Quando me convidaram para escrever sobre este dia, nunca pensei que fosse ser tão, tão difícil. Afinal é o meu dia-a-dia. O que dificultou? Há tanto para dizer, é tão simples e tão complexo!
Mas considero que houve algo que dificultou – muito – um sentimento muito grande de injustiça, de falta de reconhecimento que tem vindo a ser gerado contra esta classe de profissionais tão presente nas nossas vidas! É por isso que me custou mais!
Porquê o dia 12 de Maio?
O motivo que está na base da celebração do Dia Internacional do Enfermeiro a 12 de Maio é a celebração do aniversário de Florence Nightingale, em 1820, considerada a fundadora da enfermagem moderna.
Quem foi e porque se destacou Florence Nightingale?
Não poderia deixar de fazer referência a este marco histórico.
Florence Nightingale, nasceu em Florença, filha de pais ingleses, viveu a sua infância em Inglaterra, tendo tido uma educação rigorosa e exigente.
Sentiu, desde cedo, uma forte motivação para visitar e cuidar doentes, no entanto, teve que lutar contra a oposição dos seus pais, como é referido em variada bibliografia sobre o tema “a enfermagem não parece carreira para mulheres de bem”.
Mais ainda porque estaria muito associada aos desígnios de Deus e a sua família seria da religião Unitária, que nega a existência de uma Trindade.
Contra todos este fatores, realizou o curso de enfermagem das ordens católicas religiosas em Kaiserwerth, na Alemanha, e foi na Guerra da Crimeia (1854-1856), que se destacou na eficácia das suas medidas, havendo dados que referem evidente redução da taxa de mortalidade do exército britânico, de 42,7% para 2,2%.
A sua visão moderna, conhecimentos na área da matemática e visão da necessidade de aliar a ciência ao cuidado fê-la desenvolver métodos e técnicas inovadoras.
Com a sua dedicação inaugurou a escola de enfermagem passando a existir um reconhecimento da profissão que anteriormente era pouco valorizada e com baixa remuneração.
A Lamparina – símbolo da enfermagem
É o símbolo da enfermagem, como homenagem a Florence Nightingale – “Dama da Lâmpada”.
Este era o instrumento utilizado para fornecer iluminação durante os cuidados noturnos aos feridos na guerra; é assim representação de dedicação, proporcionar de bem-estar e saúde aos doentes, luz e esperança de melhoria.
Chega a ser metáfora para “anjos da guarda nas noites de Scutari”.
Ser Enfermeiro é, simplesmente, ser especial…
Há quase como que um romantismo associado a esta profissão. Quem nunca esteve menos bem? Uma constipação que seja. E como é bom receber uma atenção, dedicação…
Saberem exatamente o que precisamos, receber o cuidado certo e, com isso, voltarmos a um pleno estado de saúde. Ou, menos bom, quando infelizmente o estado de recuperação não se alcança mas há sempre algo de positivo a realizar para que a dor, a incapacidade seja melhor tolerada para quem sofre.
É aquele que está no nascimento, a receber, apresentar o novo ser aos pais, ou aquele que está ao lado quando se faz a última despedida do familiar querido que morre.
Está na urgência a fazer reanimação, mas também está no dia-a-dia para avaliar uma tensão arterial e ensinar à pessoa quais os comportamentos que deve adoptar para controlar essa hipertensão.
É aquele que está, que reconhece e alerta os outros profissionais, que acompanha, e a seguir fica! Esta pessoa é o enfermeiro.
Todavia há um aspeto que marca a diferença. Essa pessoa que sabe exatamente o que fazer, que marca presença contínua – 24 horas por dia – tem conhecimento científico para actuar. Não faz “porque sim”.
O discurso que mantém com a pessoa que cuida não é simplesmente porque é bom comunicador. É porque estudou a relação humana. A técnica que utiliza para cada pessoa, é adaptada à avaliação que fez daquele caso.
Este profissional investe todos os dias no saber para melhor cuidar.
Termino este artigo pedindo a cada leitor que, da próxima vez que estiver com um enfermeiro, se lembre de alguma destas minhas palavras e o respeite e valorize.
A última palavra vai para todos os enfermeiros, em especial aos portugueses, pois só sendo muito forte, só tendo muito sentimento pela profissão é que nos mantemos. Temos sido uns lutadores contínuos. Parabéns!