Falar da família é para mim um enorme desafio. Porquê? Porque não quero ser pobre nas palavras, nem ficar aquém do que merecem.
Tive a sorte de nascer numa família bem estruturada, tanto do lado materno como paterno.
Infelizmente, não conheci o meu avô paterno, porque morreu quando o meu pai tinha cinco anos. A minha avó paterna era uma força da natureza. Criou sozinha 6 filhos, com enormes dificuldades, num Portugal onde imperava a miséria e a vida de total escravidão. Todos se fizeram homens capazes de vingar na vida e de construir as suas próprias famílias. A minha avó paterna era muito alegre e, embora não fosse de dar muitos afectos, fazia-nos sentir queridos por ela, o que era muito bom.
Os meus avós maternos criaram 4 filhos, também em condições muito adversas. Nunca faltou amor naquela casa e lembro-me de os visitar na infância, numa casa muito pequena, sem água nem luz, mas onde se respirava alegria. Conseguíamos caber todos à mesa e comer os pratos confeccionamos no lume de lenha, pela minha mãe e pelas minhas tias.
Cresci a conviver com os tios e os primos, a organizarem almoços para que pudéssemos estar juntos e partilhar o amor que nos unia. Quando somos amados desde o berço e sentimos que quem nos rodeia, nos cuida e protege, é mais fácil criar a nossa própria família.
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Desde pequenina que sonhava ter filhos e criar uma família.
As minhas brincadeiras passavam por tratar dos meus filhos, levá-los à escola, brincar com eles e cuidar da casa. E, a minha mãe, que não tinha tempo para se sentar no quarto a brincar comigo – porque os tempos eram outros – alinhava nos papéis que eu lhe ia atribuindo. Tanto era a vizinha com quem eu conversava, como era a professora da escola que me contava como os meus filhos se portavam… E, isto enquanto fazia o almoço ou punha a roupa na máquina. Mas, a mim bastava-me essa atenção.
Fui crescendo sempre muito ligada aos meus e na verdade é neles que vou buscar muita da minha força.
A família é a minha grande âncora, uma fonte inesgotável de amor.
Criar a nossa própria família, é um grande desafio. Criar laços, mantê-los fortes e saudáveis, exige de nós inteligência emocional, bom senso, respeito pelo outro, capacidade de comunicar e doses de amor em quantidades astronómicas. É uma missão. Eu, pelo menos, vivo a minha família assim. Dou e recebo colo, e faço questão de lhes demonstrar que dão sentido à minha vida.
Ao longo deste mês, muitos dos especialistas do Simply Flow irão escrever sobre a família; No fundo, prestamos-lhes a homenagem que merecem.