Como gerir filhos de idades muito diferentes?

Andreia Lourador // Agosto 24, 2022
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Hoje em dia podemos planear quantos filhos queremos ter e inclusive qual será a diferença de idade entre eles. Enquanto muitos casais preferem ter filhos seguidamente, para concentrar em poucos anos as funções inerentes à infância, e também para que ambos os filhos sejam companheiros de brincadeiras e jogos, outros casais preferem que a diferença de idade seja maior para desfrutar de cada filho separadamente e prolongar por mais tempo a presença de um bebé na família. Os motivos que sustentam as escolhas diferem.

E como gerir filhos em idades diferentes? Palavra de ordem: Descomplicar.

Primeiramente, é preciso ter em atenção, que nestes casos, cada um terá necessidades diferentes, e dependerá de performances também elas diferentes por partes dos pais.  No entanto, é importante não instituir que a idade de um irmão é melhor que a do outro. É determinante a existência de uma régua equitativa nas regras, ou seja, que elas sejam as mesmas, respeitando naturalmente as diferenças de idade. Relembrar que estamos a lidar com pessoas diferentes em momentos da vida diferentes, e que, por isso, há que validar a individualidade e singularidade de cada um.

Pais, cuidado com os rótulos!

Como psicóloga alerto sempre os pais, quando existem irmãos, para os perigos de criar rótulos. É muito doloroso para uma criança quando existe comparação com um irmão. Isto gera muitos conflitos internos e complicações emocionais. Como ser menos inteligente ou menos fácil do que o outro, pode marcar para sempre a criança e comprometer todo um saudável processo de desenvolvimento, que resultará mais tarde num adulto que acredita que realmente é menos inteligente ou difícil de lidar. Isto é muito negativo para a formação da identidade da criança, para a sua autoimagem, autoestima e valor pessoal.

Validar emoções em todas as idades

Não é por ser o filho mais novo, ou por ser o mais velho, que não devemos validar as emoções. As emoções devem ser validadas em todas as idades.

Uma das consequências de ignorar as emoções, que acontece tendencialmente quando existem filhos de diferentes idades, é o sentimento de incompreensão e injustiça. Cada um tem que ser analisado e as suas diferenças precisam de ser respeitadas desde sempre e para sempre. Muitas das vezes os pais exigem empatia somente aos irmãos mais velhos em detrimento das emoções dos mais novos. Mas validar emoções é ter tempo de escuta para todos. Devemos deixar que se exprimam, cada um no seu tempo, e reafirmar o nosso apoio e o nosso amor.

E como agradar a todos quando gostam de coisas diferentes?

Calma pais! A boa notícia é que é possível existir uma saudável e enriquecedora dinâmica familiar com filhos em idades distintas. Promover atividades combinadas ou encontrar algo em comum, que todos gostem, mas também ter em atenção as atividades que cada um gosta, permitindo-lhes o seu tempo individual. Com idades diferentes, aparecem necessidades diferentes e gostos diferentes, e é importante ensiná-los sobre isso. Com equilíbrio e organização, conseguimos criar uma convivência integrada e conectada entre os mais velhos e os mais pequenos.

Relação ganha-ganha

Muitas vezes e erradamente, ouvimos que devemos ceder nas relações. Mas ceder implica que alguém perca, para que outro possa ganhar. Então, a chave para as relações serem saudáveis é na verdade a negociação. É a negociar que todos ganham. A característica fundamental da negociação é que ninguém perde, pois, o objetivo é que todos saiam a ganhar de acordo com os seus interesses. Esse resultado é obtido através de relacionamentos colaborativos, que visam o crescimento mútuo. Para tal, uma comunicação transparente e a partilha de opiniões contribuem para o alinhamento dos interesses de cada um dos elementos da família.

A dica é criarmos um espaço de consideração entre todos, onde as regras sejam equalizadas, respeitando a diferença do momento de cada um. Assim, todos se percebem na mesma medida. É importante estar atento às necessidades de cada idade das crianças, pois além de lidar com os diferentes temperamentos, pontos de flexibilidade de cada um, deve-se criar um espaço onde todos tenham voz, se sintam participantes dessa família e aprendam a valorizar esse espaço como um bom lugar para se relacionar, para serem amados e aprenderem a amar.

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