As crianças têm direito a brincar

Eduardo Sá // Fevereiro 20, 2023
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As crianças têm direito a
As crianças têm direito a

As crianças têm direito a brincar todos os dias: na escola, entre as aulas e ao longo delas (sempre que o professor for capaz de pôr “brincar” a rimar com “aprender”). Em casa e ao ar livre. Sob o olhar discreto dos seus pais. Brincar só ao fim de semana não é brincar: é pôr uma agenda no lugar do coração.

As crianças têm direito a exigir o brincar como o principal de todos os deveres. 

As crianças têm direito a defender a primazia do brincar sobre todas as tarefas. A fórmula “primeiro fazes os deveres e depois brincas”, tão do agrado dos pais, é proibida! Só depois de brincar vem o trabalho.

As crianças têm direito a unir brincar com aprender. 

Brincar é o “aparelho digestivo” do pensamento. Liga o que se sente com aquilo que se aprende. Quem não brinca imita, falseia ou finge. Mas zanga-se, sem redenção, com o aprender!

As crianças têm direito a não saber brincar. 

Brincar é uma sabedoria que nunca se detém: inventa-se, descobre-se, deslinda-se ou desvenda-se. Brincar é confiar: no desconhecido, no que se brinca e com quem se brinca. Crianças sossegadinhas são brinquedos à espera dos pais para brincar.

As crianças têm direito a descobrir que os melhores brinquedos são os pais. 

Apesar disso, têm direito a requisitar tudo o que entendam para brincar. Têm direito a brincar com as almofadas, com caixas de cartão, com os dedos e com o que entendam, por mais que não sejam objectos convencionados para brincar. Tudo aquilo que não serve para brincar não presta para descobrir e com brinquedos de mais brinca-se de menos.

As crianças têm direito a desarrumar todos os brinquedos (e a arrumá-los, de seguida, com um toque…pessoal). 

Têm direito a desmanchar os que forem mais misteriosos, os mais rezingões ou, até, os divertidos. Quando brincam, têm direito a ter a vista na ponta dos dedos, a cheirar, a sentir, a falar, a rir ou a chorar. Não há, por isso, brinquedos maus! A não ser aqueles que servem para afastar as pessoas com quem se pode brincar.

As crianças têm direito a brincar para sempre. 

A Infância nunca morre: apenas adormece. E quem, crescimento fora, se desencontra do brincar não perceberá, jamais, que não há crianças se não houver brincar.

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