Há muito que o tema do stress faz parte das nossas conversas e da nossa vida. A ele são atribuídas muitas vivências menos boas, quer em termos psicológicos quer em termos físicos.
O stress chega com pés de lã e, sem que nos apercebamos, muda para sempre a nossa vida e vai ganhando cada vez mais terreno. Hoje é comum ver as pessoas sofrerem com stress, a nível profissional, mas também familiar e pessoal.
O ritmo alucinante em que muitas vezes vivemos faz com que o stress seja visto como uma consequência natural do nosso estilo de vida e, portanto, difícil de contornar. Tornou-se quase uma inevitabilidade.
E porquê? Porque o stress é altamente aditivo e às tantas só somos produtivos, criativos e diferenciadores, quando estimulados pela adrenalina que o stress traz.
Tenho a certeza que conhecem pessoas que quando a agenda começa a ficar mais equilibrada, com tempo para fazer tudo com tranquilidade, sentem-se perdidas e até mesmo sem ânimo. O desacelerar é interpretado como uma vida pouco estimulante e produtiva, logo condenada ao fracasso. Nessa altura procuram novos desafios para manterem o padrão do corre/corre.
É urgente que tenhamos noção do nível de stress em que vivemos diariamente e durante quanto tempo.
Uma coisa é um pico de stress de algumas semanas porque se juntaram uma série de factores, todos eles altamente exigentes, mas que uma vez resolvidos, nos deixam regressar à “normalidade”. Outra coisa é viver sempre em cima do risco vermelho, quase a cair para o precipício, sem tempo para respirar, para parar, para desfrutar as situações e muito menos para nos ouvirmos ou sentirmos. Para muitos não há sucesso sem este stress, que eu chamo oxidativo ou tóxico.
A sociedade foi-nos vendendo a ideia de que para termos sucesso, temos de nos levar sempre ao limite, que é como quem diz, “matarmo-nos” no processo e termos obrigatoriamente de atingir o objetivo.
A ideia com que cresci, de que para termos sucesso temos de trabalhar muito, é hoje inocente face ao que está instituído. Diabolizou-se o descanso, o permitirmo-nos não fazer nada, ou seja, “simplesmente existir”. Uma pessoa que consiga realmente desligar do trabalho, tirar tempo para si e escolher-se nalguns momentos ou funcionar de forma desacelerada, é vista com desconfiança. Como alguém que não vai ter sucesso ou se o tiver é, seguramente, efémero.
É urgente descolar o sucesso do stress!
Até porque seremos mais felizes quando conseguirmos valorizar mais o processo até ao sucesso e menos a sua chegada lá.
Nota: Fotografia por Verónica Silva