Quando temos filhos menores, o fim do ano lectivo traz sempre a mesma preocupação. E agora, como vão ocupar o tempo?
Não queremos que passem os dias fechados em casa, agarrados às consolas ou ao computador. Mas, até certa idade, também não tem ainda maturidade nem responsabilidade para saírem sozinhos ou com os amigos.
Temos de ser nós a garantir actividades que lhes ocupem o tempo.
Se vivemos na cidade e temos família que os pode receber no campo, esta é uma boa solução. É uma oportunidade para colocarem as mãos na terra, terem contacto com a natureza, participarem em actividades que não conhecem e estarem com pessoas que têm hábitos diferentes. Isso é muito positivo. Infelizmente nem todos têm essa possibilidade.
Às vezes os avós já não existem ou já não têm capacidade de cuidar dos netos, o que é uma pena, porque os avós deveriam poder continuar a participar na educação e no dia a dia dos nossos filhos. Quando estas soluções não existem, há que procurar programas de actividades que os nossos filhos gostem e onde existam vagas.
Mais um desafio para nós.
As escolhas são quase sempre muito limitadas e os preços nem sempre acessíveis. O que acho que faria bem a muitos miúdos da cidade, que é o exemplo que me é mais próximo, é poderem participar em coisas que estão completamente fora dos seus hábitos e até interesses. Mais. Coisas que os possam vir a apaixonar e ajudar a descobrir o que querem fazer na vida. Ou simplesmente conhecer e valorizar o trabalho dos outros, seja ele qual for.
Por exemplo, aprenderem a cultivar e a tratar a terra. Não é um faz de conta, em que as crianças vão apanhar fruta ou regar, mas, sim, terem a possibilidade de passar por várias etapas para que valorizem o processo e percebam que tudo é importante para chegar a um determinado resultado. Ou para os miúdos que adoram carros, uns dias numa oficina a arrumar pequenas peças, ou a participar numa actividade segura qualquer, onde eles vejam o trabalho feito por mecânicos, por exemplo, e participem em tarefas simples.
Outra coisa que os miúdos normalmente gostam, é poderem participar na limpeza das matas e praias. Eu iria mais longe, levando-os a visitarem também um local onde esse lixo é reciclado. Não cheira bem, mas ensina muito e, se queremos que as próximas gerações tenham verdadeiro respeito pelo ambiente, temos de lhes mostrar a realidade.
Outra tarefa gira para os miúdos a partir dos 12 anos, é poderem fazer uma semana com crianças mais pequeninas, a ajudar as auxiliares e educadoras, na tarefa de brincar com eles e até participar na ajuda que precisam à hora da refeição. Os mais pequenos adoram ter a companhia dos mais velhos e para estes é uma oportunidade para serem valorizados, o que para algumas crianças pode ser muito positivo.
No outro dia ouvi uma menina de 13 anos, fascinada por cabelos, dizer à mãe que nas férias gostava de ir uns dias para um cabeleireiro ajudar. Porque não? Há pequenas tarefas que pode fazer e se tem vontade, provavelmente desfrutará delas.
São experiências que podem enriquecer os nossos filhos e diverti-los.
São oportunidades de interagir com outras pessoas, o que os ajuda a desenvolver novas competências sociais. Vivem alguma coisa de diferente, o que não acontece se ficarem em casa a ver simplesmente o tempo a passar.
Nota: Fotografia por Verónica Silva