Em menos de um ano Portugal sagrou-se Campeão da Europa de Futebol sénior e vencedor da Eurovisão e, entre estes dois feitos, muitos outros Portugueses lutaram para sair do anonimato e assumir, pelo menos um “top five” numa série de outras modalidades desportivas ou áreas, como é o caso do panorama internacional da ciência.
Na realidade, “lutaram” para se destacar entre pares mas, muito possivelmente, também para se assumir num contexto que se manifesta, demasiadas vezes, hostil e adverso.
Num rasgo rápido poderíamos imaginar que se estaria a falar da conjetura internacional… mas, de facto, estou a pensar apenas na Sociedade Portuguesa.
De facto, para se conquistar o respeito dos Portugueses, muito frequentemente precisa-se conquistar o respeito da Europa e do Mundo em primeira instância para, posteriormente, se recolher o “beneficio da dúvida” e/ou o respeito interno.
Esta “herança” que todos recebemos (mas, felizmente, nem todos atuamos…) de nos relacionarmos com o Mundo, e com os outros, através da crítica destrutiva, em nada nos ajuda e só nos enfraquece como INDÍVIDUOS e nação.
No decorrer do Campeonato da Europa de Futebol, a nossa Seleção, Treinadores e Atletas percorreram o já “tradicional calvário de Bestas a Bestiais”, receberam os mais variados “nomes” e, felizmente, serenos e focados no seu processo, lá seguiram retirando a energia de quem os apoiava e não considerando quem, continuamente, sempre os atacou.
E, focados no seu processo, lá ganharam.
O “calvário” de Salvador e Luísa Sobral em nada foi diferente – same-same!… da roupa, ao cabelo, à linguagem não verbal e até ao uso da doença como “estratégia de marketing”… julgo que se ouviu todo um rol de disparates.
E, uma vez mais, focados no seu processo, lá ganharam.
Por certo que, face a esta reflexão, muitos irão, ainda assim, questionar as qualidades desportivas ou artísticas dos exemplos em causa e, por certo com toda a legitimidade (a realidade, tem sempre múltiplas leituras válidas… para ficarmos todos “felizes”) mas, esse não é de facto o meu papel.
Na realidade, gostaria de me focar no: focados no seu processo, lá ganharam.
E esta, é ainda uma APRENDIZAGEM que nos OFERECEM!
De facto, quando nos “perdemos nos Outros”, quando nos descentramos, quando escolhemos ser OBSERVADORES e não FORÇAS ATIVAS da Vida que nos rodeia… nada acontece.
Quando caímos no “engodo” de analisar o “possível” erro do outro estamos, simultaneamente a perder minutos, horas, meses… uma Vida de investimento em nós próprios.
Quando nos envolvemos em profundas teorias acerca da natureza humana, numa espécie de “como deveria ser”… estamos a ESCOLHER NÃO PARTICIPAR e, desta forma, a fugir do confronto com a nossa própria imensa capacidade de ERRAR… enfim, a fugir daquilo que nos torna únicos – a nossa Humanidade.
Temos, sem dúvida, um GIGANTE DESAFIO como indivíduos e como nação:
Seguir o exemplo de quem faz, de quem arrisca, errar, errar e errar e, acima de tudo sabermos ser tolerantes e cooperantes com o erro (meu e do outro)…
Há que OLHAR o ERRO como DESAFIO de SUPERAÇÃO e não como fonte de medo e humilhação (que, de resto, é o que andamos todos a “treinar”!).
Afinal, se com tanta RESISTÊNCIA INTERNA, se consegue CONCRETIZAR TANTO… Qual seria o nosso HORIZONTE, se a ESCOLHA fosse de PRO-AGIR e, solidariamente, DEFENDER QUEM se ARRISCA por NÓS?
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