Calor: os perigos escondidos para cães e gatos

Luís Cruz // Julho 6, 2019
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Com a chegada dos dias longos e quentes, podemos gozar, nós e os nossos cães e gatos, todo o esplendor da natureza.

Entretanto será de esperar que os nossos animais tenham um comportamento diferente.

Porque motivo os cães e os gatos alteram comportamentos durante o Verão?

Gatos e cães não possuem glândulas sudoríparas (produtoras de suor) com função termo-reguladora, isto é, as poucas glândulas desta natureza que possuem na pele têm função diferente e não se destinam a produzir suor para perder calor por convecção e evaporação, como no caso dos seres humanos.

Os gatos e o calor

Os gatos tendem a ser ainda mais reservados a grandes correrias e fazem diariamente grandes sonecas, chegando a dormitar 16 a 18 horas. A preguiça felina é encantadora de observar e representa para muitos um ideal de vida.

Como comportamento, mantêm o corpo junto ao chão e abrem os membros, colando a face ventral do ventre e do tórax ao pavimento fresco para dispersar o calor. Em caso de calor extremo mantêm-se imóveis e podem mesmo arfar com a boca aberta.

O gatos apresentam um sério risco de quedas em altura a partir de janelas e varandas abertas. De facto, é, infelizmente, comum que em semanas quentes caiam dezenas de gatos quando os seus tutores abrem as janelas para ventilar a casa. Apesar de estar descrita a sobrevivência de um gato que caiu do 27. andar apresentando uma lesão de pneumotórax ligeiro, as lesões ortopédicas e dos tecidos moles, incluindo pancreatite traumática são muito comuns mesmo a partir do 1.º andar, crescentes pelo menos até ao 9.º andar e sempre geradoras de sofrimento, morte e avultadas despesas de tratamento.

Os cães e o calor

Os cães, pelo seu modo de vida mais activo e próximo do exterior, estão durante a estação estival mais próximos de perigos como as praganas (ervas daninhas em forma de “setas”), exposição às queimaduras solares, queimaduras nas almofadas plantares por piso quente e golpes de calor.

Devemos evitar as zonas de ervas daninhas secas com forma de espiga que se desfazem em pequenas setas, aquelas que usávamos na nossa infância para atirar às camisolas uns dos outros para saber quantas namoradas ou namorados tínhamos. Estas ervinhas simpáticas entram no nariz, ouvidos, prepúcio, vulva e mesmo na pele, sobretudo entre os dedos. Temos experiência de casos que migram para o pulmão e exigiram cirurgia torácica para lobectomia pulmonar por abcessos, mas na forma mais comum exigem a remoção por rinoscopia (endoscopia do nariz) ou videotoscopia (endoscopia dos ouvidos). O melhor, por isso, é permanecer longe das ervas. Nem sempre é fácil fazê-lo, pois os passeios públicos têm ervas destas e os passeios no campo são sempre um prazer nestas alturas.

As queimaduras solares e nas almofadas evitam-se estando com atenção à exposição solar e à temperatura dos passeios e alcatrão.

Já o golpe de calor exige medidas preventivas de hidratação e conservação à sombra e ao abrigo do calor. Os cães não possuem glândulas sudoríparas para perder calor e como tal só perdem calor por hiperventilação (arfar com boca aberta), e por convecção e evaporação da saliva na mucosa oral. Quando expostos a calor a partir dos 35ºC começam a aquecer com facilidade e não conseguem perder calor, sobretudo se estão ao sol, dentro de um espaço fechado como um automóvel ou se existem humidade elevada. 

O golpe de calor grave é mortal pois os órgãos internos sofrem um processo de lesão térmica com perda de função e dificuldade respiratória, insuficiência renal e alterações neurológicas e sanguíneas. São especialmente sensíveis os animais com focinho curto como os Pugs e Bulldogues e ainda animais idosos e ou com problemas respiratórios e cardíacos.

Animais que requerem uma especial atenção

Os gatos e cães com pelagem branca pedem cuidados adicionais pois nas zonas glabras (sem pêlos) facilmente desenvolvem feridas de queimadura solar. Se repetidas, estas feridas podem evoluir para cancro maligno. Podemos e devemos proteger os animais com medidas apropriadas que devem ser discutidas com o médico veterinário.

A importância da desparasitação nos meses quentes

Finalmente, podemos dizer que durante a Primavera e o Verão, os nossos animais estão mais expostos a perigos de parasitoses por parasitas externos como as pulgas e carraças. Na época quente, uma pulga fêmea de cão ou gato (ambas as espécies podem infestar cães e gatos) pode colocar centenas de ovos que em cerca de 15 dias originam pulgas adultas. 

As pulgas adultas não saem do corpo do gato ou do cão a não ser que sejam perseguidas, em caso de perda de temperatura ou ataque com medicamentos. Deste modo podemos dizer que se tivermos um cão ou gatos estamos, relativamente, protegidos de picadas da pulga do gato e do cão.

O principal problema prende-se quando existe colonização das nossas casas pelos ovos que caem da pelagem dos animais infestados. Estes ovos, microscópicos e às centenas, colonizam colchas, sofás, carpetes e tapetes que se tornam em autênticas estufas de cultivo de pulgas.

É preciso, por isso, dizer que precisamos amar e gozar o bom tempo e o sol com prazer, mas com toda a moderação e cuidado, tendo atenção aos nossos artistas.

Que todos desfrutem a vida ao sabor da Primavera e do Verão!

Nota: Fotografia destaque por Verónica Silva

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