Numa conversa recente ouvi o seguinte: “É muito complicado para o ambiente de trabalho verificar que os colaboradores só se unem para dizer mal do chefe”. A pessoa, sem deixar de reconhecer que havia más chefias, lamentava que o mesmo sucedesse com uma chefia competente, desvalorizada constantemente, pressionada a responder a todos os pedidos da sua equipa, sem ter o retorno de um trabalho feito com brio. Esta pessoa trabalhou em 3 continentes (América, Europa e Ásia), com países nos dois hemisférios, na área de recursos humanos. Perguntei se isso se verificava em Portugal, e a resposta foi rápida: “É muito comum, sem dúvida!”
Compromisso(s) no trabalho
Todas as semanas ao entrarmos no local de trabalho, seja por conta própria ou de outrem, sabemos que temos tarefas a desempenhar e resultados a apresentar. Podemos estar mais ou menos satisfeitos com as funções que desempenhamos, mas, naquela semana e nas seguintes, vamos passar a maior parte do nosso tempo a trabalhar. Precisamos de ganhar dinheiro, pagar contas, ocupar o nosso tempo, procurar a sensação de realização, evitar o isolamento social, entre outras coisas. O trabalho é também um ato criativo: onde não existia nada, agora existe o que criámos.
Centrar o nosso tempo em trabalhar bem gera satisfação no trabalho.
Sei que há muitas outras questões associadas: se a remuneração é satisfatória, se somos valorizados pelo que fazemos, se foi para isto que estudámos… Ainda assim, acredito que há margem para orientar a nossa atenção em como nos melhorar e, nesse processo, contribuirmos para a sensação de auto-realização. Não dependemos da aprovação do chefe, dos colegas ou de um cliente. Somos nós, connosco próprios.
Admiramos pessoas como o Ronaldo: tanto sucesso, tanto dinheiro e a fazer o que gosta! Mas, também sabemos que ele é muito focado em aperfeiçoar-se fisicamente, treinando passes e remates até à exaustão. Está comprometido em ser O melhor! O Ronaldo representa o conceito Prática Deliberada da melhor forma: identificar os detalhes que queremos melhorar e treinar cada detalhe até atingirmos a mestria.
Regressando à ideia de que mal vai uma empresa em que os seus colaboradores só se unem para criticar a chefia, recordemos que o tempo gasto na maledicência e queixume não nos melhora e a longo prazo fragiliza o nosso trabalho. O compromisso connosco, em fazer o nosso melhor, mesmo que ninguém esteja a ver, contribui para um sentido de liderança pessoal, foco em objetivos e conquista de resultados.
Para ser grande, sê inteiro: nada
Teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa. Põe quanto és
No mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda
Brilha, porque alta vive.”
Ricardo Reis (Heterónimo de Fernando Pessoa), in “Odes”
Votos de bons compromissos!