Uma das grandes lacunas das relações são a cobrança e as expectativas. Atenção que estou a referir-me a todas as relações, as familiares, as amorosas e inclusive as amizades. Confunde-se muito amor com responsabilidade e obrigações. É natural que quando se ama alguém, se queira cuidar dessa pessoa e isso é maravilhoso. Mas o problema está, quando se começam a assumir as responsabilidades que dizem respeito ao outro, aí não estamos a falar de cuidar, nesse momento estamos a sair do campo cuidar, para entrar numa área de desamor, falta de respeito e sobrecarga com o nosso corpo, pelas nossas emoções e pela nossa felicidade.
Cuidar e ser cuidado é simplesmente maravilhoso, mas não nos vamos esquecer que nesse cuidar, devemos estar nós também – é uma regra obrigatória para existir uma relação honesta com o nosso eu, e pacífica com o eu do outro. Ficamos sem dúvida, bem na fotografia quando começamos a fazer de tudo e mais alguma coisa pelo outro, recebemos elogios, recebemos palavras de apreço…Mas, ao final de algum tempo, o caso vai mudar de figura, tu colocaste-te tantas vezes no papel de dar, dar e dar e fazer, fazer e fazer, que para o outro, passou a ser natural, não um mimo extra, apenas algo adquirido. Para ti, passou a ser anti natura, porque deixaste de saber o que é receber e entraste no papel de quem se espera que tudo resolva. Digam as pessoas o que disserem, que amar é dar sem esperar em troca, o que é de facto verdade, ninguém consegue permanecer numa relação de forma saudável, se não existir o fluxo natural do dar e receber.
Mas afinal de contas, o que nos faz estar neste papel de carregar o peso dos outros? Se isso se vai transformar em dor, frustração e tristeza, o que nos leva a manter esse peso em cima dos ombros? Há várias questões que têm de ser tidas em conta, pode haver várias motivações para carregarmos o mundo às costas, mas se passarmos a ter consciência delas, elas vão sendo libertas. E aqui o que se pretende é que de facto te DES-LARGUES do peso do que não te diz respeito e faças de forma leve, o caminho que te compete.
Motivações (podem estar ao nível do inconsciente)
- Ser visto como um “herói”;
- Procurar o reconhecimento e o amor do outro;
- Refúgio aos próprios problemas;
- Preocupação excessiva e necessidade de controlar;
- Não confiar nas capacidades do outro;
- Necessidade de se superiorizar e dizer que dá e faz mais.
Consequências (decorrentes do peso que começa a ser demasiado pesado ao final de algum tempo)
- Frustração;
- Cobrança;
- Expectativas defraudadas (fez demais e não obteve o reconhecimento do outro);
- Revolta e mágoa;
- Irritabilidade,
- Cansaço extremo;
- Impaciência e mau humor;
- Tendência para se revoltar com “tudo e com todos”;
- Vitimização;
- Queixume;
- Tensão muscular no rosto e na zona dos trapézios e das costas;
- Stresse;
- Depressão;
- Aparecimento de doenças ligadas ao sistema nervoso.
Na maioria das vezes, as motivações que nos levam a fazer pelos outros, o que eles devem fazer por eles mesmos, surgem ao nível do inconsciente. Inicialmente, a pessoa quer tanto ser amada e mostrar que ama, que faz e vai fazendo. Mas com o tempo há um ciclo vicioso, quanto mais se faz, mais o outro foi educado para não fazer, alimentando-se de inércia, e assim, vão-se criando frustrações e inseguranças de parte a parte. Quem fez demais (literalmente) não se sente amado e por isso cria em sim insegurança relativamente ao seu valor para o outro. Quem foi habituado a não ter de “se mexer”, cria sentimentos de insegurança, sente-se incapaz, começa a acreditar que depende do outro para resolver a sua vida, criando-se assim, crenças limitadoras de parte a parte. Por um lado, temos o “herói de pesos pesados” que passou a limitar a sua própria vida, por ter a crença de que se não fizer o outro não faz, acabando por não sair do mesmo padrão de dar; por outro, temos o “pobre coitado” que passou a acreditar que só o “seu herói” pode resolver as suas questões, limitando os seus próprios passos, limitando a sua própria ação na vida.
Des-LARGA-TE do peso dos outros e não aceites menos do que o amor, não aceites receber menos do que o amor, não aceites dar menos do que o amor….Só assim poderás viver honestamente os teus relacionamentos, só assim poderás acima de tudo, viver um relacionamento honesto contigo mesmo.
Os medos têm este dom de nos desviar do nosso brilho e de escurecer as nossas relações, mas quando tomas consciências disso, sais do lado do efeito, e entras no lado da causa, ou seja, descobres a raiz do problema e é nesse momento que a cura se dá e os milagres acontecem e eu tenho a certeza que tu vais querer experienciar o milagre que é viver livre de pesos que não queres carregar e repleto de amor pelas escolhas feitas pela tua essência.
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