Londres, 11 de Abril de 1755. Nascia James Parkinson, o médico inglês que “emprestou” o seu nome à doença que tão bem veio a descrever anos mais tarde. É este o motivo pelo qual se comemora todos os anos, em 11 de Abril, o Dia Mundial da Doença de Parkinson.
A Doença de Parkinson, mais de duzentos anos depois…
A Doença de Parkinson é a segunda doença neurodegenerativa mais comum e cursa, devido à degeneração e morte de um grupo particular de neurónios, com níveis anormalmente reduzidos de um neurotransmissor chamado dopamina. Caracteriza-se pela presença de sintomas motores (principalmente lentificação dos movimentos, rigidez e tremor de repouso) e não-motores (como alterações do humor, do sono ou da cognição, por exemplo).
Existem diversos tratamentos disponíveis, incluindo vários tipos de medicamentos que procuram repor os níveis de dopamina ou substituir a sua função. Em casos seleccionados pode recorrer-se a intervenções cirúrgicas, entre as quais a estimulação cerebral profunda é a mais comum. Infelizmente não há, para já, uma cura ou mesmo uma forma de impedir que a doença venha a progredir com o tempo.
A Doença de Parkinson: para além dos medicamentos
Em relação a tratamentos, nem tudo se resume a medicamentos e intervenções cirúrgicas. A adopção de um estilo de vida saudável e equilibrado deu já provas de ter utilidade neste contexto, não só em termos de melhoria de sintomas para quem tem Doença de Parkinson, mas também em termos de prevenção e de diminuição do risco de vir a padecer da doença. Permita-me, então, que deixe aqui três conselhos que julgo serem de préstimo para todos:
1. Coma com qualidade
Mais do que reforçar o consumo de um ou outro alimento em particular, os dados científicos disponíveis sugerem que a adopção de uma dieta saudável em geral pode ser a atitude com maior benefício, sobretudo em termos de prevenção.
Neste ponto, em Portugal, temos a tarefa facilitada, uma vez que a dieta mediterrânica (assentando no consumo frequente de produtos vegetais e de peixe, no azeite como principal fonte de gordura e na água como principal bebida) é precisamente aquela que deve encorajada. Não há desculpas…
Ainda em relação à dieta, outra das medidas recomendadas e comprovadas cientificamente é o consumo de cafeína, seja na forma de café ou de chá, estando esta associada a uma redução (que em alguns estudos chegou aos 25-30%) no risco de Doença de Parkinson.
2. Mexa-se
É hoje consensual que a actividade física tem um benefício significativo no âmbito da Doença de Parkinson, seja como medida de prevenção ou como parte da sua abordagem terapêutica.
Qual é a melhor actividade física? Quantas vezes e por quanto tempo? Em que situações? Devido à heterogeneidade dos estudos já desenvolvidos torna-se difícil a formulação de recomendações uniformes relativamente ao tipo, frequência e intensidade de actividade física adequada para cada fase da doença. A boa notícia é que há várias opções por onde escolher.
Encontramos na literatura científica provas do benefício das actividades de “corpo e mente” (como o ioga, Tai Chi, Qigong, dança ou musicoterapia, para citar alguns exemplos), do exercício físico aeróbio e dos exercícios de resistência, inclusivamente em termos de qualidade de vida. O importante é escolher uma actividade física que vá realmente fazer e que tenha em conta a sua capacidade funcional, estado de saúde, e objectivos e preferências individuais.
Pode encontrar recomendações e ajuda relativamente a este e outros tópicos nos sítios de internet das associações de doentes (como a Associação Portuguesa de Doentes de Parkinson) e de sociedades científicas dedicadas à Doença de Parkinson (como a Sociedade Portuguesa das Doenças do Movimento).
3. Dê o seu melhor
Convenhamos que os conselhos que aqui deixo estão longe de ser revolucionários e não são necessariamente uma surpresa. Porém, isso não os torna fáceis de implementar na sua vida. Terá que ser realista, estabelecer os seus objectivos e dar o seu melhor!
Coma com qualidade. Mexa-se. Dê o seu melhor!
Escrevo este texto a propósito do Dia Mundial da Doença de Parkinson, que se aproxima. Porém, mais do que pensar nestas questões no dia 11 de Abril, o mais importante é que se continue a recordar destes conselhos nos restantes dias do ano.