Devemos evitar o glúten?

Ana Sousa // Novembro 15, 2021
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evitar o glúten
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Está muito na moda dizer-se que o glúten faz mal, mas temos de desmistificar esta ideologia que se implementou na sociedade. Afinal, devemos evitar o glúten: sim ou não?

O que é o glúten?

O glúten é uma família de proteínas insolúveis, conhecidas como prolaminas, que podem ser encontradas em certos tipos de cereais, como, por exemplo: trigo (incluindo farelo, gérmen ou amido de trigo), malte, cevada, centeio, espelta, entre outros.

O glúten oferece uma variedade de benefícios funcionais.

É responsável pela textura macia que caracteriza muitos alimentos granulares que contêm glúten.

As proteínas do glúten, quando são aquecidas, ganham elasticidade, permitindo a fermentação, crucial para o fabrico do pão, de massas e de outros produtos semelhantes.

Evitar o glúten: sim ou não?

As dietas alimentares sem glúten estão em voga, contudo o glúten não representa um risco na alimentação. Apenas as pessoas com doença celíaca, que não toleram o glúten, devem eliminá-lo da sua alimentação, evitando assim reações adversas e prejudiciais

O que é a doença celíaca?

A doença celíaca (alergia ao glúten) é uma doença crónica, autoimune, que surge na sequência da ingestão de glúten por indivíduos geneticamente suscetíveis. Estima-se que 1 a 3% da população portuguesa sofra desta patologia.

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Fonte: Vida Natural

O glúten é responsável por desencadear no intestino delgado, uma resposta inflamatória mediada pelo sistema imunitário, originando a progressiva destruição da mucosa, traduzindo-se na atrofia das vilosidades intestinais. Essa destruição origina a diminuição da sua capacidade de absorção dos nutrientes pelo intestino delgado.

Ao eliminar o glúten da sua alimentação diária, a pessoa com doença celíaca permite que o intestino se regenere por completo da lesão e que o organismo recupere. Contudo, se houver reintrodução do glúten na alimentação, as inflamações regressam e os sintomas reaparecem.

A doença celíaca tem uma vasta variedade de sintomas ou sinais, com mais ou menos severidade, num ou em mais órgãos. Os sintomas apresentados também variam de acordo com faixa etária do paciente, influenciando frequência e a intensidade com que os sintomas acontecem.

Como é feito o diagnóstico da alergia ao glúten? 

Existem várias formas de diagnosticar a doença celíaca: através de testes serológicos (análises ao sangue), testes genéticos, biópsias intestinais. 

É muito importante que todas estas formas de diagnóstico sejam feitas sob orientação médica e que o paciente esteja a fazer uma alimentação normal, ou seja, sem isenção de glúten. 

Este diagnóstico também permite perceber se é o glúten ou se é outro problema que pode estar na origem dos sintomas apresentados, como, por exemplo, a intolerância à lactose, a doença de Crohn, úlceras ou síndrome do intestino irritável.

A alergia ao glúten (doença celíaca) pode manifestar-se em qualquer faixa etária, desde que o glúten já tenha sido introduzido na alimentação. Contudo é mais comum ser diagnosticado em crianças entre os 6 e os 20 meses, após a introdução das papas, bolachas, pão, entre outros.

Alergia ao glúten ou intolerância ao glúten?

É comum encontrarmos pessoas que são celíacas ou que de alguma forma desenvolveram alguma intolerância a esta proteína. Mas, afinal, qual a diferença entre ser celíaco e ser intolerante ao glúten?

  • Intolerante ao glúten: é quando a pessoa tem dificuldade em digerir esta proteína, danificando as paredes do intestino delgado. Os sintomas podem ser diarreia, dor e inchaço abdominal, irritabilidade ou perda de peso.
  • Alérgico ao glúten: quando se trata de alergia, existe sempre uma componente genética ou imunológica por trás. As manifestações acontecem quando o paciente ingere alimentos que tem na sua composição glúten. As pessoas que são alérgicas ao glúten sofrem de doença celíaca.

Os sintomas de doença celíaca ou sensibilidade ao glúten são:

  • Diarreia;
  • Dor abdominal;
  • Perda de peso e falta de apetite;
  • Inchaço ou sensação de saciedade;
  • Erupção cutânea com coceira;
  • Atraso de crescimento (em crianças);
  • Vómitos;
  • Perda de Peso;
  • Barriga inchada;
  • Evacuações grandes e volumosas, com fezes pálidas e muito mal cheirosas;
  • Irritabilidade ou apatia;
  • Falta de apetite.

Qual o tratamento recomendado?

O tratamento passa, inevitavelmente, por eliminar o glúten da alimentação. Atualmente, já existe uma grande diversidade de alimentos sem glúten, facilitando a vida aos celíacos e aos intolerantes a esta proteína. É importante estar atento e saber ler os rótulos na hora de ir às compras, sendo que a maioria das marcas já faz referência quando o produto é “isento de glúten” ou “gluten free”.

Alimentos como milho, tapioca, farinha de arroz, amaranto, trigo sarraceno, quinoa podem ser consumidos por doentes celíacos sem qualquer consequência

Alimentos que contêm glúten

Qualquer pessoa que esteja a fazer uma dieta sem glúten ou que pretenda reduzir a ingestão de glúten pode encontrar listas de alimentos a evitar e alternativas a considerar.

O glúten é habitualmente ligado a grãos, contudo também pode ser encontrado num leque alargado de outros alimentos, como bebidas, suplementos, etc..

. Grãos que contêm glúten:

  • Trigo;
  • Centeio;
  • Cevada;
  • Seitan;
  • Derivados de Trigo: Espelta, Durum, Cuscuz, Sêmola, Farinha, Bulgur, Farelo de Trigo, Amido de Trigo, Gérmen de Trigo, Farinha de Graham, entre outros.

. Alimentos que habitualmente contêm glúten:

  • Pães e seus derivados, com, por exemplo, pão ralado, tostas ou croutons;
  • Massas;
  • Bolos e Pastéis;
  • Biscoitos;
  • Alguns cereais utilizados para o pequeno-almoço;
  • Vinagre;
  • Maltes ou extratos de malte;
  • Levedura de Cerveja.

. Alimentos que podem conter glúten:

Neste tipo de alimentos é importante consultar a lista de ingredientes antes de consumir.

  • Batatas fritas ou tortilhas;
  • Molhos para saladas, marinadas e vinagres;
  • Sopas;
  • Carnes processadas;
  • Molho de soja;
  • Cereais e granolas;
  • Recheios;
  • Algumas bebidas alcoólicas.

. Itens não alimentares que podem conter glúten

  • Certo tipo de medicamentos, vitaminas, suplementos ou ervas;
  • Batons ou protetores labiais que podem contaminar os alimentos que introduzimos na boca;
  • Qualquer tipo de contaminação cruzada como: tábuas de cortar, torradeiras e utensílios, recipientes de comida, óleo de fritura reutilizado, padarias e/ou pizzarias.

Devemos evitar o glúten?

Sem dúvida nenhuma que estamos numa época em que há uma maior consciência da existência do glúten. Porém, se a sua saúde intestinal está bem e não apresenta sintomas, deixe de se preocupar com o glúten e disfrute da sua boa saúde e de uma alimentação variada e equilibrada.

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