Este é um mês em que após as tão desejadas férias de verão, temos de nos preparar para o regresso às rotinas que ocupam grande parte do nosso ano. Para os pais, como é o meu caso, é voltar a focar na reorganização da casa e da vida escolar dos filhos, assim como no trabalho. Para os filhos, o voltar a ter rotinas, responsabilidades e o regresso às aulas.
O regresso às aulas é um período de transição exigente para todos.
Os nossos filhos estiveram meses a descansar e a divertirem-se e, por isso, quando chega este momento, às vezes apresentam alguma resistência. Claro! Nunca se cansam de brincar! É legítimo! O desafio é fazê-los perceber que regressar à escola não é deixar de ser criança. É, sim, ter a oportunidade de aprender e crescer bem, dentro do seu tempo. Que a escola também é importante para o seu bem-estar e para a sua felicidade.
Integrar os nossos filhos na preparação deste regresso às rotinas.
Se pudermos, devemos logo integrar os nossos filhos na preparação deste regresso. Antes de mais olhar para os materiais do ano anterior que estão em bom estado e aproveitá-los. Reciclar tudo o que for possível, para combater o desperdício e poupar dinheiro.
Depois levá-los connosco para comprarem os materiais escolares, dentro do orçamento que estipulámos. Isto tem a vantagem de poderem escolher as suas coisas e de se habituarem a gerir dinheiro. Mesmo quando são pequenos, vale a pena ir habituando a dizer coisas como “a mochila tem de ser até valor X” ou “o estojo não pode passar de Y”. Foi assim que habituei os meus dois filhos a olharem sempre para a etiqueta do preço.
Quando chegarem a casa, é importante que sejam eles a organizar o material, verificarem se falta alguma coisa e porem o nome em tudo. Supervisionamos, mas eles fazem. Nós ainda ficamos com muitas outras tarefas. Organizar as idas e regressos da escola, as actividades extracurriculares, quando as têm, as marmitas e lanches, e tantas outras coisas que surgem no dia-a-dia. Isto a par da nossa vida profissional que normalmente também tem rentrée e, por isso, também é particularmente exigente.
Para que funcione tudo em equilíbrio, temos de investir mais naquele que é o papel mais difícil: educar.
Estabelecer regras e fronteiras aos nossos filhos, fazê-los perceber porquê, dar afecto, mimo, colo e, acima de tudo, ter tempo para os ouvir. Cada vez mais acho que o maior segredo da educação está no ouvir e ler os nossos filhos. Quando eles sentem que temos verdadeira disponibilidade para eles, que para nós é muito importante ouvi-los e valorizar os seus sentimentos, sejam eles quais forem, e que há sempre tempo para comunicar, estabelecem-se pontes. E, estas devem ser criadas desde o nascimento. Assim que começam a falar, mesmo que seja num linguarejar próprio, o que mais querem é que os entendamos. E, isto é válido para o resto da vida. Os nosso filhos querem que os compreendamos, que consigamos pôr legendas naquilo que nem eles percebem.
A base da educação é mesmo a comunicação.
E, isto pode ser feito a sós no quarto, num passeio os dois, num jantar em que estejam totalmente um para o outro. Ainda hoje mantenho esse hábito com a minha filha, que já tem 18 anos. Gostamos de ter as nossas conversas, sozinhas. O meu filho tem 9 anos e desde sempre tenho procurado que ele sinta que não precisa de me procurar quando algo se passa. Sou eu que vou na sua direção porque sinto e até pressinto quando não está bem. Começando as correrias da escola e trabalho, às vezes não é tão fácil manter a nossa antena sintonizada.
Criar uma rotina e ter tempo de qualidade em família.
Por isso, é bom que criemos, por exemplo, a rotina de fazer da refeição um momento de partilha, de estar efectivo. Aproveitar o tempo a seguir à refeição para fazer qualquer coisa em conjunto. Aos fins de semana, é muito, muito importante ter tempo para fazer actividades em família. Tudo isto une, aproxima, facilita a educação, enriquece os afectos e enche o coração de pais e filhos.
Nota: Fotografia por Verónica Silva.