O Dia da Não-Violência e da Paz comemora-se anualmente a 2 de Outubro. Esta data foi instituída pela ONU – Organização das Nações Unidas – em homenagem a Mahatma Gandhi, nascido nesse mesmo dia, em 1869. Gandhi foi um grande defensor do “Satyagraha”, um princípio de não-agressão, onde se recorre a uma fórmula não-violenta para se protestar e se fazer a revolução. Muitos anos passaram e a humanidade ainda não aprendeu a funcionar com fórmulas não violentas.
A humanidade ainda não aprendeu a funcionar com fórmulas não violentas.
Da pequena à grande escala. Todos os dias ouvimos falar em agressões verbais e físicas, em contextos muito variados. Dentro das famílias, nas escolas, na rua e até nas urgências obstétricas dos hospitais. O que é que está a acontecer com as pessoas? Tanta inteligência racional e tanta ignorância a outros níveis.
Tenho a sensação que recuámos décadas e que estamos num nível muito básico e primário da existência humana.
Parece que quanto mais informação existe sobre as origens do comportamento humano e respetivas consequências, pior as pessoas agem. Tive esperança que a pandemia, por nos ter privado do “luxo” do contacto com os outros, até com aqueles que mais amamos, trouxesse evolução. Ou seja, que todos percebessem que não faz sentido desperdiçar a vida com guerras, quezílias e desentendimentos. Infelizmente para muitos, essa transformação não aconteceu. Noto uma intolerância maior, uma irritação e raiva gigantes, que muitas vezes levam a um descontrolo total, com consequências graves.
Olho para o mundo e para a guerra na Ucrânia e sinto uma tristeza profunda.
Há um país que está a ser terraplanado por outro, porque entende que a sua opinião e vontade são soberanas. Pouco importa que morram milhares de pessoas, que os dois países fiquem feridos de morte. A violência é o único caminho que consideram. O diálogo, a comunicação, a vontade genuína de ultrapassar os diferentes pontos de vista, nunca foram um caminho verdadeiro. Apenas uma forma de calar os que diziam que Putin só queria a guerra.
O desafio de todos nós, que vivemos num território em paz, é honrar diariamente essa paz, alimentá-la e multiplicá-la o mais possível. Em casa, nas escolas, nas empresas e na comunidade em geral.
A Não-violência, verdade e amor, eram os grandes princípios de Mahatma Gandhi, um pacifista que nunca chegou a receber o Nobel da Paz. Se este dia é virado para a educação, para a Paz, para o respeito pelos Direitos Humanos e pela solidariedade entre os homens, então que seja celebrado o ano inteiro.
O mais perfeito ato do homem é a Paz. E por ser tão completo, tão pleno, em si mesmo, é o mais difícil.”
Mahatma Gandhi
Nota: Fotografia por Verónica Silva