As creches já abriram. E agora?

Hugo Rodrigues // Junho 1, 2020
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O reabrir das creches e dos jardins de infância levanta muitas questões a todos os pais, pelo que importa tentar esclarecer alguns pontos que me parecem importantes.

Quais os riscos associados ao regresso das crianças às creches e jardins-de-infância?

– Risco para as crianças 

A infecção pelo coronavírus é nova para todos nós e estamos a aprender diariamente com a informação que vai surgindo. De qualquer forma, há dados que têm sido consistentes em todos os países ao longo deste tempo, sendo que um deles é o facto deste vírus ser naturalmente “inofensivo” para as crianças, causando quase sempre doença ligeira e sem complicações. Assim, com base neste conhecimento podemos encarar esta abertura das creches e jardins como algo que não comporta um risco significativo para as crianças, desde que sejam saudáveis, pelo que os pais podem ficar tranquilos em relação aos seus filhos. 

– Risco para os conviventes

Em relação aos conviventes, o cenário já é um pouco diferente. Os grupos de risco para esta infecção são as pessoas de maior idade e/ou com doenças crónicas pelo que se deve continuar a limitar o contacto, principalmente se as crianças se começarem a expor a ambientes onde a probabilidade de contágio é mais elevada. 

Risco para os profissionais

O princípio em relação aos profissionais de educação deve ser semelhante ao explicado atrás para os conviventes das crianças. Deve-se salvaguardar que as pessoas que pertençam aos grupos de risco devem ser “poupadas” e tentar minimizar a sua exposição. Para além disso, nunca é demais reforçar a necessidade de adoptar as medidas correctas de diminuição da propagação do vírus, porque essas são as verdadeiramente importantes.

Como gerir todos os riscos do regresso às creches e jardins-de-infância?

Posto isto, convém perceber de que forma é que conseguimos gerir todos estes riscos sem comprometer o “conforto” emocional das crianças, que deve também ser uma prioridade, a par da segurança de todos. Sendo assim, aqui ficam alguns conselhos que me parecem importantes:

  • As medidas de prevenção da infecção pelo coronavírus devem continuar a ser reforçadas – De entre todas as medidas, as que me parecem mais importantes são a lavagem adequada e frequente das mãos, a ventilação dos espaços e a desinfecção frequente das superfícies. Para além disso, está também recomendado diminuir o número de crianças por sala, reduzir os contactos do exterior, impedir que se levem brinquedos de casa para a escola e evitar os brinquedos que não sejam facilmente laváveis, o que me parece sensato;
  • Crianças doentes não devem ir à escola – Se em condições normais esta deveria ser já uma regra, nesta altura, dado este contexto, é algo que deve ser seguido de forma rigorosa;
  • As crianças pequenas necessitam de contacto físico para se sentirem seguras – Esta é uma necessidade básica, que tem que continuar a ser garantida por todos os que lidam com elas. Apesar de sabermos que o distanciamento social é uma medida importante na prevenção da propagação do vírus, neste contexto em particular a prioridade têm que ser as outras medidas de prevenção e não esta. É tão importante a segurança física das crianças como a sua segurança emocional!
  • Acreditar que as crianças não vão partilhar brinquedos é uma utopia – As crianças pequenas partilham naturalmente os brinquedos e a comida, pelo que me parece uma ilusão acreditar que isso não vai acontecer. Faz sentido tentar esse comportamento, principalmente em relação à comida, mas também não me parece que deva ser uma “obsessão”, porque é algo que não poderá ser evitado completamente.

Em jeito de conclusão, gostaria apenas de reforçar a ideia de que, para as crianças, o risco desta infecção é mesmo muito baixo, o que deve tranquilizar os pais. O grande objectivo é, e deve continuar a ser, proteger os grupos de risco, que são as pessoas de mais idade e/ou com doenças crónicas.

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