Como cultivar o amor-próprio?

Vânia Duarte // Setembro 13, 2020
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Amor-próprio este conceito tão bonito de que se fala tanto nos dias de hoje e que devia fazer parte da nossa vida desde o momento em que nascemos até ao momento em que partimos. Amor-próprio essa arte tão empoderadora e ao mesmo tempo tão desafiante.

Vivi muitos anos sem amor-próprio. Demasiados para dizer a verdade. Entre um distúrbio alimentar que esteve comigo durante 8 anos até dietas infindáveis que me levaram ao hospital vezes sem conta. Foram mais de 15 anos a lutar contra o meu corpo, a minha imagem corporal e, acima de tudo, contra a minha cabeça.

Odiei-me muito. Quis trocar de corpo várias vezes. Procurei dietas e exercícios milagrosos vezes sem conta. Repeti ano após ano as mesmas promessas e resoluções de que ia conseguir alcançar um corpo de sonho e assim passar a gostar mais de mim. No final acabava sempre a compensar as minhas frustrações na comida.

A relação comigo própria acabou por mudar aos 30 anos quando fui parar ao hospital por causa de uma nova dieta que tinha feito. Nessa altura, depois de perceber que tinha andado os últimos 15 anos a lutar contra mim própria, decidi que tinha de mudar e, acima de tudo, mais do que o exterior eu precisava de realmente mudar a forma como olhava para mim.

A partir daí começou a minha grande jornada para nutrir o meu amor-próprio e aquilo que acabei por perceber foi que… 

O amor-próprio tem acima de tudo a ver com escolhas.

Escolhas alimentares, escolhas na forma de viver e de estar, escolhas de pessoas que queres ou não ter na tua vida. Assim trago-te 4 dicas que para mim são fundamentais para nutrir o meu amor-próprio diariamente.

4 Dicas para nutrir o amor-próprio diariamente:

1. Escolhe um mantra e repete-o todos os dias

Desde 2016 que tenho um mantra pessoal e que é: “Eu sou suficiente”. Digo este mantra todos os dias quando acordo em frente ao espelho. Isto pode parecer meio maluco, mas a verdade é que quando dizes algo todos os dias a tua mente acaba por interiorizar como sendo uma verdade. Ora durante anos eu disse a mim própria coisas muito pouco felizes, mas como o disse tantas vezes acabei por realmente acreditar que eu era aquilo que pensava. Assim, quando em 2016 procurei ajuda nutricional e psicológica para me curar comecei a fazer o inverso, a dizer algo bom e positivo sobre mim todos os dias e devagarinho este mantra interiorizou-se de tal forma que mesmo nos dias menos bons quando o digo, uma força acende-se cá dentro.

2. Permite-te ao silêncio

Eu sempre fui muito comunicativa e sempre gostei muito de estar rodeada de pessoas talvez para combater o facto de não me sentir bem na minha pele e não querer enfrentar isso. Quando decidi curar-me passei a experimentar passar tempo sozinha em silêncio, sem telemóveis, pessoas ou televisão e a verdade é que foi muitas vezes no silêncio que acabei por encontrar respostas para muitas questões pessoais que tinha. Assim passei a cultivar o silêncio pela manhã. Acordo mais cedo que o resto da casa e durante a primeira hora não digo absolutamente nada. Medito, respiro, escrevo no meu caderno, faço a minha prática de Yoga e só depois de tudo isto é que falo com alguém ou pego no telemóvel.

3. Escolhe comer por amor

A minha relação com a comida sempre foi muito disfuncional. Eu comia para celebrar ou comia para me punir e de ambos os lados a compulsão alimentar sempre fez parte. Quando pedi ajuda nutricional uma das coisas abordadas foi esta relação que eu tinha com a comida e percebi que independentemente de estar feliz ou triste tudo se resumia a escolhas. Ora se eu tinha a capacidade de escolher comer compulsivamente alimentos menos ricos nutricionalmente, também tinha a capacidade de fazer o inverso e sabia que de cada vez que o fazia era mais uma pequena vitória contra as compulsões. Passar a comer por amor a mim permitiu-me olhar para a comida não como algo com calorias e proibições, mas como um mundo de possibilidades que permitem o meu corpo funcionar de forma perfeita e manter-se saudável.

4. Faz algo que realmente te entusiasme

Pode ser uma atividade física, um hobbie ou simplesmente tirar meia hora por dia para ler um livro, mas é extremamente importante que nos afazares do dia a dia encontres espaço para fazeres uma coisa que realmente te apaixone e que te permita focares-te apenas em ti sem teres medo de estar a parecer egoísta. A verdade é que para estares bem com os outros e dares o teu melhor tens de estar bem contigo, por isso é importante que dentro do teu dia consigas manter uma atividade que seja apenas e só tua.

Acima de tudo aquilo que gostava de te passar é que o amor-próprio é feito de pequenos passos todos os dias e não de uma grande mudança repentina. Por isso, começa devagarinho e recomeça a cuidar de ti. 

Nota: Fotografias por Tânia Carvalho

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