Com o tempo muitos casais queixam-se da falta de interesse do outro sentindo-se até pouco desejados. Durante a minha especialidade, o meu professor de endocronologia falou-nos da fisiologia da paixão, de como a “novidade” ativa vários órgãos do nosso corpo e de como as hormonas nos deixam em euforia. A paixão dura aproximadamente 18 meses. Lembro-me de ter achado aquele facto redutor e de ter sentido desânimo, como quando descobri que o Pai Natal não existe. Segundo o meu professor não seria possível sobrevivermos se vivêssemos com o coração a mil, fome e sem dormir. Mas…
Desde cedo que nos ensinam que é para sempre. Lembram-se de como terminavam todas as histórias? Tão pouco real…
Manter a paixão pode ser até fisiologicamente difícil, mas o amor pode estar lá mesmo sem estrelinhas e sininhos.
Viver a dois não é fácil, se ao início apenas o sexo importa e cada momento é único e especial, pois com o passar do tempo outras prioridades surgem. E descobrir realmente o outro pode ser um desafio… até desencantador.
Hoje em dia, com a vida exigente que temos, gostar do outro pode não ser suficiente para ultrapassar tantos desafios. E se antigamente, por conta de uma sociedade repressora, muitos casais permaneciam juntos, há quem diga que atualmente já não se faz um esforço, abandonando o barco à primeira dificuldade.
Não existem receitas mágicas, mas é certo que o amor, os sentimentos não chegam.
Sempre considerei importante que nos preparássemos para as dificuldades em vez de acreditarmos quando nos dizem que é tudo cor de rosa e tentador. Acho que os ingredientes mais importantes num relacionamento são: o respeito que devemos ter pelo espaço e individualidade do outro e a admiração. Relações onde não existe espaço para continuarmos a existir têm mais dificuldade em resistir.
Se o amor, por si só, não é suficiente, não esperemos que o sexo o seja.
Tantas pessoas que têm uma vida sexual activa, mas que depois não há mais nada…
Costumo muitas vezes comparar as relações a um campo relvado que para permanecer verdejante precisa de ser regado, aparado, adubado… Assim são as nossas relações. Precisamos de as alimentar, cuidar e proteger.
É preciso alimentar, cuidar e proteger as nossas relações para que se mantenham acesas.
É importante reconhecermos que não existem relações perfeitas e que é na dificuldade que também crescemos e ultrapassamos obstáculos. Não devemos desistir à primeira, mas não devemos ficar se nos prejudicar ou diminuir.
Manter uma relação acesa é muito mais do que preparar surpresas, é ver no casal oportunidade de crescimento para ambos, onde o respeito, a admiração e o cuidado pelo outro não pode faltar.