Vivemos numa época em que se valoriza cada vez mais o Ter, o exterior, as aparências. Em que andamos diariamente numa correria (como se corrêssemos contra o tempo), sempre atrasados para algo, que muitas vezes nem sabemos o que é. Queremos sempre mais do que aquilo que temos. O marketing e a comunicação fazem-nos sentir insatisfeitos. Permanentemente insatisfeitos connosco, com a nossa vida, com o nosso corpo.
E nesta busca incessante por uma vida perfeita queremos também um corpo perfeito.
Para o conseguir recorremos muitas vezes a dietas, restrições e até punições contra nós mesmos e o nosso corpo. A culpa por termos comido algo calórico que, pensamos nós, era proibido leva-nos à ansiedade. Os “e se” começam a surgir na nossa mente que coloca todos os cenários possíveis e geralmente os piores cenários.
Se esta culpa continuar facilmente vamos ter o pensamento “perdido por 100, perdido por 1000”, em que sempre que comermos algo calórico, por mais pequena que seja a porção, vamos pensar que já está tudo “estragado”, que já não somos bons o suficiente, nem merecedores de um corpo mais saudável e caímos no exagero alimentar.
A longo prazo, esta situação de culpa e ansiedade pode levar a descontrolos e compulsões alimentares e o ciclo inicia-se, levando a um aumento cada vez maior de peso e acumulação de massa gorda.
Qual é um dos principais motivos para este ciclo acontecer?
Está a focar-se na restrição em vez de se focar em mudar o seu pensamento e mudar a forma de se relacionar com a comida e assim conseguir fazer uma alimentação equilibrada! Por isso, vou partilhar 4 estratégias para conseguir comer, de forma saudável e emagrecer, sem sentimentos de culpa, ansiedade ou descontrolos.
4 Dicas para conseguir comer de forma saudável e emagrecer sem sentimentos de culpa, ansiedade ou descontrolos:
1. Amor-próprio e valorização pessoal
Já diz o ditado “se eu não gostar de mim, quem gostará?”. Aprenda a amar-se, a ser a sua melhor amiga/melhor amigo, a ser gentil e paciente consigo e a compreender que é linda/lindo como é, que as imperfeições fazem de si um ser único, perfeito e especial. Este é o ponto de partida para conseguir ter uma relação saudável consigo mesma/o, com o seu corpo e com a alimentação. Se se valorizar e o seu “eu” for uma prioridade vai querer comer alimentos que sabe que a vão nutrir de forma positiva. Que lhe vão dar saúde e energia. Não vai querer “castigar” e punir o seu corpo ora com o excesso alimentar e de calorias, açúcar, gordura… ora com a fome e a restrição.
2. Aceitação
Aceitarmo-nos como somos, como os outros são, como a sociedade funciona. Aceitar o nosso corpo, com as suas imperfeições. Aceitar que vão existir semanas desafiantes. Aceitar que o importante não é apenas chegar à meta (a um determinado número de peso), mas, sim, aproveitar esta viagem para se conhecer melhor, para conhecer o seu corpo, estar atenta às suas necessidades, praticar uma alimentação intuitiva, saborear os momentos e as aprendizagens. Aceitar que o emagrecimento não é apenas sobre o que comemos ou deixamos de comer, mas, sim, a forma como encaramos os desafios da vida, a nossa capacidade de nos adaptarmos aos ambientes (colegas que levam bolachas para o escritório, festas de anos, férias…), a forma como nos vemos a nós mesmas/os, a nossa força e resiliência.
3. Reeducação alimentar
Aprender a escutar mais o corpo. A sentir. A perceber o que precisamos de comer em cada momento do nosso dia, nas diferentes fases da nossa semana, dos meses e anos.
Podemos comer de tudo. Não existem, ou não deveriam existir, alimentos proibidos. Existem, sim, alimentos que nos vão nutrir de forma mais positiva e, por isso, devem ser privilegiados e fazer parte do nosso dia-a-dia. E outros alimentos com uma densidade energética muito grande que não nos trazem benefícios e que, por isso, devemos comer apenas quando nos fizer realmente sentido, sem que haja fome emocional associada, e de forma pontual e moderada.
4. Comer devagar e praticar a atenção plena (mindfulness eating)
Aprender a estar no momento presente. Aprender a desfrutar da refeição, sem distrações. Olhar para o prato, para os diferentes alimentos, cores, formas. Comer com consciência e atenção, mastigando bem os alimentos, sentindo os seus sabores, texturas. Saborear os alimentos e estar atenta/o aos sinais da saciedade. Devemos comer até estarmos 80% satisfeitos.
O peso não é apenas resultado do que comemos, mas, principalmente, o resultado da forma como lidamos com as nossas emoções.
Esta é uma frase que digo muitas vezes. Para se libertar da culpa e da ansiedade, trabalhe a sua mente (focada em soluções, no positivismo, otimismo, na aceitação), trabalhe as suas emoções (sinta-as, aprenda a lição que lhe querem dar e liberte-as) e viva o momento presente, com amor, gentileza e compaixão.
Tal como Buda diz a escolha deve ser “o caminho do meio”.