É normal? Apesar de a pergunta já conter a resposta, vale a pena compreender melhor porque é que quando falamos de sexo e sexualidade é tão importante sentirmo-nos “normais”.
Vivemos numa cultura que parece demonizar e incitar o sexo em simultâneo. Parece um contrassenso, mas não é. Se, por um lado, continuamos a receber mensagens negativas sobre sexo, por outro, somos confrontados com a sexualidade um pouco por toda a parte… O sexo sempre foi usado para nos fazer adquirir e consumir produtos, por exemplo. Ou seja, ao mesmo tempo que nos comunicam o sexo como algo negativo, também o banalizam e promovem.
Apesar de os movimentos sex-positive se estarem a multiplicar um pouco por todo o mundo, o sexo continua a despertar muitas inquietações.
“É normal?” é talvez a questão mais frequente das pessoas que têm dúvidas sobre sexo e sexualidade. É por isso que o livro com o mesmo título “É Normal?” procura dar resposta a perguntas comuns (e menos comuns) sobre resposta sexual, orientação, saúde, relações, fantasias, género e muito mais. Todas elas perguntas reais, colocadas por pessoas reais na caixa de perguntas do @prontoadespir.
É precisamente para pôr a nu o tabu e o preconceito que existe o Pronto a Despir, um projeto de educação sexual que visa colmatar as lacunas da comunidade em matéria de educação sexual e literacia para a saúde como base na evidência científica mais recente.
A sua versão em livro pretende responder a dúvidas práticas (O que é ser cisgénero?), acalmar angústias (Nunca cheguei ao orgasmo com sexo oral. É habitual?), dar competências (Como manter a chama acesa numa relação a longo prazo?) e promover a reflexão sobre as forças que condicionam a vivência de uma sexualidade plena (Onde se traça a linha entre empoderamento feminino e a hipersexualização?). Estas são apenas algumas das mais de 180 perguntas que contém o livro do projeto, mas muitas outras continuam a ser colocadas todas as segundas-feiras no q&a do @prontoadespir.
É imprescindível educar para a sexualidade e promover o prazer sexual de todas as pessoas livre de estigma.
Saúde sexual é saúde, e saúde não é apenas a ausência de doença, é um estado de bem-estar que não é somente físico, é também emocional, mental e social. É por isso que a Associação Mundial de Saúde Sexual enfatiza o prazer e os direitos sexuais como aspetos essenciais da saúde sexual. Em Portugal fomos pioneiros na implementação do Dia da Saúde Sexual a 4 de setembro, mas muito há ainda a fazer para promover uma visão positiva da sexualidade. Resta-nos aguardar por mais eventos, livros e projetos com foco na sexualidade, que merece ser tratada à luz do dia.