Perante as imagens de guerra veiculadas pela comunicação social, todos aqueles que lidam de perto com crianças expressam dúvidas e preocupações. O que devemos comunicar às crianças? Como comunicar? O que comunicar? Que quantidade de informação? É que, se por um lado, não devemos adiantar informação, camuflá-la não parece ser o caminho.
É importante não esconder das crianças a realidade, ainda que ela seja dura e cruel.
Sem alarmismos, é importante que não deixemos passar despercebida a situação, sobretudo quando são elas que nos interpelam sobre o assunto.
Ainda que difícil, a abordagem ao problema da guerra é de uma importância extrema porque dá aos adultos a oportunidade de ajudarem as crianças a sentirem-se seguras, e a conhecerem e compreenderem melhor o mundo em que vivem.
Na sua gramática, o que elas nos pedem, muitas vezes é, de alguma forma: “Traduz-me isto”.
Sobre como o fazer, é necessário atender a um conjunto de fatores como sejam: a idade, o nível de desenvolvimento e de maturidade cognitiva, as circunstâncias de vida das crianças, a sua realidade social e familiar.
Considera-se importante criar também na escola condições e oportunidades para falar com as crianças e com os jovens sobre a guerra; proporcionar-lhes oportunidades para expressarem – através do diálogo, de jogos, de histórias, do desenho – as suas angústias e inquietações. Encorajar a verbalização das preocupações e dos medos das crianças. Não evitar as suas perguntas, e adequar as explicações e as respostas à idade e maturidade das crianças.
Devemos também evitar rótulos de “os bons” e os “maus”.
Acima de tudo, devemos esforçar-nos para que as crianças percebam as formas de resolução de conflitos, que passa pelo diálogo e acordos.
Não se deve recear as perguntas das crianças nem a expressão das suas inquietações, deve-se antes dar espaço para que expressem aquilo que sentem, partilhando angústias e receios.