felicidade é ter alegria de viver, aconteça o que acontecer.
Nota: Fotografia por Verónica Silva
