Esta tem sido uma época muito desafiante para todos nós, a vários níveis. Até agora não sabíamos o que era viver com uma pandemia. Desconhecíamos como sobreviver ao isolamento social. Estamos a aprender a viver um dia de cada vez, segundo estas novas dinâmicas e rotinas que se instalaram na nossa vida.
Estamos privados das manifestações de amor, de carinho e amizade a que estávamos habituados. Não podemos abraçar, beijar, nem ter por perto quem amamos e, por isso, estamos todos a aprender novas formas de fazer frente a esta distância física. Porém, no meio de toda esta reorganização emocional e afectiva, tenho a certeza que, em nenhum momento, nos passou pela cabeça abandonarmos ou deixarmos para trás, aqueles que amamos. Ninguém pensou em abandonar o pai, a mãe, o irmão, um filho, um afilhado, uma amiga de toda a vida, um amigo do peito, simplesmente porque não podemos estar perto deles da mesma forma. Razão pela qual pergunto:
Porque, nesta altura de pandemia, tantas pessoas estão a abandonar os seus animais?
Para mim, um animal é mais um elemento da família. Não tenho outra forma de olhar para ele. Não tenho outro sentimento que não seja o de amor, como sinto por um elemento da família, que me seja muito próximo.
Preocupo-me com o seu bem-estar. Preocupo-me com o seu equilíbrio. Preocupo-me com a sua felicidade e preocupo-me com as alterações que também na vida dos animais tiveram de acontecer por causa da pandemia. Mas, em momento algum, nem por breves instantes, me passa pela cabeça deixar para trás um Ser que amo tanto. Por isso, pergunto:
Quem são estes donos que abandonam os seus animais? Que pessoas são estas?
Que devido à pandemia acham que deixar para trás o seu animal de estimação é normal e compreensível? Que sentimentos é que, afinal, ligam estas pessoas aos seus animais? O que é que habita no coração de uma pessoa que é capaz de abandonar o seu animal, sabendo que com isto lhe vai provocar uma tristeza profunda e infinita? Ou acha que não!? Se acha é mais grave ainda!
Os animais também têm sentimentos!
Aos animais também dói as atrocidades que os humanos lhes fazem. Física e emocionalmente.
Mesmo que exista algum risco de os nossos animais de estimação nos poderem contagiar com Covid-19, o que temos de fazer é aumentar as regras de segurança.
É aumentar o cuidado que temos se os levamos à rua e seguir todas as regras de segurança antes de entrarmos em casa. É só isso que temos de pôr em prática. Tal e qual como temos de colocar em prática connosco se saímos para tratar de algum tema inadiável ou para suprir as necessidades básicas da família. É a mesma coisa! Mas, nunca, nunca em circunstância alguma, deixá-los para trás.
Nunca deixar ninguém para trás!
A campanha que a TVI lançou no passado Sábado, juntamente com a Missão Continente e a Federação Portuguesa de Futebol (FPF), com o mote “Nunca Desistir”, diz nas entrelinhas nunca deixar ninguém para trás. E, ninguém inclui os nossos animais de estimação! Eles não podem ficar para trás.
Deixar um animal para trás é uma forma de mau trato.
É como deixar para trás uma pessoa de família de quem dizíamos gostar muito. Se calhar não gostamos assim tanto dos nossos animais… Porque quando se gosta verdadeiramente de um animal, quando se lhe quer bem, quando a felicidade dele é importante para nós, não o deixamos para trás. Quem consegue deixar para trás um animal, também consegue deixar para trás uma pessoa. E, por isso, no coração destas pessoas deve haver muito mais do que uma pandemia.
Nota: Fotografias por Verónica Silva