Como está o coração dos nossos?

Fátima Lopes // Abril 21, 2021
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Como está o coração dos nossos
Como está o coração dos nossos

Este tema “Como está o coração dos nossos?” surgiu-me pela escuta de muitas conversas de amigos e familiares, onde senti que estamos todos um pouco perdidos sem saber ao certo o que são as nossas novas rotinas, o que já podemos e o que ainda não podemos fazer. E, tudo isso, sem nos apercebermos, acabou por afectar também aquilo que nós comunicamos, ou não, com os nossos. 

Aos poucos tenho-me apercebido que as pessoas estão sem saber muito bem como estabelecer pontes de comunicação mais íntimas com o coração dos que amam. De alguma forma, esta imposição de distância, de não podermos estar uns com os outros, nem muitas vezes com aqueles que amamos, fez com que muitos de nós ficássemos uma espécie de desajeitados emocionais. Ou seja, parece que se perdeu o à vontade e a facilidade em nos sentarmos e conversarmos olhos nos olhos, algo que era normal e que acontecia, provavelmente, sempre que sentíamos necessidade. 

A pandemia também afectou a qualidade da nossa comunicação com aqueles que amamos.

Nem todas as pessoas têm essa necessidade de comunicar olhos nos olhos com aqueles que amam, mas para as que têm, o facto de não o poderem fazer por não ser permitido, deixou-as um pouco perdidas. E é importante ter consciência disso. O que é que quero dizer com isto? Que temos de ter consciência que a pandemia também afectou a qualidade da nossa comunicação com aqueles que amamos. Tendo essa consciência, temos de inverter o processo, o que não é assim tão complicado.

Como está o coração dos nossos?

Primeiro, esta é uma pergunta desbloqueadora. Se nós fizermos esta pergunta aos nossos, àqueles que amamos – aos nossos amigos, aos nossos pais, aos nossos filhos, às nossas companheiras ou companheiros -, podemos ter do outro lado alguém que fica meio aflito, sem saber o que dizer e que até pode responder: “Mas, porque estás a perguntar isso agora?”; “Qual é a razão dessa pergunta?”. A devolução de uma destas perguntas é uma espécie de fiozinho que vamos começar a puxar, a puxar, a puxar e cujo objetivo é que os que amamos percebam que não nos esquecemos deles, nem perdemos a capacidade de auscultar o seu coração. Essa continua a ser uma prioridade na nossa vida. 

Desconfinar as nossas relações cabe-nos a nós. 

Agora que vamos desconfinando, temos de ter a consciência que nos cabe a nós desconfinar as nossas relações Ou seja, voltar a estabelecer pontes de proximidade e intimidade. Durante o período em que não podíamos estar fisicamente com os nossos, mesmo que falássemos todos os dias ao telefone ou por videochamada, não é a mesma coisa, nem nunca será! 

O contacto presencial, o olhar os olhos do outro, o sentir a sua energia, a sua respiração, até o seu body language, enquanto falamos deste ou daquele tema, é extremamente valioso em termos de informação. E isso é daquelas coisas que temos de ter em atenção nesta fase. 

Auscultar o coração daqueles que nós amamos é muito importante. 

Assim como é igualmente importante partilhar como é que está o nosso coração. E aqui não estou a falar a nível amoroso, estou a falar em coração enquanto bastião das nossas emoções. É muito importante abrir essa porta. 

Receio sempre que um dos efeitos desta pandemia, seja ficarmos desajeitados emocionais e ficarmos menos capacitados para falar das nossas emoções, do nosso coração e com o coração. Para que isso não aconteça, tem de haver uma tomada de consciência e um querer fazer acontecer. 

Falar das nossas emoções é extremamente importante. 

Com os meus filhos, por exemplo, procuro cultivar com cada um deles alguns momentos a sós, em que só estou com um ou só estou com o outro. Para quê? Para poder conversar intimamente com um e intimamente com o outro. E isto é muito importante. Com os meus pais também procuro fazer a mesma coisa. Para quê? Para poder auscultar-lhes o coração, ouvi-los, senti-los, dar-lhes uma âncora de esperança, uma palavra de alento caso precisem, ou simplesmente receber a boa energia e a esperança que eles têm sempre. Muitos anos de vida trazem esta sabedoria e esta capacidade de saber que não é isto que nos vai fazer cair e que nós vamos sobreviver. 

Deixo-vos aqui como sugestão, pegarem nesta pergunta e tentarem responder: “Como está o coração dos vossos?”. 

Nota: Fotografia por Verónica Silva

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