A jovem bilionária Sara Blakely, uma empreendedora de sucesso, descreveu que uma das coisas mais transformadoras e inspiradoras que o pai dela fazia todos os dias ao jantar era perguntar: “Então, conta-me como falhaste hoje?”. A pergunta não pretendia desmoralizar, mas, sim, inspirar os filhos a explorarem os seus limites e a sentirem-se confortáveis em experimentar algo novo e difícil. O que o pai da Sara estava a fazer era ajudar a filha a trocar um “mindset fixo” por um “mindset de crescimento” – enfrentar o desconforto para se abrir a novas possibilidades e tornar o erro algo a abraçar, e não a esconder.
Culturalmente, queremos fugir do erro, e existem várias razões para isso.
Nas escolas contam-se os erros sempre apontados a vermelho. Além disso, o ser humano organiza a informação dando mais destaque ao erro, como olhamos intensamente para uma nódoa minúscula na camisola ou como o acontecimento apenas de uma coisa má engole tudo o que aconteceu de bom num dia que foi maravilhoso. Este mindset na pré-história salvou-nos a vida. Agora limita o nosso crescimento e saúde mental.
A tua abordagem ao erro define o mindset com que vais ver a vida: fixo ou de crescimento.
O mindset fixo foca tudo no resultado e identifica-se totalmente com a opinião externa. Acha que a inteligência ou o talento nascem consigo, foge de situações onde pode ser avaliado e desmascarado, não arrisca, não improvisa, é pouco flexível.
Quem tem um mindset de crescimento vê os erros como degraus, oportunidades para evoluir. Sabe que no erro, está a solução. Não se identifica com os resultados, entusiasma-se com os processos e com o sucesso dos outros. Tem muita agilidade e flexibilidade emocional, está sempre a procurar soluções, abraça um desafio e procura crescimento ao longo de toda a sua vida.
Imagino que, neste momento, já deves ter percebido que a vida não é fixa. É imprevisível, espontânea, surpreendente… Para navegá-la precisamos de flexibilidade, coragem, curiosidade, presença, autoconhecimento, e de uma voz interior que nos apoia. Errar com consciência liberta-nos do perfeccionismo, das expectativas que temos de nós e do peso das expectativas dos outros. Errar leva-nos ao caminho certo, onde podemos largar tudo o que não somos, e sermos autenticamente nós.
Para te ajudar a encontrar esse caminho, deixo-te oito dicas para explorares com o(s) teu(s) filho(s).
8 Dicas para ajudares o teu filho a errar positivamente:
- Mostra-lhe histórias de pessoas notáveis que erraram, falharam até atingirem o sucesso;
- Sublinha coisas que ele não conseguia fazer, que tinha resistência ou receio, mas treinando conseguiu, como, por exemplo, aprender a andar;
- Não fazer comparações com outras pessoas (Nem com os irmãos!);
- Foca sempre e reconhece o processo, não apenas o resultado final;
- Larga as expectativas e dá a mão à criança onde ela está, não onde achas que devia estar;
- Motiva-a a aprender coisas novas para ginasticar o seu cérebro e lidar com diferentes desafios;
- Ajuda a criança a ter compaixão e gentileza por si quando está a aprender. Repara no que diz a sua voz interior (e a tua) e muda-a de uma voz crítica para uma voz fã, que a apoia;
- Nota como tu lidas com desafios, dificuldades e erros. Lê e aplica estas dicas, gentilmente, para ti.
O teu exemplo é a melhor dica de todas.
Entusiasma-te com as curvas da vida. Errar pode ser a coisa mais certa que te vai acontecer. E ao teu filho também.