O desconfinamento começou, as pessoas retomam as suas actividades e o uso de medidas de proteção generalizou-se. Temos (e bem) de usar máscaras em locais fechados e evitar a transmissão de saliva/gotículas pela boca e nariz. E as mãos, como as proteger?
Cada vez mais se vêem pessoas de luvas impermeáveis – latex, nitrilo, plástico – nas lojas, restaurantes, cafés, jardins, nas compras, nos passeios, nos parques. Pais e crianças de luvas impermeáveis a passear, taxistas a conduzir de luvas impermeáveis, banhistas de luvas (!) na praia.
Todos os dias aparecem na consulta de dermatologia pacientes com feridas, gretas e fissuras nas mãos – dermatite irritativa das mãos – causada por uso incorrecto dos agentes de limpeza (álcool gel e sabão) e por uso prolongado de luvas impermeáveis.
O que devemos saber sobre luvas:
Há luvas para proteger as mãos em diferentes profissões: luvas de jardinagem (de pano grosso ou cabedal), luvas de mecânico (de couro), luvas de hotelaria/recepcionista (de algodão ou poliéster), luvas de condução (de pele ou poliéster, sem dedos), luvas de lavagem da loiça (de borracha), etc., ou seja, cada profissão/função tem luvas apropriadas para, por um lado, proteger a pele (evitando a fricção, evitando óleos de mecânica, contacto com ervas, etc.) ou, por outro lado, proteger o objecto que se toca (evitar a transferência de gordura das mãos para os objectos, como, por exemplo, na hotelaria ou no manuseio de livros preciosos).
As luvas impermeáveis são para proteger a pele de líquidos (lixívia, detergente), secreções ou material de alto risco bacteriológico (laboratórios de análises, hospitais). São para calçar nesse período (curto) e retirar a seguir. Não são para usar continuamente durante o dia, muito menos para andar de luvas impermeáveis na rua com temperaturas de 30 graus (as mãos transpiradas literalmente “cozem” dentro das luvas). Mãos com feridas são mãos em risco de contaminação por todo o tipo de micróbios (e não unicamente pelo COVID-19) e temos de zelar para que a pele esteja sempre íntegra.
Portanto, não ande de luvas impermeáveis na rua, praia, jardins. O seu uso deve ser estrito e limitado no tempo para a maioria da população (enfermeiros e médicos usam-nas no contacto com os doentes infetados, mas retiram-nas a seguir).
Então, que luvas posso usar para me proteger?
- Se simplesmente vai fazer um passeio ou à praia, nenhumas. Não toque na boca ou nariz, lave as mãos quando chegar a casa com água e sabão e aplique creme hidratante.
- Se tem uma profissão em que necessita de pegar frequentemente em objectos de outra pessoa (taxista, recepcionista, lojista, por exemplo, de baixo risco bacteriológico/virológico) use luvas de bricolage, de tecido no dorso da mão e com borracha na palma – permitem que a pele “respire” e que se faça a desinfecção da palma da luva com álcool gel. Encontra-as à venda em lojas comuns de bricolage. São práticas, baratas, reutilizáveis e protegem as mãos sem as comprometer.
- Se tem de cuidar de alguém infetado ou suspeito de estar doente, se tem de mexer, lavar objectos comprovadamente infectados ou suspeitos (alto risco virológico), então, sim, calce luvas impermeáveis descartáveis, use-as e retire-as assim que possível. De seguida lave as mãos com água e sabão e aplique creme hidratante.
Lembre-se: as mãos são o seu ponto principal de contacto com o exterior, tem de as proteger mas com segurança.