O próximo ano letivo inicia-se entre 14 e 17 de setembro, o que para a maioria dos alunos significa o regresso à escola após cerca de 6 meses em casa. É por isso um regresso desejado por muitos estudantes, mas também temido por outros. Se para alguns alunos o período de confinamento foi visto como negativo, sobretudo pelo afastamento do grupo de pares, para outros foi sentido como alívio. Mas, o que esperar deste ano letivo?
Todos reconhecem o impacto negativo do período de confinamento nas crianças e jovens, nomeadamente em termos de saúde mental, das aprendizagens, do relacionamento interpessoal e da redução da atividade física.
O regresso é também desejado pelos pais, que precisam de ter os filhos novamente envolvidos nas suas rotinas escolares, para eles próprios poderem estar mais disponíveis para desempenhar a sua atividade profissional.
Nas próximas semanas as aulas iniciam-se de forma presencial em todo o País.
Numa primeira fase será feito um levantamento das dificuldades para que seja aplicado o plano de recuperação e consolidação das aprendizagens. As orientações por parte do Ministério da Educação privilegiam ainda o bem-estar sócio-emocional no período de regresso à escola.
São muitas as novas regras a implementar nas escolas e algumas destas têm gerado alguma preocupação por partes dos pais:
- “Como é que será o período de adaptação do meu filho à (nova) escola?
- “Qual o novo horário escolar?”
- “A escola tem condições para assegurar as medidas de segurança e higiene recomendadas pela Direcção Geral de Saúde (DGS)?”
- “Em que situações é que o aluno é enviado para casa e por quanto tempo?”
Consoante a evolução da situação pandémica, o Ministério da Educação preparou as normas para a transição para o ensino misto (presencial e à distância) ou em último recurso o ensino à distância, mas apenas para alunos a partir do 3.º ciclo. Desta forma, e pela menor autonomia dos alunos mais novos, evita-se o recurso a medidas mais restritivas e com impacto mais prejudicial nas suas aprendizagens.
9 Dicas para ajudar as crianças no regresso às aulas:
Para lidar com o regresso às aulas após o período de confinamento deixo algumas sugestões para os pais ajudarem os seus filhos a lidar com a (re)adaptação à escola:
- Usar os espaços exteriores da escola para a adaptação dos alunos mais novos ou em mudança de ciclo, sobretudo na creche e no pré-escolar, nos primeiros dias de escola;
- Nos dias que antecedem o regresso à escola procurar voltar gradualmente às rotinas, privilegiando a higiene de sono. No caso dos jovens, estes devem procurar antecipar a ida para a cama em 15 minutos cada dia, até chegarem à hora adequada e que garanta um sono reparador;
- Evitar transmitir a sua própria ansiedade. É natural que tenha ainda muitas dúvidas em relação à organização e ao novo funcionamento das escolas. Procure esclarecer essas dúvidas atempadamente, para que depois consiga transmitir segurança ao seu filho em como estão reunidas as condições para que as aulas decorram com tranquilidade;
- Manter um diálogo aberto com o seu filho sobre o que ele pode encontrar no regresso à escola. Rever as regras de higiene (por exemplo: uso de máscara, lavagem frequente das mãos e etiqueta respiratória) e ainda preparar a crianças para as novas regras de funcionamento, como, por exemplo, o uso de batas ou uniformes, as regras de circulação dentro da escola, os intervalos reduzidos, as turmas “bolha” e o distanciamento social;
- Conversar de forma clara, objetiva e serena sobre o coronavírus e o papel que as crianças podem desempenhar para se manterem seguras. Antecipar que tanto elas como os pais podem apresentar sintomas e que estes são muito semelhantes aos de uma gripe. É importante explicar que devem sempre informar os pais quando não se sentem bem ou quando estão preocupadas com o vírus;
- Pode realizar uma atividade junto dos seus filhos mais pequenos para aferir quais são as suas expetativas e sentimentos em relação à escola: “Estou desejoso de …. (por exemplo: voltar a ver os meus amigos; voltar a ter a minha disciplina favorita)”; “Estou preocupado …. (por exemplo: pois vou ficar afastado dos meus pais; por não poder brincar com alguns amigos de outras turmas; de apanhar o vírus)”; “O que posso fazer para me sentir melhor… (por exemplo: falar com o professor ou um amigo sobre como me estou a sentir; como posso manter contacto com os amigos de outras turmas; perceber quais as medidas que a escola adotou para que me possa sentir mais seguro)”;
- Em alguns casos pode ser necessário “puxar” este assunto com os jovens mais introvertidos e, por outro lado, pode ser necessário “travar” aqueles que não falam de mais nenhum assunto para além deste;
- Ser empático e procurar validar as frustrações que os seus filhos estão a experienciar nesta fase. É importante deixá-los expressar os sentimentos negativos, como a zanga e a tristeza, para que possam lidar com a situação. Procurar depois ajudá-los a encontrar soluções positivas para as quais focarem a sua atenção;
- Estar atento aos sinais de mau estar emocional. Explicar à criança e ao jovem que é natural que este se sinta por vezes sobre pressão, frustrado ou com dificuldades em se reajustar a tantas mudanças. Se verificar sinais persistentes de ansiedade e depressão considere procurar apoio psicológico.