O mês de Agosto de 2022 ficou assinalado na história da Serra da Estrela pelas terríveis marcas que o fogo, que lavrou durante 11 impiedosos dias, deixou neste território classificado como Geopark Mundial da Unesco.
Para além da sua geologia, também a sua biodiversidade e cultura fazem parte desta classificação, que foi atribuída há dois anos e que abrange mais de 2200 quilómetros quadrados e inclui 146 geosítios, que lhe dão a classificação de Património da Humanidade.
Até 30 de Agosto de 2023, a região do Parque Natural da Serra da Estrela estará em situação de calamidade, prevista na Lei de Bases da Protecção Civil, em consequência dos danos causados pelos incêndios florestais.
No total, a área percorrida pelo incêndio corresponde a 33% de floresta, 20% de matos e pastagens, 16% era de área com utilização agrícola e 9% tinha uma utilização urbana. Agora é altura de inventariar os danos e prejuízos provocados pelas chamas na região, que afectaram os concelhos de Belmonte, Celorico da Beira, Covilhã, Gouveia, Guarda e Manteigas.
A ferida deixada no Parque Natural da Serra da Estrela e nas suas gentes é profunda. O tempo não apagará a gravidade do que ali foi vivido e respetivas consequências.
Muitas famílias perderam o seu sustento, o seu negócio, os seus bens. Começar do zero é o que lhes resta. Para termos uma noção da dimensão desta tragédia, a revitalização do Parque estará concluída em 2032.
Só daqui a 10 anos conseguiremos recuperar dos efeitos destes múltiplos incêndios.
A responsabilidade do que aconteceu, espero que seja apurada. A culpa não pode morrer solteira.
Como podemos ajudar?
Agora quero focar-me nas soluções e nas várias formas de todos podermos ajudar. Uma delas é o cartão “REFLORESTAR”, lançado pelo Estrela Geopark Mundial da Unesco. O primeiro objetivo é gerar receitas para as campanhas de reflorestação e estabilização do solo. Apoiar e contribuir para futuras ações de reflorestação que venham a ser coordenadas pelas autoridades locais. O segundo objetivo é, para além contribuirmos para a regeneração da paisagem da Estrela, usufruirmos de um conjunto de descontos nos mais diversos parceiros do Geopark.
E porque é que isso também é fundamental?
Porque as gentes da Serra precisam dos visitantes para viabilizar as suas atividades. Se todos deixarmos de visitar a Serra da Estrela, castigamo-la duas vezes. Uma com o fogo, outra com o esquecimento. O objetivo do cartão “REFLORESTAR” é, por isso, alavancar também a economia local, através de descontos diretos na rede de parceiros do Estrela Geopark. Descontos em alojamentos, animação turística, centro de interpretação/museu, produtos locais, restauração e serviços, em Seia, Manteigas, Oliveira do hospital, Covilhã, Fornos de Algodres, Celorico da Beira, Guarda, Gouveia e Belmonte.
O cartão “REFLORESTAR” custa 10€ e é adquirido através do mail: info@geoparkestrela.pt. Enviam um mail a manifestar a vossa vontade de o adquirir, como eu já fiz, fazem o pagamento por transferência bancária (IBAN PT50 0018 0003 4241 9028 0208 2) e enviam o comprovativo da transferência. Recebem o cartão no e-mail no prazo máximo de 5 dias.
Quando vos for oportuno, programem uma ida à Serra da Estrela.
Levem os amigos, a família. Para que todos sintam a urgência de ajudar. Para que a memória não se apague. Para que todos percebam que cada vez que mal tratamos a natureza, morremos um pouco.
Nota: Fotografia destaque por Verónica Silva / Fotografias por Beatriz Lopes