É essencial capacitar as crianças a encontrar as palavras que melhor definam o que sentem, ensinar-lhes que todas as emoções são fonte de aprendizagem e ajudá-las a descobrir como conviver de uma forma saudável com as emoções, as suas e as dos outros.
Sabia que a forma como nós, pais, lidamos com as nossas emoções irá influenciar a forma como os nossos filhos lidarão com as suas próprias emoções?
Esta é a primeira dica, e talvez até a mais importante a termos em conta pois, tal como em tudo, somos o exemplo mais próximo a que os nossos filhos têm acesso. Se nós próprios tivermos saúde emocional, mais facilmente os nossos filhos poderão tê-la também.
Como tal, cuidarmos de nós próprios é essencial.
O certo é que nem sempre é fácil cuidarmos de nós e consequentemente dos outros. Por vezes, a vida surpreende-nos e muda repentinamente, de tal modo que nem sabemos bem como fazê-lo… Nesses momentos sentimo-nos confusos, e aí é importante uma reorganização.
A verdade é que podemos aprender muito com aquilo que sentimos.
As emoções dão-nos pistas sobre o que pensamos, como nos relacionamos com os outros e como vivemos a nossa vida. Estão sempre presentes no nosso dia-a-dia, a dar sinal de si de várias formas, e são uma parte muito importante de todos nós.
Mas, o que são as emoções?
As emoções são reações a estímulos externos ou internos, respostas automáticas a tudo o que se passa dentro e fora de nós, levando-nos a agir de determinada forma. Podem variar de intensidade, mas todos as experienciamos em determinados momentos.
Há umas mais agradáveis e prazerosas e outras desagradáveis e até dolorosas, mas todas são importantes e têm uma palavra a dizer-nos, uma mensagem sobre nós próprios que nos cabe saber decifrar…
Elas dão-nos sinais da sua existência através do corpo — sensações físicas como variações de temperatura, músculos relaxados ou contraídos, coração a bater calmamente ou acelerado, respiração tranquila ou ofegante; através dos comportamentos — o tom de voz, expressões faciais, a forma como colocamos o corpo, como agimos; e, ainda, através da consciência que temos do que se passa dentro de nós, ou, por outras palavras, aquilo que pensamos e também o que sentimos.
Todas as emoções têm a função de nos ajudar a adaptar-nos às situações. O problema é que nem sempre sabemos o que fazer com elas… Por isso, treinar a gestão das emoções é um exercício fundamental para que elas nos sejam úteis e não prejudiciais. Isto é algo que podemos aprender, qualquer que seja a nossa idade. Mas… como é que isso se faz?
Como treinar a gestão das emoções?
Resumidamente, para começar é muito importante estarmos atentos e percebermos que estamos a sentir uma emoção. Depois devemos identificá-la dando-lhe um nome. De seguida tentamos compreendê-la — procurando o porquê de ela estar a existir em nós (o que estaremos a pensar, que situações estaremos a vivenciar…). Por fim, se acharmos que a emoção é útil, usufruimos dela e tentamos prolongá-la. Se, por outro lado, considerarmos que nos é prejudicial, tentamos transformá-la, intervindo. E, para isso, há coisas que nos poderão ajudar, como por exemplo:
- Fazer algo relaxante;
- Passear;
- Realizar uma atividade criativa;
- Escrever;
- Procurar a companhia de alguém especial;
- Dançar;
- Cantar;
- Fazer algum exercício físico;
- Conversar com alguém;
- Respirar fundo;
- Substituir conscientemente pensamentos que nos incomodam, por outros mais agradáveis.
São vários os recursos que temos para tentarmos gerir as emoções de forma saudável. Cabe-nos a nós descobrir o que melhor funciona connosco. Caso nada resulte e seja muito difícil lidar com algumas emoções é importante saber pedir ajuda.
As emoções não gostam de “viver fechadas dentro de nós”.
Desenvolver competências emocionais desde cedo fará a diferença na forma como as crianças vão compreender, expressar e gerir as suas emoções, assim como responder às emoções dos outros. Estas competências promovem um desenvolvimento saudável na medida em que favorecem o autoconhecimento, a autoestima, a resiliência, a empatia, o treino da resolução de problemas e ainda, o desenvolvimento da criatividade e imaginação.
Como podemos ajudar as crianças a lidar com as emoções?
Compete-nos criar um ambiente de empatia, favorecendo a existência de espaço e tempo para que existam possibilidades de os nossos filhos vivenciarem e lidarem com as suas emoções.
9 Dicas para promover a saúde emocional dos seus filhos:
Para vos ajudar nesta missão, nem sempre fácil, seguem algumas dicas que espero vos possam ser úteis:
- Ajudar as crianças a colocarem por palavras aquilo que estão a sentir, ensinando-as a nomear as emoções: “Pareces nervoso”; “Já percebi que estás zangado”; “Sentes-te triste?”. Estas e outras questões podem incentivar um diálogo sobre o que a criança demonstra através dos comportamentos;
- Por outro lado, também é importante nós assumirmos as nossas emoções, verbalizando em alguns momentos tristeza sobre algo, alegria, preocupação, medo. Partilharmos de forma natural o que sentimos, vai ajudar a que os nossos filhos também o façam;
- Fazer em conjunto uma caixinha dos medos, onde depositamos aqueles que não nos são úteis (porque não nos protegem) e que só nos atrapalham. Podem ser escritos ou desenhados. Esta é uma forma de externalizar os medos, estratégia essencial para que um medo não cresça demasiado;
- Combinar uma hora para nos preocuparmos, guardando todas as preocupações para um determinado momento do dia. Isto também favorece que se pensem em soluções conjuntas nessa altura;
- Ensinar a expressão das emoções através de desenhos ou mímica;
- Explorar emoções presentes em histórias e associá-las às vivências da criança;
- Adquirir estratégias de relaxamento, como respiração calma de forma a prevenir momentos de ansiedade (imaginar que se cheira uma flor, na inspiração, e que se sopra para longe uma nuvem escura, com a expiração). Aqui, treinar a capacidade de imaginar um lugar bonito, tranquilo e seguro também ajuda muito;
- Caixa das frases positivas: onde colocamos frases bonitas e inspiradoras que podemos retirar e ler quando necessitarmos de uma mensagem que nos alegre;
- Recorrer a suportes, tais como jogos, que têm como objetivo o trabalho direto sobre as emoções.
Conhecermos e cuidarmos das nossas emoções é conhecermo-nos e cuidarmos de nós próprios, e isso é tão importante!