Já parou para pensar no seu corpo e como ele é um organismo fascinante, único e incrível que funciona como uma unidade? Lembra-se das aulas de Anatomia e como o corpo é constituído? Muito se tem falado nos últimos tempos sobre a fáscia, o que tem despertado alguma curiosidade, especialmente entre os professores de Yoga, Pilates e outros profissionais do movimento. Tradicionalmente, o corpo é estudado como se fosse um sistema de peças de puzzle, onde cada parte é considerada separadamente. Contudo, é cada vez mais evidente que esta abordagem pode ser limitada.
A Anatomia clássica e a prática de Yoga
A Anatomia clássica propõe que os músculos e ossos, ligados entre si, permitem o movimento do corpo dentro da prática de Yoga, mantendo estabilidade e alinhamento nas posturas. Esta visão considera o sistema músculo-esquelético como um conjunto de alavancas e pêndulos, onde cada músculo se move separadamente, seguindo sinais enviados e recebidos pelo cérebro através do sistema nervoso.
A importância da fáscia
A fáscia é o tecido conectivo que liga todas as partes do corpo, transformando-as num corpo inteiro. Pesquisas mais recentes mostram que a fáscia forma uma base importante para a vitalidade, movimento e desempenho atlético do corpo. Trata-se de um sistema energético de forças que envolve vários níveis de construção da estrutura fascial e funciona como um elemento mecânico com tensão elástica e viscoelástica. A fáscia é agora considerada um dos nossos órgãos sensoriais mais importantes, permitindo uma rede de continuidade entre os músculos e promovendo uma unidade estrutural.
Fáscia e Yoga
A inclusão da fáscia no estudo da Anatomia do Yoga faz todo o sentido, pois ela envolve tanto os aspetos físicos como mentais da prática. A fáscia é como o nosso sexto sentido, aquele que nos diz onde estamos em relação ao nosso ambiente e a nós próprios a qualquer momento. Este sentido é conhecido como propriocepção, e a fáscia torna-se o nosso tecido de temporalidade, registando e sinalizando o que fazemos repetidamente ao longo do tempo.
Yoga Fascial: O treino da fáscia aplicado ao Yoga
O trabalho da fáscia pode ser aplicado em qualquer tipo de Yoga, seja mais estático ou dinâmico. A intenção da prática e a forma como orientamos o corpo para alcançar uma postura variam, respeitando a individualidade de cada pessoa. Os movimentos são mais “soltos” e “livres”, respeitando o próprio corpo. Além das tradicionais posturas (asanas) e do trabalho respiratório (pranayamas), a fáscia necessita de outros tipos de estímulos, como alongamentos dinâmicos, libertação miofascial, reboot elástico e refinamento sensorial.
Benefícios do Yoga Fascial
Incluir a consciência da fáscia na prática de Yoga traz inúmeros benefícios, tais como:
- Alívio de dores crónicas: Libertar as tensões na fáscia pode ajudar a aliviar dores persistentes;
- Melhoria da postura: A prática contribui para uma postura mais correta e equilibrada;
- Aumento da consciência corporal: Promove uma maior conexão e entendimento do próprio corpo;
- Gestão do stress: A combinação da respiração e do movimento ajuda a reduzir o stress e a ansiedade;
- Calma interior: Contribui para um estado de calma e tranquilidade mental;
- Rejuvenescimento do corpo: Trabalhar o tecido conjuntivo promove a renovação do colágeno, contribuindo para a regeneração celular e um corpo mais jovem.
Resumindo: A consciência da fáscia na prática de Yoga ajuda na compreensão da dor, do tecido cicatrizado, das lesões, da postura, do alongamento e do fortalecimento, além de vários outros aspetos de como o corpo humano se auto-organiza e se mantém saudável.
A fáscia une e diferencia quem somos, ligando tudo no corpo e fazendo dele um todo integrado.
Yoga é uma prática que visa a unidade emocional através do trabalho físico, respiratório e mental, respeitando o corpo. A inclusão da fáscia nesta prática proporciona uma compreensão mais profunda do corpo, promovendo uma sensação de unidade completa entre corpo, mente e espírito. Seja como professor ou praticante de Yoga, reconhecer a importância da fáscia é essencial para uma prática mais consciente e eficaz.